Manobras radicais, desvio de obstáculos e velocidade: o skate ganhou o estilo de jovens desde a sua origem, em 1920, por influência norte-americana. Entretanto, o Comitê Olímpico do Brasil descreve que só após um século entrou no programa olímpico, em Tóquio 2020. Na mesma intensidade, a desvalorização do esporte popular não alavanca o destaque, com escassos pontos de treinos em Mato Grosso do Sul.

Para se ter uma ideia, Campo Grande, a Capital, teria mais pontos de treinamento e competições do que no interior do Estado. Sendo assim, apenas quatro pistas são conhecidas: Horto Florestal, Coophavila II, Parque das Nações Indígenas e Orla Morena. Mesmo que o local não seja determinante para mostrar o talento de um skatista, ainda é uma preponderância.

Destes pontos públicos citados, há responsabilidade Governo do Estado e da Funesp (Fundação Municipal de Esportes). No ano passado, o Jornal Midiamax havia publicado um material sobre a manutenção das pistas de skate. Na época, a Funesp havia informado que a Sisep (Secretaria Municipal de Serviços Urbanos e Infraestrutura) estava com andamento de processo licitatório para reforma da pista de skate do Parque do Sóter. Quase um ano depois, nada mudou de figura.

“A Fundação Municipal de Esportes informa que o processo licitatório para a reforma da pista de skate do Parque do Sóter resultou em deserto, o que exigiu uma revisão do projeto. Além disso, é importante mencionar que a Funesp estuda ativamente a ampliação de novos locais para a prática do esporte olímpico do skate, visando atender às demandas e interesses da comunidade”, disse.

No papel

A Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) continua as más notícias para os atletas da categoria. A tão sonhada pista moderna de skate da Moreninha III ainda não saiu do papel. O detalhe é que a iniciativa foi lançada há três anos. Em novembro de 2023, houve uma esperança de avanço, já que o Estado divulgou o projeto, com a construção orçada em R$ 1 milhão.

“A Agesul finalizou o projeto e está abrindo processo de licitação da obra, com as adequações necessárias a nova lei de licitações”.

Sobre a pista do Parque das Nações, a pasta diz que tem projeto pronto e aguarda autorização do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) para executar a obra.

‘Só resta uma estrutura adequada’

João Nantes pratica o esporte há 13 anos e passou a lecionar a modalidade há três anos. Ele acredita que o skate crescia antes mesmo das olimpíadas, mas os atletas olímpicos “abriram caminhos” de visibilidade, principalmente de crianças e adolescentes.

“Infelizmente, há uma falta de estrutura adequada para a prática da modalidade, não que isso nos impeça de andar, mas comparado a outros estados, a estrutura que temos aqui acaba sendo bem inferior. Hoje temos grandes nomes do skate aqui na cidade, o primeiro é o skatista Pedro Henrique Iti que é skatista profissional e o outro é o Eduardo Neves que compõe a seleção brasileira de skate. O Eduardo precisou ter uma vida divida em ter que ir morar em Curitiba com os avós para treinar nos campeonatos nacionais e mundiais, pois a estrutura que temos aqui ainda não consegue manter um atleta de alto nível, muito menos trazer grandes eventos”, lamenta.

O professor da modalidade continua e afirma que a cidade tem condições de sediar grandes campeonatos de renome, mas falta estrutura conveniente, como tirar os sonhados trechos de treino do papel.

“Esse feito ajudará não apenas quem está começando na modalidade, mas quanto para aqueles que estão em busca do sonho olímpico, ajudará principalmente a fomentar mais o esporte, a cultura e a visita na cidade”.

Promoção de cultura

“Por exemplo, já pensou se o Estado descobre que a Rayssa Leal virá para Campo Grande participar de um campeonato nacional? Isso iria parar a cidade! Pessoas de outras cidades do MS viriam para Campo Grande só para prestigiar esse evento. Além de toda essa fomentação, que atrairia olhares para o nosso estado, incentivaria no turismo e no consumo, fora que deixaria o Estado em outro patamar relacionado a cultura. Campo Grande tem espaço para isso, recebemos muitas ideias e propostas, mas nenhuma relevante ao ponto de transformar o cenário do skate”.

skate orla
Ferrugem, concreto quebrado e pintura desgastada na pista da Orla (Henrique Arakaki, Midiamax)

Dia do Skate

O Dia do Skate é comemorado nesta sexta-feira (21). O presidente da ASMS (Associação de Skate de Mato Grosso do Sul), Reynardt Peralta, diz que o momento é de visibilidade diante do momento pré-olímpico, o que reflete no crescimento de mais adeptos e fãs, até para o mercado de venda skates.

“Os adeptos estão vindo muito naquele ‘efeito de fadinha’, que é muita criança. Então, cada vez mais está tendo escolinha de skate, projetos sociais. A gente está com uma parceria muito legal com a Fundesporte, vamos criar uma escola de skate para criançada de graça. Ou seja, vai ter uma acessibilidade bem legal naquele espaço do Riachuelo, é um espaço novo da fundação que abriu as portas para a gente, um espaço coberto, então esse é um ponto bacana de se comemorar”.

Em comemoração ao esporte e pelo evento em Cuiabá, a associação está promovendo de 8 a 14 de junho atividades relacionadas ao esporte, além de ações sociais em escolas e bairros. No dia 13 e 14, o encerramento será o Parque das Nações, com festival de música, cultura e competição.

“A gente tem muito para comemorar, está para sair algumas coisas muito boas. Vamos anunciar a criação da federação de Skate no MS, que via trazer outro patamar, vinculada a Confederação Brasileia. Dará essa oportunidade para começar a criar os eventos aqui no Estado para essa galera não ter que ir para Cuiabá, por exemplo, para participar da seletiva do brasileiro. E sim, a partir do ano que vem a gente vai ter essas seletivas no Mato Grosso do Sul, o pessoal vai ter mais chance”, finaliza.

Brasileirão de skate

Ao todo, 26 skatistas de 6 cidades diferentes do Estado se inscreveram na seletiva da Fundesporte e ASMS e receberam transporte gratuito de ônibus para a etapa estadual de skate street em Cuiabá, no Mato Grosso, concorrendo a vagas no campeonato Brasileiro de Skate Street 2024.

Este ano, o circuito estadual acontece de 6 a 7 de julho, na capital do estado vizinho. As equipes sul-mato-grossenses vão participar na categoria feminino, iniciante, amador e master. Vão participar:

  • André Souza Lima Bernardino Leite, categoria amador, de Campo Grande;
  • Diogo Arlindo dos Santos de Oliveira, categoria amador, de Campo Grande;
  • Gabriel Messias do Amaral Escobar Colman, categoria amador, de Campo Grande;
  • Luis Henrique Souza de Carvalho, categoria amador, de Campo Grande;
  • Daniel José de Oliveira, categoria amador, de Campo Grande;
  • Edduarda Grego, categoria feminino 1, de Campo Grande;
  • Roberto Bruno Mendes Rodrigues, categoria amador, de Campo Grande;
  • Wenry Darlen Alves do Nascimento, categoria iniciante, de Campo Grande;
  • Arthur Gomes do Carmo, categoria amador, de Campo Grande;
  • Luan Carlos Coelho da Silva, categoria amador, de Campo Grande;
  • Luiz Fernando de Oliveira, categoria amador, de Paranaíba;
  • Jhonatan Souza Santos, categoria amador, de Costa Rica;
  • Rebeca Gomes de Souza, categoria feminino 1, de Campo Grande;
  • Hângresson Lucas, categoria amador, de Ivinhema;
  • Jhonatan Rafael Ferreira, categoria master, de Dourados.