Capacidades técnicas – conhecidas no mundo corporativo como hard skills – sempre foram levadas em consideração na hora da contratação para uma vaga de emprego. Conhecimento em planilhas, organização de agendas, conhecimentos específicos nas diversas áreas, tudo isso se torna diferencial na hora de montar o currículo.

Mas, outro tipo de competência tem sido cada vez mais procurado pelas empresas, são as habilidades de comportamento, as chamadas soft skills.

Não é para menos. Pesquisa realizada com gestores de RH de empresas pela ODDDA (O Dia Depois De Amanhã), em parceria com a Fundação Dom Cabral, mostrou que nove em cada 10 profissionais são contratados pelo currículo e demitidos pelo comportamento. Para especialista, falta empatia entre profissionais nas empresas.

A administradora e especialista em RH (Recursos Humanos) Lúcia Coletto, que atua no setor de Mato Grosso do Sul há mais de 20 anos, explica que soft skills é um conjunto de características de comportamento que envolvem as emoções, a forma como o profissional atua, questões de proatividade dentro do ambiente laboral, e o que o trabalhador pode entregar para a empresa no sentido de realizar através do comportamento.

Ou seja, elas são diferentes das hard skills, adquiridas por meio de treinamentos, capacitação e cursos. Por isso, as habilidades sociais são mais difíceis de desenvolver.

O que mais falta

Para Coletto, existe uma característica que está escassa nas empresas atualmente. “O que a gente mais sente falta hoje no mercado, seja no recrutamento ou na seleção, seja na consultoria de campo, é a empatia, é você se colocar no lugar do outro”, destaca. 

A especialista explica que a falta de consciência da diversidade entre as pessoas leva a problemas que poderiam ser evitados. “Eu não sou igual a outra pessoa, nós temos que saber tratar melhor essas diferenças. Às vezes eu cobro do outro aquilo que está dentro da minha característica, seja na rapidez, na efetivação das tarefas, enfim. Então, a empatia é algo que eu preciso desenvolver”, detalha.

Ambiente ideal

Segundo a administradora, a empatia também auxilia na conquista de outros bons resultados, como na criação de um ambiente de trabalho harmonioso, fundamental para poder trabalhar bem em equipe.

“E como criar isso? Sendo uma pessoa resiliente e empática, sabendo lidar com as diferenças. Eu preciso trazer mais soluções do que problemas para o meu ambiente de trabalho. Então, quando eu tenho um problema, já tenho que pensar numa solução provável. Não que ela tenha que ser aceita pelo grupo, mas aí vem a capacidade de trabalhar em equipe”, amplia Coletto. 

Ela explica que, quando o profissional garante um bom fluxo de trabalho, também está desenvolvendo sua capacidade de trabalhar em equipe e tendo relacionamento com todos da equipe.

“E isso acontece porque sei olhar para o todo da empresa. Então, volta a questão da empatia que faz falta nos profissionais, principalmente nos mais jovens”, pontua.

Como desenvolver

Para Coletto, não existe nenhuma soft skill melhor que a outra. “Todas são importantes, seja liderança, comunicação, organização, criatividade, proatividade, positividade”, exemplifica. Por se tratarem basicamente de competências naturais, elas podem aparecer espontaneamente nas pessoas. 

“No entanto, mesmo tendo dentro de nós todas essas características, precisamos saber como acessá-las. Assim como podemos acessar comportamentos que não são assertivos, também podemos acessar as soft skills porque elas são naturais”, alerta a especialista. 

A dica da administradora é que, caso você não consiga desenvolver sozinho, procure cursos e palestras que trabalhem o desenvolvimento pessoal, a autoajuda e o autoconhecimento para que você desenvolva essas habilidades.

“Esse desenvolvimento é individual, ele precisa ser desenvolvido de dentro pra fora. Enquanto as hard skills você estuda tecnicamente para adquiri-las, as soft skills dependem da sua vontade para serem desenvolvidas”, conclui.