Em sentido contrário ao de Nova York – que seguiu em alta nesta sexta-feira, 23, voltando a renovar, tanto ontem (quinta, 22) como hoje, máximas históricas no Dow Jones e no S&P 500 -, o cedeu 0,63%, aos 129.418,73 pontos, tendo se mantido em alta nas seis sessões anteriores, chegando aos 130 mil nos fechamentos da quarta e quinta-feira. Com a moderada realização de lucros, o índice encerrou a semana com ganho de 0,54%, ante avanços de 0,55% e 0,66% acumulados nos dois intervalos precedentes. Assim, no mês, sobe 1,30%, limitando as perdas do ano a 3,55%. O giro foi de R$ 21,7 bilhões, com o índice entre 129.077,28 e 130.624,33 pontos, da mínima à máxima do dia.

Embora limitado no fechamento, o desempenho da principal ação do Ibovespa, Vale (ON +0,24%), que mais cedo subia mais de 1%, contribuiu para que o Ibovespa evitasse realização de lucros maior nesta última sessão da semana – assim como outro peso-pesado do índice, Itaú PN, em leve alta de 0,29% no encerramento. Na ponta ganhadora entre as 86 ações da carteira, Eztec (+4,06%), Magazine Luiza (+1,90%), CSN (+1,60%) e Weg (+1,44%). No lado oposto, Casas Bahia (-6,93%), Pão de Açúcar (-5,03%) e Raízen (-4,16%). ON e PN caíram 0,27% e 0,69%, pela ordem.

O minério em alta – além de balanço e distribuição de dividendos da Vale, anunciados na noite de ontem – fez com que a ação de maior peso no Ibovespa, descontada, encerrasse o dia no positivo, embora, ao fim, sem conseguir mudar a direção da mineradora na semana (-0,44%) e no mês (-0,56%) – no ano, a perda acumulada no ativo chega a quase 13%. Por outro lado, o fraco desempenho do setor financeiro, segmento de maior ponderação no índice da B3, impediu que o Ibovespa prolongasse, hoje, a série de ganhos pela sétima sessão, o que igualaria em extensão a sequência de junho passado.

“Exceção feita à B3 (-1,58%), que apresentou resultado abaixo do esperado ontem à noite, a queda nos preços das ações dos bancões parece ser um simples movimento de realização de lucros”, diz Nilson Marcelo, analista quantitativo da CM Capital, acrescentando que Vale ON deve seguir em recuperação.

Assim como os números da B3, Vale divulgou o balanço trimestral, de outubro-dezembro de 2023, na noite de ontem. “O resultado veio em linha com o esperado pelo mercado, na minha visão, nas linhas de receita líquida e Ebitda. Já a linha final do lucro líquido veio abaixo do esperado, devido a uma provisão adicional que a empresa fez, de US$ 1,2 bilhão, em decorrência de processos que ainda estão em andamento, referentes ao rompimento da barragem da Samarco”, diz Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, acrescentando que, dias atrás, a BHP – sócia da Vale na Samarco – fez o “mesmo movimento, provisionando um valor adicional, de US$ 3,2 bilhões”.

“Houve também uma redução no médio de vendas do minério de ferro, cobre e níquel que acabou impactando negativamente o balanço, mas era algo já esperado e monitorado pelo mercado”, acrescenta Fernandes, observando que o “fator China”, principal destino dos produtos da mineradora, principalmente do minério de ferro, continua a pesar nos resultados da Vale. “A China ainda luta para retomar o crescimento, mas, por enquanto, não há perspectiva muito clara do que se pode esperar da economia chinesa.”

Contudo, “a Vale apresentou um guidance forte para 2024, animando os investidores que esperam forte geração de caixa ao longo do ano – e a empresa também anunciou que vai pagar R$ 2,74 por ação, em dividendos em março”, conclui Fernandes.

O mercado de minério de ferro deverá estar mais apertado na Ásia neste ano, sem novidades do ponto de vista da oferta exceto pelos acréscimos da Vale, disse hoje Marcello Spinelli, vice-presidente executivo de soluções de minério de ferro. “O aumento principal vem de nós”, disse o executivo da Vale, em teleconferência para comentar os resultados do quarto trimestre e do ano passado, reportam os jornalistas Juliana Garçon e Jorge Barbosa, do Broadcast.

Apesar das incertezas e do nível ainda alto dos juros, no Brasil como nos Estados Unidos, o mercado financeiro mostra forte otimismo quanto ao desempenho das ações no curtíssimo prazo, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 71,43% disseram acreditar que o Ibovespa terá ganhos, e 28,57% esperam retração para o índice na semana que vem. No último levantamento, 60% aguardavam variação neutra e 40%, baixa para o índice – sem respostas apontando alta para aquele intervalo.