Em obras: Por que Morenão deixou Estadual de lado, mas poderia ser palco de jogo das estrelas?
Mesmo com público reduzido, estádio Morenão foi liberado com ressalvas para receber jogo beneficente
Fábio Oruê –
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Na última semana, o Estádio Morenão virou centro de um imbróglio envolvendo uma partida beneficente, encabeçada pelo jogador do Real Madrid, Éder Militão. Isso porque o jogo foi anunciado no principal gramado de Mato Grosso do Sul, que há 1 ano está fechado para revitalização e deixou de receber campeonatos importantes.
O evento – agora cancelado – que pretendia angariar alimentos para pessoas em vulnerabilidade social e estava marcado para esta terça-feira (27). O primeiro percalço foi a falta do o aval da UFMS (Universidade Federal de MS), gestora do Estádio Pedro Pedrossian, o Morenão, para receber a partida.
Entretanto, desde o princípio a universidade se mostrou aberta ao evento, que prometia reunir diversas estrelas do futebol, da música e da internet. Respondendo um ofício da organização, a UFMS liberaria o espaço do Morenão caso “benfeitorias e adequações” fossem feitas.
Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, esses reparos são na parte estrutural do Morenão, como no vestiário, arquibancadas, saídas de emergência e separação dos entulhos e área de obra.
Por que deixar campeonatos de lado, mas receber evento beneficente?
Vale ressaltar que a Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de MS) é que intermediou o primeiro contato entre a organização do evento e a UFMS. Na manhã de quinta-feira (22), equipe da organização esteve no Morenão e garantia que o evento iria acontecer.
Aliás, desde o começo a organização jurou que o jogo beneficente iria acontecer no estádio. Entretanto, neste ano, o Morenão deixou de sediar os jogos do Campeonato Estadual Série A e também não recebe as partidas do Operário no Brasileirão Série D.
De acordo com o vice-presidente da FFMS (Federação de Futebol de MS), Marco Antônio Tavares, na época do início da competição, o andar das obras inviabilizava a realização do campeonato no Morenão.
O principal impedimento era que o espaço não tinha os vestiários liberados. As obras de revitalização foram anunciadas dentro do pacote de R$ 120 milhões do Governo de MS ao esporte do Estado, em outubro de 2021 – após aniversário de 40 anos de funcionamento.
Alguns meses após o anúncio, a Fundesporte alegou que o dinheiro já estava com a UFMS em 2021, mas a ‘Federal’ dizia que a Fapec (Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura), responsável pelas obras, ainda fazia as licitações.
Após um bate e rebate sobre atrasos entre a Fundesporte e a UFMS, as obras começaram em junho de 2022. O processo de revitalização se divide em três etapas: estrutura e banheiros, parte elétrica, e acessibilidade e pânico. O investimento total pelo Governo do Estado é de R$ 9,4 milhões.
O que falta no Morenão?
Conforme adiantado pelo Jornal Midiamax, a Fapec não tinha uma previsão exata para a finalização da obra. Em fevereiro, 50% do projeto dos banheiros e vestiários (fase 2) já estavam concluídos.
Na fase 1 ainda faltavam as obras previstas no PSCIP (Processo de Segurança Contra Incêndio e Pânico) e parte da infraestrutura do Estádio Morenão.
Apesar de não ter previsão, a estimativa para a conclusão da fase 2 era até abril. Já a fase 1 tinha como tempo estimado o período de 10 meses, após a aprovação dos projetos por parte da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos).
Evento no Morenão em xeque
Conforme o Corpo de Bombeiros, a visita técnica ao estádio confirmou a viabilidade da realização do jogo beneficente. Entretanto, os organizadores precisariam correr contra o tempo e tinham até sexta-feira (23) para providenciar a documentação necessária e manutenção.
Após essa etapa, uma nova vistoria, provavelmente nesta segunda-feira (26), seria agendada para verificação final do local. Como um plano B, a organização averiguou a possibilidade de usar o irmão do Morenão, o Estádio das Moreninhas, no Jacques da Luz.
A partida beneficente seria inicialmente em Uberlândia (MG), mas alguns contratempos inviabilizaram a realização. Depois foi cotado para Cuiabá (MT), mas novamente não foi possível e os olhos se voltaram para Campo Grande.
Por isso a equipe está organizando tudo em cima da hora. Após a ‘vistoria final’, caso tudo estivesse em ordem, um Certificado de Vistoria para a realização do evento sairia. Desde o princípio, o Corpo de Bombeiros ressaltava que o evento só iria acontecer se cumpridas as exigências.
De acordo com o organizador do evento, Fabiano Rodrigues, o público liberado no Morenão era de 15 mil pessoas, porém a troca de ingressos sequer foi divulgada no Pedro Pedrossian. Esse número é pequeno diante dos 45 mil que o estádio tem a capacidade de receber.
Mesmo com a correria e força tarefa da organização, a partida de Militão acabou indo para o Estádio das Moreninhas, com público de 3,5 mil torcedores, na noite de sábado (24). A entrada seria 6 kg de alimento.
Jogos de estrelas cancelado
Tudo começou quando o banner do evento vazou no início desta semana e muitos sul-mato-grossense pensaram se tratar de uma fake news. O material de divulgação trazia em destaque o jogador Éder Militão, como cabeça do evento beneficente, além de grandes estrelas.
Vini Jr. e Rodrygo, companheiros de Militão no Real Madrid, também estavam estampados. Por conta do vazamento, a organização teve que confirmar o evento antecipadamente – motivo que fez muitos desacreditarem que muitos astros pisariam em gramados campo-grandense. O evento acabou sendo confirmado com uma lista de nomes garantidos.
Além do anfitrião Militão, integravam a lista MC Daniel, Emerson Sheik, o youtuber Jukanalha, o cantor Negão da BL, Marcelinho Carioca, Valdo Militão (ex-jogador e pai de Éder) e o cantor Naldo. Entretanto, na tarde de domingo (25), o jogo beneficente acabou cancelado.
Ou melhor, segundo nota divulgava, ele foi adiado, mas com data a ser definida. “[…] após o estudo necessário para a prática da partida, foi verificada a falta de compatibilidade de agenda por parte do craque Éder Militão, que até então havia se programado para estar na Capital de Mato Grosso do Sul”, disse parte do comunicado.
*Colaborou Gabriel Neves
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