“Sonho antigo e irmandade”: rota bioceânica trará centenas de empregos e desenvolvimento na fronteira de MS
Ponte fará a integração entre 4 países e deve gerar emprego e muitas oportunidades
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O que era antes considerado um “sonho antigo” agora tornou-se realidade: a rota bioceânica, que passará pelo Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, sendo um corredor rodoviário com extensão de cerca de 3 mil quilômetros. Ao mesmo tempo, o projeto traz a construção da ponte sobre o Rio Paraguai, com a possibilidade de centenas de vagas de emprego e oportunidades em Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta (PY).
Com letreiros espalhados pela cidade, ressaltando que o município brasileiro é o “Portal da Rota Bioceânica”, a expectativa é de obras que se estenderão pelos próximos três anos, com ao menos 5 mil oportunidades de emprego e geração de renda. O lançamento da obra, com a pedra fundamental, estava previsto para o último dia 13, porém, devido ao mau tempo, o presidente Jair Bolsonaro não esteve presente e a nota data prevista ficou marcada para o dia 21 de janeiro de 2022.
“Eu tinha a farmácia aqui em um espaço de 80 m² e agora saltei para 220 m². Estou na sede nova há 5 meses e a expectativa é de muito desenvolvimento para a cidade. A gente espera que as coisas melhorem muito e já estamos vendo uma grande movimentação por aqui. Aqui é uma cidade histórica, de 110 anos de idade, se eu não me engano, já estava na hora de olharem mais para cá”, disse o empresário Sidney Marques Pereira, de 43 anos.
A assistente social Elaine Mendes, de 34 anos, comenta que gosta muito de morar em Porto Murtinho e avalia pontos “positivos e negativos” no projeto da rota bioceânica.
“Teremos bastante movimento na cidade a partir de agora e a gente percebe ao ver que os hotéis estão sempre lotados. É bem legal também que a população daqui é bem acolhedora e o desenvolvimento vai caminhar junto, com movimento maior no comércio. Agora o que é preocupante é que, possivelmente, não teremos controle de todas as pessoas que vão circular por aqui”, comentou.
A comerciante Kelly dos Santos Silva, de 30 anos, também ampliou o estabelecimento comercial dela e comenta que a expectativa por melhorias é grande. “Eu sou gaúcha e vim para montarmos a fábrica de sorvete aqui. O meu marido é do Exército, foi transferido para cá e aí nós investimos na cidade. Somos um casal novo, gostamos de desafios e acho que a rota vai nos ajudar bastante”, argumentou.
Construção da ponte deve iniciar em breve, diz prefeito
O prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra (PSDB) disse ao Jornal Midiamax que as obras devem começar em breve. “A questão da ponte demorou demais por conta da ordem de serviço para a construção da ponte mais a ordem de serviço da licitação da BR -267 até a ponte. Só nesse trecho são 14 km e no meio terá o Centro Aduaneiro, onde vão instalar diversos órgãos públicos”, explicou.
Com as obras, Cintra ressalta que a expectativa é de ao menos 5 mil vagas de emprego. “Esse projeto vai gerar muito emprego e renda para milhares de pessoas e é algo muito importante para Porto Murtinho, uma cidade empreendedora. Nós fizemos convênios também de capacitação das pessoas, principalmente para melhorar o conhecimento, ter mão de obra qualificada e incluir estas pessoas neste projeto e não somente gente de fora. Será um grande projeto”, finalizou.
Ponte bioceânica
A Ponte Bioceânica terá um comprimento de 680 metros, duas pistas de rolagem de veículos de passeio e caminhões, com 12,5 metros de largura, e duas passagens nas laterais, com 2,5 metros cada uma, para o trânsito de pedestres e ciclistas.
O valor contratado para a obra é de 616.386.755,744 guaranis, o que equivale a quase meio bilhão de reais, a serem pagos pela Itaipu Binacional. As empresas vencedoras terão 1.080 dias para concluir o empreendimento.
Entre outros detalhes, a ponte foi pensada para não atrapalhar as embarcações, terá ciclovia e um projeto antissuicídio.
Segundo o engenheiro e assessor especial da diretoria e coordenação executiva da Itaipu na margem do Rio Paraguai, Benitez Estigarribia Pompilio, a ponte será majestosa. Ele ressalta ainda que a Itaipu financia o projeto e explica como funciona o antissuicídio. “É a colocação de barreiras recobertas com material antissuicidante e bastante curvatura para quem tenta subir e se atirar não consiga”. O sistema é semelhante à ponte de La Amistad.
Além disso, a ponte vai ter iluminação de primeira qualidade e sensores elétricos. “Os sensores vão ser utilizados para controlar como está se comportando cada ponto da ponte e verificar qualquer possível falha em cabos que em seguida já vai ser corrigida”.
Conforme Benitez, a ponte da Rota Bioceânica vai ter 22 metros acima do rio, para não atrapalhar a logística. “É um projeto desde 2006, envolvendo 600 pessoas de forma direta e hoje é uma realidade”, ponderou.
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