Após o ouro inédito na prova dos 5.000 metros na Paralimpíada de Tóquio-2020 na última quinta-feira (26), o campo-grandense Yeltsin Ortega Jacques ganhou novamente o ouro, agora nos 1500m T11, classe para atletas cegos, com direito a recorde mundial conquistando o tempo de 3min57s60. Antigo recorde da prova era de 3min58s37. Yeltsin ganha a centésima medalha de ouro para o Brasil nos Jogos Paralímpicos.

A prova aconteceu na pista do Estádio Olímpico em Tóquio na noite desta segunda-feira (30), manhã de terça no Japão. No começo da carreira de Yeltsin, o pai do paratleta, José Roberto Jacques, chegou a ouvir de um treinador que era para o jovem desistir de competir.

“Infelizmente, quando eu fui levar o Yeltsin a primeira vez no treino, o professor chegou e me falou ‘desiste, porque ele não vai apresentar resultados’, mas ele era muito dedicado, ele queria aquilo, sabe. Só que eu não falei pra ele isso. Eu pedi para que outros atletas que estavam treinando lá ajudassem ele, tivessem ali incentivando”, contou o pai ao Jornal Midiamax.

“No começo, a pessoa não sentiu que ele seria um atleta, mas ele queria. Uma forma de incentivar era eu não chegar e falar ‘tô te dando isso’. Eu ia, passava um tênis, um short, uma camiseta, para outra pessoa entregar para ele, para ele não falar ‘meu pai que tá fazendo isso’ e ‘meu pai quer que eu faça isso’, que aí ele ia se sentir integrado por outras pessoas, para não ficar só na família”, revelou José à reportagem.

Na infância e na adolescência, Yeltsin enfrentou bullying nas escolas. “Tive que ir várias vezes conversar com diretora, coordenadora, para pedir que os alunos não tratassem ele daquele jeito”, diz o pai. Apesar de ter se destacado no atletismo, Yeltsin começou sua vida esportiva praticando judô e o ingresso no atletismo aconteceu por uma casualidade da vida. Obra do destino.