A defesa do interventor Estevão Petrallas rebateu o argumento de que a falta de assinatura na ata de posse dos vice-presidentes da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) invalidaria a decisão da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

Para o advogado Rafael Meirelles, o argumento não tem relevância e fundamento jurídico. “A ata que estão falando é um documento em que todos os vice-presidentes tomaram posse. Nesse documento existe um adente justificando a impossibilidade do Estevão naquele momento estar presente na reunião da assinatura”, explica o profissional durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (28).

Segundo Meirelles, o documento foi homologado pelo então presidente Francisco Cezário e a posse foi efetivada. “O interventor hoje é legítimo para assumir suas funções completamente”, diz.

A defesa ainda alega que a CBF poderia escolher qualquer nome para colocar como interventor, não necessariamente apenas os vice-presidentes da federação.

“A CBF poderia nomear um interventor fora dos vice-presidente? Poderia. E escolheu o nome do Estevão. A legitimidade eu entendo é muito clara. Todos os passos foram seguidos rigorosamente conforme as legislações desportivas”, esclarece.

O TJD (Tribunal de Justiça Desportivo) ainda vai questionar a CBF sobre a nomeação de Petrallas após a prisão e afastamento de Francisco Cezário no dia 21 de maio.

Segundo o presidente da Justiça Desportiva em MS, Patrick Hernandes, o pedido de esclarecimento será enviado pelo Procurador-Geral do TJD, Adilson Viegas. O questionamento à CBF busca dar maior transparência à nomeação de Petrallas.

Rejeição de dirigentes

O ex-presidente do Operário Futebol Clube foi questionado na coletiva de imprensa nesta tarde sobre sua ida até a sede da CBF, no Rio de Janeiro, que inviabilizou sua participação na reunião dos clubes.

Segundo ele, teria sido ‘intimado’ pela CBF a comparecer na sede da entidade e apenas lá ficou sabendo que havia sido escolhido para ser o presidente interino.

“Eu fui intimado a vir e fazer o que eu fui intimado a fazer”, diz Petrallas sobre estar à frente da pelos 90 dias estipulados pela confederação.

Entretanto, grande parte dos presidentes do clubes de MS não receberam bem a nomeação de Petrallas e, inclusive, realizaram uma abaixo assinado enviado ao TJD-MS (Tribunal de Justiça Desportiva de Mato Grosso do Sul) contra a novo interventor.

Estevão, no entanto, afirma não entender a rejeição e pede união no momento. “Jamais pensei que eu seria indesejado por um grupo que eu sempre ajudei. Quero uma chance de credibilidade para trabalhar pelo futebol”, desabafa.

Times se uniram contra nomeação

Dirigentes dos times de Mato Grosso do Sul não receberam bem a nomeação de Estevão Petrallas, ex-presidente do Operário e vice-presidente da FFMS, como interventor da CBF na entidade.

Por isso, clubes se uniram e vão acionar o TJD (Tribunal de Justiça Desportivo) contra a decisão. Para os dirigentes, a nomeação do vice-presidente no lugar de Francisco Cezário – preso desde o dia 21 de maio na Operação Cartão Vermelho – não muda o status na federação, que para muitos, parou no tempo.

Aqueles que acompanham há anos o futebol sul-mato-grossense são os mesmos que tecem críticas ao sucateamento e falta de força da federação. O presidente da Portuguesa, Gilmar Ribeiro, defende a troca da diretoria. “A gente precisa de sangue novo para a Federação”, opina.

“Nós não compactuamos com o nome de Estevão Petrallas para ser interventor do futebol sul-mato-grossense pela CBF. Nós somos contra esse nome”, diz o presidente do Comercial, Claudio Barbosa.

Assinaram abaixo assinado comunicando que irão procurar os direitos pelo meio legais:

  • Dourados AC
  • Sete de Setembro
  • Esporte Clube Comercial
  • Ivinhema FC
  • OAC
  • São Gabriel EC
  • Cefac/Esquerdinha
  • Portuguesa
  • Novo Futebol Clube
  • MS Fênix
  • Náutico
  • Aquidauanense
  • Corumbaense
  • Coxim
  • Ponta Porã
  • Clube Esporte União

Nomeação de interventor

A nomeação do interventor pela CBF acontece quase uma semana após a prisão de Cezário. Estevão atualmente é presidente do Conselho Deliberativo do Operário e deve pedir afastamento por 90 dias para assumir a intervenção.

O nome de Estevão foi anunciado após o pedido de afastamento de Cezário das funções da Federação, nesta segunda-feira. A portaria da entidade máxima do futebol brasileiro foi publicada enquanto os clubes estavam em reunião para decidir os rumos da federação.

Aqueles que não gostaram do escolhido para assumir interinamente a FFMS ainda podem não acatar o nome da CBF na assembleia geral extraordinária, convocada pelos dirigentes para o dia 7 de junho.

Segundo o estatuto da CBF, os clubes filiados têm decisão soberana para decidir e escolher o interventor em assembleia. Além do nome do interventor, os clubes vão decidir sobre o afastamento da diretoria e alteração do estatuto da FFMS.

Operação na Federação de Futebol

Operação Cartão Vermelho identificou desvios de mais de R$ 6 milhões. Conforme informações do Gaeco, o grupo realizava pequenos saques de até R$ 5 mil para não chamar atenção dos órgãos de controle.

Mais de R$ 800 mil foram apreendidos, inclusive em notas de dólar somente durante o cumprimento dos mandados nesta terça-feira, além de revólver e munições.

Assim, os valores eram distribuídos entre os integrantes da organização criminosa. O esquema se estendia também a outras empresas que recebiam altas quantias da federação. Assim, parte dos valores era devolvida ‘por fora’ ao grupo.

A organização criminosa também possuía um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol. Equipes do Gaeco cumpriram 7 mandados de prisão preventiva, além de 14 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas.

Conforme o Gaeco, o nome da operação faz alusão ao instrumento utilizado pelos árbitros para expulsar os jogadores que cometem faltas graves durante as partidas de futebol.