Mato Grosso do Sul fechou o mês de novembro com a 5ª queda consecutiva no volume de serviços, como mostra a PMS (Pesquisa Mensal de Serviços), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira (12). Comparado a outubro os indicadores mostram que a redução alcança 1,8%.

Ainda se igualar com novembro, desde 2021, o valor atual é o segundo pior índice da série histórica com ajuste sazonal. Em relação a novembro de 2021, houve queda de 6,2% no volume de serviços. O acumulado nos últimos 12 meses é de 4,1% e no ano o setor acumula alta de 4,3%.

No ranking de 24 das 27 unidades da federal, o Estado ficou em 2º lugar em pior resultado do mês, com -6,2%, antes está o Distrito Federal (-9,7) e em seguida o Rio Grande do Norte (-1,6). A principal contribuição positiva ficou com São Paulo (7,6%), seguido por Minas Gerais (10,0%), Rio de Janeiro (5,6%), Rio Grande do Sul (10,1%), Mato Grosso (16,0%) e Paraná (3,6%).

Alimentação, bebida e fumo têm maiores quedas

A pesquisa mostra que o setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo tiveram queda no volume de serviços dos últimos três meses do ano em Mato Grosso do Sul: setembro (-6,0%), outubro (-1,1%) e (-3,0%).

Saindo do recuo, o setor de material de construção apresentou alta considerável, saindo de -4,8% em outubro para 3,5% em novembro. O acumulado do ano sai e 10,7% do mês anterior para 3,6%. Já o acumulado anual dos últimos três anos, considerando apenas novembro, é de 14,0% para 13,0%.

Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação tiveram queda elevada de 2,3% para -5,1%, em seguida estão estabelecimentos de livros, jornais, revistas e papelaria que saiu de -3,5% para -1,8%.

Atividades turísticas variam -0,1% em novembro

Em novembro de 2022, o índice de atividades turísticas decresceu 0,1% frente a outubro, segundo resultado negativo seguido, período em que acumulou perda de 2,7%. O segmento de turismo encontra-se 2,5% abaixo do patamar de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 9,6% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014.

Houve quedas em seis dos 12 locais pesquisados. A influência negativa mais relevante ficou com Pernambuco (-7,9%), seguido por Bahia (-2,4%) e Santa Catarina (-2,9%). Em sentido oposto, Rio Grande do Sul (7,4%), São Paulo (0,7%) e Paraná (5,3%) assinalaram os principais avanços.

No acumulado do ano, o agregado especial de atividades turísticas cresceu 32,0%, impulsionado, sobretudo, pelos aumentos de receita nos ramos de transporte aéreo de passageiros; restaurantes; hotéis; locação de automóveis; transporte rodoviário coletivo de passageiros; e serviços de bufê. Regionalmente, todos os doze locais investigados também registraram taxas positivas, com destaque para São Paulo (39,1%), seguido por Minas Gerais (51,9%), Rio de Janeiro (16,3%), Rio Grande do Sul (40,1%) e Bahia (26,0%).

Turismo
Turismo registrou queda (Foto: Divulgação, Fundtur/MS)

Em novembro de 2022, o volume de transporte de passageiros no Brasil registrou alta de 5,5% frente ao mês imediatamente anterior, na série livre de influências sazonais, após ter recuado 5,1% em outubro. O segmento encontra-se 2,5% abaixo do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 24,2% abaixo de fevereiro de 2014 (ponto mais alto da série histórica).

Já volume do transporte de cargas apontou expansão de 0,5% em novembro de 2022, recuperando-se, assim, parte da perda de 3,2% verificada no período setembro-outubro. Dessa forma, o segmento situa-se 2,7% abaixo do ponto mais alto de sua série, alcançado em agosto de 2022. Com relação ao nível pré-pandemia, o transporte de cargas está 30,3% acima de fevereiro de 2020.

Próximos cenários

Edison Ferreira de Araújo, presidente da Fecomércio-MS (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Mato Grosso do Sul), explica que os primeiros meses de 2023 podem registrar recuo em volume de serviço levando em consideração a dispensa de funcionários temporários.

“Nos últimos meses do ano são contratados os frelancer para o Ano Novo e Natal, algumas empresas não tem interesse em efetivá-los e os dispensam. Isso pode ter relação com a queda de serviços prestados em dezembro”.

A projeção do cenário apontado pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) já mostra estabilidade nas vendas em 2023, com alta de 0,8%. A estimativa se baseia na taxa básica de juros da economia e só deve recuar a partir da sexta reunião do Comitê de Política Monetária, que ocorrerá em setembro. Mesmo com esse recuo esperado, a taxa Selic deverá encerrar em patamar elevado, de 12,25% ao ano.

“O panorama revela um 2023 desafiador para o varejo brasileiro, que deve enfrentar ainda momentos de turbulência nos primeiros meses do ano”, aponta o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Os juros elevados, o aumento da inflação e o mercado de trabalho estabilizado são responsáveis pela primeira queda depois de três altas mensais consecutivas do volume de vendas do varejo.

O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de dezembro encerrou com saldo negativo nos setores de alimentação e bebida (-0,26), habitação (-0,21) e artigos para residência (-0,17%), em Campo Grande. Conforme o balanço divulgado nesta terça-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o índice geral do mês é de 0,30%.

Inflação prejudica alta

Conforme o economista da CNC responsável pela análise, Fabio Bentes, os números em queda no varejo estão relacionados ao aumento dos preços por sequências de deflações observada no terceiro trimestre do ano passado.

O índice geral de preços, medido pelo IPCA, voltou a registrar alta, de 0,41%, em novembro, após avanço de 0,59% em outubro. Os grupos de vestuário e transportes foram os principais responsáveis pela alta dos preços de novembro, com aumento de 1,1% e 0,83%, respectivamente.

“O aperto monetário no varejo se fez sentir ao longo de todo o ano de 2022 e, apesar do tímido crescimento, o volume de vendas no acumulado de 12 meses ainda se mantinha no campo positivo ao final do primeiro quadrimestre do ano passado, em alta de 0,7%, mas despencou para uma queda de 1,8% em julho”, analisa Bentes.

Nas operações de crédito livremente contraídas por pessoas físicas, a taxa média de juros dos empréstimos e financiamentos atingiu 59% ano – maior patamar desde agosto de 2017 (quando estava em 62,3% a.a.). “Esse fenômeno, aliado ao grau de endividamento historicamente elevado dos consumidores nos últimos meses do ano, foi um empecilho ao crescimento das vendas, especialmente nos segmentos em que há predominância do consumo a prazo”, afirma o economista da CNC.

Quedas nas contratações

Conforme a confederação, a perda de fôlego nas contratações, que é a principal origem da geração de recursos destinados ao consumo, também tem contribuído para a desaceleração das vendas nos últimos meses, explica Bentes.

A desaceleração do ritmo de geração de vagas celetistas medidas pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostra que, embora o saldo acumulado em doze meses tenha sido positivo ao fim de novembro, com 2,18 milhões de postos abertos, o número de vagas naquele mês foi o menor registrado desde abril de 2021.