Mãe de Tite não viu jogos por nervoso e deu bênçãos ao filho durante a Copa
Enquanto milhões assistiam à derrota da seleção para a Bélgica, seja na Kazan Arena ou espalhados pelo Brasil, Dona Ivone, 82 anos, preferiu não olhar para a partida. Se os brasileiros jogavam, ela preferia não ver. Se tinha programa de esportes durante a Copa do Mundo, a mesma coisa. “A gente sofre com os comentários”, […]
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Enquanto milhões assistiam à derrota da seleção para a Bélgica, seja na Kazan Arena ou espalhados pelo Brasil, Dona Ivone, 82 anos, preferiu não olhar para a partida. Se os brasileiros jogavam, ela preferia não ver. Se tinha programa de esportes durante a Copa do Mundo, a mesma coisa.
“A gente sofre com os comentários”, conta Beatriz, a mais velha entre os três filhos de Dona Ivone. “Quando ele precisa arcar com alguma coisa, assumir responsabilidades, e vêm as críticas, a gente sofre. Para nós mais jovens, é mais fácil arcar com isso. Para a mãe, fica mais pesado”, descreve à reportagem.
Mesmo assim, explica a primogênita, as conexões entre a mãe que vive em Caxias e o filho que treinavam na Rússia eram frequentes. Mesmo à distância e com uma rotina intensa de competição, Tite ligava praticamente todos os dias para Ivone. “Ele liga para pedir a bênção dela. Saber como ela está, dar uma tranquilidade para ela”, conta Bia.
Religiosa e fã incondicional do filho, claro, Ivone normalmente prefere acompanhar a Rede Vida do que os jogos de futebol quando Tite está envolvido. Só foi ao estádio para Brasil e Equador, em Porto Alegre, porque a CBF convidou. Com terço verde e amarelo, presente da entidade, só se tranquilizava durante os jogos quando o Brasil fazia gol. “Se tem foguete, ela sabe que o Brasil ganhou”, completa Beatriz.
A mãe, porém, não foi a única a sofrer com as vitórias e, principalmente, a derrota do Brasil. Grudada à televisão no último sábado, Beatriz não conseguiu segurar a emoção no dia seguinte à eliminação para a Bélgica. A irmã de Tite foi às lágrimas quando viu o avião brasileiro decolar na Rússia e se deu conta de que o sonho de ver o treinador e sua seleção campeões mundiais havia, de fato, se encerrado na fatídica noite anterior em Kazan.
Pelo smartphone, Bia percebeu que o irmão estava de fato devastado com a queda nas quartas de final da Copa. Diferentemente de outros momentos durante a competição, em que trocavam mensagens e conversavam pelo WhatsApp, ela recebeu uma resposta inusitada de Tite. Somente emojis para agradecer o consolo enviado por ela pela eliminação.
Sem cogitar uma ida à Rússia, a irmã sequer fechou a loja de aluguel de trajes que possui em Caxias por conta da Copa do Mundo. Acompanhava os jogos do Brasil em meio à visita de um ou outro cliente e torcia pelo hexacampeonato que não veio. Em sua última ida ao Rio Grande do Sul antes de viajar para o Mundial, Tite se sentou para um café com Beatriz.
“Eu normalmente tenho minhas ocasiões de brincar com ele, me fazer presente, mas sei que na Copa o tempo dele seria limitado. Então eu disse, me resumo a te procurar menos, e ele disse ‘faz o que o teu coração mandar’. Mesmo assim, quando eu escrevia algo durante o período na Rússia, a resposta dele foi sempre imediata”.
Um dos momentos de maior alegria em uma Copa que termina com decepção foi após vitória sobre o México. Na televisão, Beatriz viu reportagem que destacava os assobios de Tite em treinamentos e jogos e imediatamente abriu o aplicativo para recordar ao irmão que havia sido ela, quando ambos eram crianças, que o ensinara a assobiar.
Os contatos com os familiares mais próximos no Rio Grande do Sul são um ponto fora da curva na rotina de Tite. Extremamente reservado, do tipo que tem poucos amigos no futebol e fora dele, o treinador só se comunicava geralmente com Bia, Ivone e o irmão Miro, espécie de confidente para papos sobre futebol. Um problema de saúde dele durante a Copa, aliás, foi motivo de preocupação para Tite durante um período.
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