Após a deflagração da Operação Cartão Vermelho, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) contra a FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), a entidade confirmou a continuidade do Campeonato Estadual Sub-13.

Atualmente, este é a única competição em vigência no Estado organizada pela federação. Conforme publicado pela entidade, a última rodada da primeira fase do estadual sub-13 acontece no sábado (25), com seis partidas.

O texto não cita nada relacionado ao escândalo do desvio de R$ 6 mil e segue a forma definida pela federação de se pronunciar sobre a operação através de advogado.

Com seis times já classificados, os jogos determinam outros dois que ocupam as vagas por índice técnico, além da posição final nos grupos, apontando os confrontos das quartas de final.

A operação do Gaeco deflagrada na terça-feira (21) prendeu o presidente da entidade, Francisco Cezário, e mais quatro pessoas por suposto desvio e lavagem de R$ 6 milhões da federação.

Estadual Sub-13

Também no sábado, às 8h30, no Estádio Olho do Furacão, Portuguesa e Ícaro FC complementam partida da quarta rodada do Estadual interrompida no intervalo. O placar é de 1 a 0 para a Lusa e será disputado todo o segundo tempo.

No Grupo A, o primeiro jogo acontece às 9h30, no Estádio da Leda, entre Ubiratan e Naviraiense. O time douradense tem dez pontos e, já classificado, ainda espera terminar na liderança. O líder Instituto Ismaily recebe o Instituto Aefa, no Estádio Saraiva, às 15h. Com 12 pontos, o time de Ivinhema depende apenas do próprio resultado para terminar a fase em primeiro.

Único time 100% na competição, o Corumbaense visita o União ABC, no Estádio Olho do Furacão, às 9h. O Carijó tem 15 pontos e o ABC, 12, ambos classificados pelo Grupo B. Na outra partida, às 10h, o Novo enfrenta o Cefac/Esquerdinha. 

No Grupo C, os dois jogos também acontecem no Olho do Furacão. Às 14h, o Náutico, classificado com 12 pontos, enfrenta o Ícaro. A Portuguesa, com nove pontos, joga às 15h contra o Grêmio Santo Antônio.

Operação da Cartão Vermelho

O Gaeco deflagrou a Operação Cartão Vermelho na terça-feira (21) e prendeu o presidente da FFMS, Francisco Cezário, e outros quatro envolvidos no esquema de desvio e lavagem de dinheiro.

A hegemonia de Cezário, que já dura 26 anos, pode estar perto de acabar. Isso porque o estatuto da Federação prevê sanção de inelegibilidade de 10 anos aos membros da instituição em alguns casos.

A situação de Cezário se aplica no inciso V do artigo 53 do estatuto, que diz sobre o afastamento de cargo eletivo ou de confiança de entidade desportiva em virtude de gestão patrimonial ou financeira irregular ou temerária da entidade.

Repasse de R$ 8,3 milhões para FFMS

Conforme levantamento obtido pelo Jornal Midiamax, a Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de MS) repassou R$ 8.327.803,20 desde 2015 à FFMS para investimentos nos campeonatos estaduais. Nos últimos três anos, o recurso do FIE (Fundo de Investimentos Esportivos) ultrapassou a cifra do milhão.

Sem contar os repasses da CBF, a Federação de Futebol recebeu milhões da Fundesporte para os campeonatos estaduais da Série A e futebol feminino. Entretanto, a FFMS declarou rombo de quase R$ 1 milhão em 2023.

Na ponta do lápis, o rombo informado não chega nem perto do montante desviado. Com o dinheiro lavado, a FFMS poderia pagar 6x o valor do déficit. O informado pelo Gaeco é referente a desvios de 2018 até fevereiro de 2023. Vale ressaltar que Cezário está à frente da Federação desde 1998.

Operação na FFMS

Conforme informações do Gaeco, o grupo realizava pequenos saques de até R$ 5 mil para não chamar atenção dos órgãos de controle.

Mais de R$ 800 mil foram apreendidos, inclusive em notas de dólar somente durante o cumprimento dos mandados nesta terça-feira, além de revólver e munições.

Dessa forma, os valores eram distribuídos entre os integrantes da organização criminosa. O esquema se estendia também a outras empresas que recebiam altas quantias da federação. Assim, parte dos valores vinha ‘por fora’ ao grupo.

A organização criminosa também possuía um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol. Equipes do Gaeco cumpriram 7 mandados de prisão preventiva, além de 14 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas.

Conforme o Gaeco, o nome da operação faz alusão ao instrumento utilizado pelos árbitros para expulsar os jogadores que cometem faltas graves durante as partidas de futebol.

Lista de investigados na Operação Cartão Vermelho

Jamiro Rodrigues de Oliveira, vice-presidente da FFMS; Marco Antônio Tavares, vice-presidente e coordenador de competições da federação, que também consta como presidente da Federação de Tênis de Mesa; Aparecido Alves Pereira, delegado de jogos da FFMS; Rudson Bogarim Barbosa que, em publicação do site da entidade, em 2022, constava como gerente da TI da FFMS; Marcelo Mitsuo Ezoe Pereira; Francisco Carlos Pereira Umberto Alves Pereira; Valdir Alves Pereira; Francisca Rosa de Oliveira; Marco Antônio de Araújo; Patrícia Gomes Araújo; Sindicato dos Árbitros Profissionais de Mato Grosso do Sul (Sindarbitros); empresa Invictus Sports.