Jogos de tabuleiro ganharam nova roupagem

Em meio da procura cada vez mais crescente pelos video-games, ainda há uma turma que prefere os jogos das antigas, os bons e velhos jogos de tabuleiro que animavam a infância da criançada nos anos 80 e 90. Só que os modelos atuais pouco lembram os daquela época, têm até nome pomposo: ‘Boardgames’, como atualmente são chamados, seguem as tendências de um mercado crescente, exigente e sofisticado.

Quer dizer, esqueça Banco Imobiliário, Jogo da Vida ou Detetive. Ou quase isso: embora os clássicos ainda sejam apreciados, os Boardgames da atualidade superam seus antecessores tanto na estética como na jogabilidade, às vezes com regras mais densas. Bons exemplos são Zombicide, Hero Quest, War, Eldritch Horror e uma série de outros jogos licenciados de séries de TV de sucesso, isso só para citar alguns.

Basicamente, eles estão divididos em duas grandes categorias: Ameritrash e Eurogames. O primeiro se destaca por dar mais importância ao tema, com cartas, miniaturas e menos preocupações com o fator sorte, dando mais interação entre os jogadores. Já os Eurogames privilegiam mais a mecânica, em detrimento do tema, e tendem a minimizar o fator sorte e com menos interação.

 

Em , mesmo, há vários grupos de jogadores, que agregam pessoas de várias idades, como o militar Rodrigo Lopes, 34 anos. “Sempre curti jogos de tabuleiro. Passei um tempo sem jogar, mas há uns dois anos descobri os jogos mais modernos e revivi o hábito. Já joguei com pessoas bem mais velhas e até com crianças. Desde que todos compreendam as regras, não há nenhuma restrição”, conta.

Conheça os Boardgames, a nova 'febre' que reúne jogadores de todas as idadesNuma época em que a virtualização das relações sociais é cada vez mais impositiva, os Bordgames surgem na contramão, com a possibilidade de reunir várias pessoas em torno do tabuleiro. “Uma das coisas que eu mais acho interessante é que a gente pode jogar com mais pessoas. A gente sai desse esquema de virtualidade, temos contato com a pessoa, mesmo”, comenta Lopes.

O servidor público Daniel Luz, de 26 anos, vê os Boardgames como alternativas de entretenimento mais ecléticas, cuja dificuldade vai desde o simples ao mais complexo, dos mais solitários aos que agrupam até oito pessoas. “Participo de um grupo que se reune toda segunda-feira pra jogar. é bacana, porque a gente consegue passar uma noite jogando, duas ou três horas, toda semana abordando uma modalidade diferente”, destaca. “Não deixei de jogar video-, mas com os Boardgames conseguimos reunir mais gente, é algo que acontece no ritmo que a gente quer, é mais social”, afirma.

Regras adaptadas

É comum as pessoas adaptarem regras dos jogos. Algumas dessas mudanças, entretanto, acabam quase que criando jogos novos, como fez o jornalista Victor Barone, de 48 anos. Ele afirma que sempre gostou de jogos. Começou com o RPG, migrou para os wargames (jogos de simulação de guerra usando miniaturas e maquetes) e, mais recentemente, adotou os Boardgames como hobby. “Além de gostar de jogos, sempre curti desenvolver meus próprios sistemas de regras. Foi assim com o RPG e com os wargames e, agora, com os boards. O jogo Imperium surgiu assim, durante uma tentativa de adicionar regras mais desafiantes ao jogo War Império Romano”, conta.

Para reinventar o jogo, Barone primeiramente adicionou a possibilidade dos jogadores construírem cidades, fortalezas, fazendas e armas de cerco. Depois estabeleceu uma forma de produção que gerasse recursos. “Fizemos com que estes recursos sustentassem os exércitos e fortalezas de cada jogador. Mudamos a forma do combate, acrescentando um dado especial que aumenta ou diminui o resultado dos dados, enfim, foi tanta coisa mudada que o jogo, no final, era algo novo”.

Conheça os Boardgames, a nova 'febre' que reúne jogadores de todas as idades

 

O lugar mais comum de se jogar Boardgames é na sala de casa. Mas e se houvesse um espaço onde além de uma mesa generosa para o tabuleiro, tivesse um serviço para os jogadores pedirem um lanche, um refrigerante e ainda recorrer a mais de 300 jogos? Esta é a ideia do publicitário Rafael Dalteaz, de 27 anos. Em abril, ele e o irmão, Rodrigo, inauguram o primeiro espaço que reúne alimentação e jogos, o ‘JogaBurger’, já em fase de divulgação.

“Colecionamos jogos de tabuleiros já tem uns 10 anos, e numa pra SP conhecemos alguns lugares que fazem isso, que emprestam os jogos e que servem lanches. Achamos muito legal e nos últimos 2 anos amadurecemos o projeto. Fizemos algumas pesquisas com o público que a gente tinha levantado, que tem entre cerca de 20 a 35 anos e percebemos que esse mercado estava aquecido, que era muito amplo o segmento”, conta o publicitário.

Mesas espaçosas e outras de suporte – para a comida – já estão em fase de elaboração, assim como o local, na Avenida Via Park, está sendo reformado. “Todos os nossos jogos estarão lá, são mais de 300, nacionais, importados, raridades que estão fora de catálogo, e também haverá monitores, que vão ensinar os jogos. É uma ideia bacana porque cria um espaço onde a galera pode jogar e também é uma forma de divulgar o hobby”, conclui.