Dia Nacional do Atleta Paralímpico celebra conquistas, mas aponta para novos desafios

Na última edição dos Jogos Paralímpicos, o Estado de Mato Grosso do Sul teve sete paratletas, além de atleta-guia e auxiliar-técnica

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Paracanoísta Débora Benevides falou sobre desafios e conquistas no paradesporto (Foto: CPB)

Neste domingo (22), comemora-se o Dia Nacional do Atleta Paralímpico, quando poderão ser homenageados sete atletas do Estado de Mato Grosso do Sul que participaram da última edição dos Jogos Paralímpicos, realizada em Paris em 2024.

Além destes, outros 270 atletas de todo o País confirmaram a melhor participação do paradesporto brasileiro de sua história, com a quinta colocação geral no quadro de medalhas.

Neste momento, o paradesporto nacional ainda colhe os resultados da excelente participação em Paris-2024, mas a realidade do cotidiano do paratleta nem sempre é coberta de glórias ou, ainda, recebe o devido investimento das iniciativas públicas e privadas.

Nesta data, a reportagem do Jornal Midiamax conversou com uma destas atletas sul-mato-grossenses que estiveram nos Jogos de Paris. A campo-grandense Debora Benevides competiu na paracanoagem e, apesar de não ter conquistado medalha, sua trajetória é inspiradora e cheia de lições sobre superação e determinação.

“Quando comecei, em 2010, a situação era muito complicada. Para viajar e competir, fazíamos rifas e vendíamos produtos para arrecadar fundos. As dificuldades eram reais e constantes”, relembra. Embora tenha notado um avanço no investimento em atletas paralímpicos nas últimas décadas, Debora reconhece que muitos ainda enfrentam barreiras, especialmente na base do esporte em sua cidade natal, Campo Grande.

Atualmente, os principais incentivos que Debora tem recebido incluem o programa Bolsa Atleta, do Governo de São Paulo e de seu clube em São Bernardo do Campo, que investe recursos para seu treinamento. “Além disso, o apoio da minha família e a paixão pelo esporte me motivam diariamente”, destaca. Ela se descobriu atleta quando, incentivada por sua escola, começou a praticar esportes e, com o tempo, encontrou sua verdadeira vocação na canoagem.

A rotina de Debora é intensa: ela treina cerca de seis horas por dia, divididas entre água e academia, de segunda a sábado. “É puxado, mas é assim que me preparo para competir em alto nível. Cada treino é uma oportunidade de melhorar e me aproximar dos meus objetivos”, afirma.

Com os Jogos de Los Angeles 2028 à vista, Debora está determinada a continuar seu ciclo de treinamentos. “Meu objetivo é sempre o mesmo: treinar com foco e determinação para representar bem o Brasil. Espero que, se eu não estiver lá, haja outras mulheres na canoagem que possam brilhar”, conclui.

A luta por mais apoio e visibilidade para os atletas paralímpicos continua e o cenário atual aponta para avanços. Entretanto, muitos desafios persistem, especialmente para os paratletas que residem fora do grandes centros. A busca por recursos e estrutura adequada deve ser uma prioridade para que mais talentos possam surgir e brilhar.

Douradense Paulo Andrade Reis conquistou sua primeira medalha em Jogos Paralímpicos (Foto: CPB)

Atletas de MS conquistaram cinco medalhas

Os atletas do Estado conquistaram cinco medalhas para o Brasil, colocando o País entre as cinco maiores potências mundiais dos Jogos Paralímpicos.

Yeltsin Jacques conquistou uma medalha de ouro e uma de bronze, nas provas dos 1.000 e 5.000 metros, respectivamente. Ainda no atletismo, Paulo Henrique dos Reis conquistou bronze no salto em distância. Além destes, Gabriela Mendonça terminou na sexta posição nos 100 metros rasos.

Na paracanoagem, Fernando Rufino, o ‘Cowboy de Aço’, conquistou novamente a medalha de ouro. A campo-grandense Debora Benevides também participou da final olímpica.

No judô, Érika Cheres Zoaga conquistou a medalha de prata. Já Kelly Victório chegou à disputa pelo bronze, mas acabou superada. Ambas foram treinadas pela técnica Anne Talitha Silva, convocada como auxiliar-técnica da delegação brasileira.

As sul-mato-grossenses Erika Zoaga (prata no judô) e Ane Talitha Silva (auxiliar-técnica da seleção) (Foto: CPB)

Mato Grosso do Sul possui Programa Bolsa Atleta

O Governo Estadual possui desde 2021 o Programa de Bolsa Atleta, que é uma bolsa-auxílio para atletas de diversas categorias, como estudantil, profissional, master e também o paralímpico.

É destinada aos atletas paralímpicos que tenham participado de competição esportiva em âmbito nacional, que atendam aos critérios fixados na Lei nº 5.615/2020 e em seu regulamento.

Os valores são de R$ 950 mensais para atletas paralímpicos e também são concedidas as chamadas bolsas ‘Pódio Complementar Paralímpico’ e ‘Internacional’ no valor de R$ 1.200. Estas são destinadas aos atletas de modalidades individuais e coletivas paralímpicas, vinculados ao Programa Bolsa-Atleta do órgão esportivo máximo da Administração Pública Federal.

E no último dia 17, o Governo do Mato Grosso do Sul homenageou os atletas paralímpicos do Estado, que foram destaques nos Jogos de Paris. O governador Eduardo Riedel recebeu alguns dos atletas paralímpicos e também paratletas estudantis.

Na ocasião, os atletas paralímpicos receberam um retrato personalizado, com imagem da participação deles nos Jogos de Paris. Aos deficientes visuais a peça foi feita em alto-relevo.

Yeltsin Jacques se firmou como um dos principais nomes do paradesporto nacional e segue residindo e treinando em Campo Grande (Foto: CPB)

Comitê promoveu Festival Paralímpico em Campo Grande

O esporte paralímpico segue movimentando a cidade de Campo Grande, com a realização do Festival Paralímpico, no sábado (21), no Centro Poliesportivo Mamede Assem José, localizado na Vila Almeida.

O evento é realizado pelo CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) de forma simultânea em todo o Brasil, tendo como público-alvo jovens de 7 a 20 anos que poderão vivenciar a prática do esporte paralímpico, com as modalidades de futebol para paralisados cerebrais, halterofilismo e tiro com arco.

O Festival teve parceria do Governo de Mato Grosso do Sul, por meio da Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer) e Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura).

A campo-grandense Kelly Vicotrio é uma das paratletas da nova geração (Foto: CPB)

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