O à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 5, em queda de 0,73%, cotado a R$ 4,8722 no mercado doméstico de câmbio. O dia foi marcado por perdas da moeda americana em relação a divisas emergentes, favorecidas pela valorização das commodities, em especial do petróleo, e pelo leve aumento das chances de cortes de juros nos EUA ainda neste primeiro trimestre. A despeito do tombo hoje, o dólar ainda encerra a semana com alta de 0,39%, fruto do avanço de 1,29% da moeda no primeiro pregão do ano, refletindo aumento das tensões geopolíticas no Oriente Médio.

Apesar da agenda doméstica carregada, os negócios foram pautados pela divulgação de indicadores da economia americana. Dado mais aguardado da semana, o relatório oficial de emprego (payroll) de dezembro mostrou geração de 126 mil vagas de trabalho, superando as expectativas dos analistas. A mediana da pesquisa Projeções Broadcast era de 175 mil.

Em um primeiro momento, os ativos de risco sofreram, e o dólar se fortaleceu, atingindo máxima de R$ 4,9391 no mercado doméstico. Afinal, um mercado de trabalho aperto sugere resiliência inflacionária e pouco espaço para redução dos juros. Logo em seguida, porém, uma leitura mais atenta do payroll e indicador fraco do setor de serviços promoveram uma reviravolta, levando a alta das bolsas e baixa da moeda americana. Por aqui, o dólar desceu até a mínima de R$ 4,8610.

Apesar da geração de vagas acima do esperado em dezembro, houve revisão para baixo dos números de outubro (de 150 mil para 105 mil) e de novembro (de 199 mil para 173 mil). No início da tarde, o Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês), informou que o índice de gerente de compras (PMI) do setor de serviços nos EUA caiu de 52,7 em novembro para 50,06 em dezembro, enquanto analistas esperavam 52,6. Leituras abaixo de 50 indicam contração da atividade.

“O mercado foi muito dominando hoje pelo resultado do payroll. O número veio um pouco mais forte e a reação inicial foi negativa, com o dólar disparando até R$ 4,93. Mas depois o mercado viu que o resultado não era ruim em termos de perspectiva para os juros nos e os ativos de risco se recuperaram”, afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, para quem o dólar à vista poderia estar ao redor de R$ 4,75 não fosse a questão fiscal doméstica. “Na cotação atual, o dólar já incorpora que o governo não vai cumprir a meta de déficit fiscal zero. Do ponto de vista de arrecadação, parece não haver mais o que fazer”.

À tarde, a Secretaria de Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou que a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 9,36 bilhões em dezembro, encerrando 2023 com saldo positivo de US$ 98,838 bilhões – resultado anual recorde e 60,6% maior que o registrado em 2022.

O Mdic prevê superávit comercial de US$ 94,4 bilhões em 2024, uma queda 4,5% ante 2023. A expectativa é de que as exportações, que foram de US$ 339,7 bilhões no ano passado (recorde da série histórica) saltem para US$ 348,2 bilhões neste ano. O saldo comercial será menor, nas estimativas da pasta, em razão do crescimento mais forte das importações. (Agência Brasil)