A Polícia Federal investiga possível manipulação de resultado de partida entre a Inter de Limeira e o Patrocinense no Campeonato Brasileiro Série D, no qual Mato Grosso do Sul é representado pelo Costa Rica neste ano. O Patrocinense, alvo da Operação Jogo Limpo, faz parte do mesmo grupo do CREC.

Vale lembrar que a PF não publicou oficialmente os alvos da operação, mas os clubes envolvidos divulgaram notas sobre a operação. A operação foi deflagrada após relatório da Sportradar reportar a movimentação em casas de apostas, que indicavam que apostadores detinham conhecimento prévio de que determinada equipe perderia o primeiro tempo da partida por pelo menos dois gols.

O confronto entre Inter de Limeira e Patrocinense, realizado em Limeira (SP), no dia 1º de junho deste ano, terminou com vitória dos mandantes por 3 a 0. O Patrocinense sofreu três gols no primeiro tempo, um deles sendo contra. Além disso, os últimos dois tentos foram marcados já nos acréscimos.

Os times fazem parte do Grupo A7, o mesmo que o Costa Rica. Na tabela atual, a Inter aparece na 2ª posição, à frente do CREC, que está em 3º lugar. Já o Patrocinense está na lanterna.

Em nota, a PF informou que a investigação começou por meio de ofício da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão – expedidos pela Justiça de São Paulo – nas cidades de Patrocínio (MG), São José do Rio Preto (SP), São Paulo, Rio de Janeiro, Tanguá (RJ) e Nova Friburgo (RJ).

O Patrocinense informou, em nota, que a sede do clube foi alvo de dois mandados de busca e apreensão da PF nesta manhã. “O clube atlético Patrocinense informa a todos que nenhum integrante da atual diretoria, da comissão técnica atual e nenhum atleta pertencente ao atual elenco do clube possui qualquer envolvimento com o processo citado”.

Já a Inter de Limeira divulgou nota esclarecendo ‘enfaticamente que a presente apuração não envolve a Associação Atlética Internacional, seus jogadores ou membros da comissão técnica’ e que ‘repudia de forma veemente qualquer prática de manipulação de resultados e apostas fraudulentas no futebol’.

Apostas

A Sportradar é uma companhia privada que atua na detecção de fraudes relacionadas a apostas e identificação de manipulação de resultados esportivos, com sede na Suíça. Desde 2005, a empresa desenvolve serviços para ajudar federações esportivas, autoridades estaduais e agências de aplicação da lei em todo o mundo a combater a corrupção no esporte.

“De acordo com a empresa, 99% da tentativa da rotatividade no mercado de ‘totais de gols do primeiro tempo’ nesta partida foram para tal resultado”, destacou a corporação. “Durante o jogo, verificou-se que a equipe visitante sofreu três gols ainda no primeiro tempo, sendo um deles contra.”

Parceria

Segundo o comunicado, são alvos da operação integrantes e ex-integrantes de uma das equipes. “Segundo apurado, determinada empresa teria firmado parceria com um dos clubes e vários jogadores por ela agenciados foram contratados. A investigação visa apurar a influência de tais pessoas no resultado da partida”.

Ainda segundo a Polícia Federal, trata-se, em tese, de crimes contra a incerteza do resultado esportivo, com condutas tipificadas na Lei Geral do Esporte e penas de dois a seis anos de reclusão.

A PF informou atuar no caso mediante autorização expressa do Ministro da Justiça e Segurança Pública, “tendo em vista a repercussão nacional do caso, que exige repressão uniforme”.

Intercâmbio de informações

Na nota, a Polícia Federal destacou ter firmado, com a Sportradar, um memorando de entendimento para intercâmbio de informações relevantes no combate à corrupção no esporte. O acordo de cooperação permite que a corporação tenha acesso a análises relacionadas à integridade esportiva em mercados de apostas, além de indicativos de manipulação de eventos esportivos.