A ligeira valorização no preço da saca de soja registrada nos primeiros dias de abril pode representar ganho ao produtor rural e alívio nas contas dos agricultores, que “amargam” preços baixos há meses. 

Para o pesquisador Mauro Osaki, da área de custos agrícolas do Cepea/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/Universidade de São Paulo), a elevação nos preços “vai aliviar um pouco a rentabilidade do produtor”.

“A pequena valorização que está sendo observada agora da soja claro que vai aliviar um pouco a rentabilidade do produtor, de ficar ‘menos pior’, vamos falar assim”, analisou em entrevista ao Jornal Midiamax. No entanto, a conta não é tão simples, como detalha o especialista. 

“O problema maior de todos os efeitos dessa safra, o efeito mais negativo que tem proporcionado a muitos produtores, é que eles não colheram aquilo que eles esperavam. Embora o custo tenha reduzido em relação à safra 2022/23, com grande redução de preço dos fertilizantes e outros insumos, isso não foi suficiente para o produtor rural conseguir saldar suas contas porque nós tivemos retração do preço da soja nesse primeiro bimestre em relação à safra passada e uma retração muito forte na produtividade”, detalha Osaki.

No caso de Mato Grosso do Sul, isso quer dizer que o produtor rural acumula contas desde o ciclo passado, e sem conseguir produzir tanto quanto precisava devido às perdas nas lavouras causadas pela estiagem, o lucro dele diante da valorização no preço da soja não será tão grande quanto poderia.

“Na receita bruta do produtor, que considera preço e produtividade, teve duas variáveis com redução. E essa redução foi muito maior do que a redução que a gente acabou observando na estruturação de custo. Portanto, por isso que a rentabilidade do produtor foi prejudicada nessa temporada 23/24 nas principais regiões produtoras”, explica o pesquisador.

Resultados da safra de soja

De acordo com a Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul), nas próximas semanas os resultados da safra de soja no Estado serão divulgados. Com isso, ficará claro qual o cenário que o produtor rural precisará enfrentar na região em relação a perdas e quebra na expectativa de produção.

Conforme o último boletim do Siga MS (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio), divulgado nesta semana, 91% da área plantada de soja já foi colhida. Nessa área, 20,2% das lavouras apresentaram condições regulares, 16% condições ruins e 63,8% condições boas. Isso significa que, dos 4,2 milhões de hectares plantados no Estado, 1,5 milhão de hectares não apresentam condições ideais de produtividade.