Com o pagamento do segundo lote de restituição do IR (Imposto de Renda) depositado nesta sexta-feira (30), muitos beneficiários se perguntam qual a melhor forma de usar o dinheiro. Em Mato Grosso do Sul, a Receita Federal pagou a restituição do Imposto de Renda para 74,2 mil contribuintes. Os valores chegam a R$ 104 milhões em todo o Estado.

Investir? Quitar dívidas? Criar uma reserva de emergência? Para facilitar a organização financeira, especialistas em economia orientam qual a melhor opção para administrar o dinheiro extra.

Para o professor de economia da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), Mateus Abrita, a melhor opção é usar o dinheiro para quitar dívidas. Caso não esteja inadimplente, a recomendação é criar uma reserva de emergência e garantir o “pé de meia”.

“O ideal é usar o dinheiro extra para quitar as dívidas e evitar os juros rotativos do cartão de crédito. É importante não deixar mais de 30% da renda comprometida com prestações”, orienta o economista.

Já a economista Aline Pereira Moreira esclarece que a melhor opção depende do perfil de cada beneficiário. Segundo ela, adiantar contas não é vantajoso para todo tipo de contribuinte.

“As recomendações principais são investir. Pagar contas e quitar empréstimos entram na questão de administração da renda regular. Se a pessoa está guardando esse dinheiro a mais para pagar contas regulares quando for o próximo mês, pode prejudicar. No caso de contas em atraso ou amortizar dívidas, contas com juros, aí é uma sugestão mais viável para usar o dinheiro”.

Em 2022, um levantamento da fintech de recuperação de crédito Acordo Certo, ligada ao Grupo Boa Vista, mostrou que 2 em cada 3 brasileiros iriam usar o dinheiro da restituição para quitar dívidas.

Conforme os dados, pagar as contas da casa era prioridade para 31% dos entrevistados, e aplicar em investimentos era a alternativa para 19% das pessoas que receberam restituição.

Para a economista também é essencial priorizar o bem-estar e não focar apenas em pagar contas ou guardar o dinheiro.

“Uma dica interessante é dividir o valor por porcentagem. Uma parte destinar para investir, outra para regularizar dívidas, se tiver pendências priorizá-las e deixar uma parte para aproveitar”, ressalta.

Por que ter uma reserva de emergência?

Como o próprio nome já diz, a reserva de emergência é um dinheiro destinado a imprevistos. Imagine que do nada sua geladeira quebre ou o carro perca o motor. Você teria dinheiro à vista para resolver o problema sem se endividar? É aí que entra a reserva de emergência.

Segundo o professor Mateus Abrita, ter um dinheiro reserva é fundamental para a organização financeira e existem diversas opções que vão além da poupança.

“A Reserva de emergência é importante porque é sempre bom ter investimentos que tenham liquidez imediata, ou seja, que você possa resgatar em qualquer momento que surgir uma emergência. Nesse sentido, CDBs, LCAs e LCIs que tenham liquidez imediata podem ser boas opções”, explica o especialista.

CDB (Certificado de Depósito Bancário): título emitido por bancos (escolha a opção que apresenta liquidez diária e remunera pelo menos 100% da taxa DI).

Conforme a Serasa, a reserva de emergência (ou fundo de emergência) deve ser destinada apenas a cobrir despesas inesperadas e urgentes como:

  • perda do emprego;
  • tratamento médico;
  • problemas mecânicos no carro;
  • consertos urgentes na casa.

Para Aline Moreira, o termo mais adequado para quem pretende guardar dinheiro é Reserva Financeira. “Costumo dizer que quando chamamos de reserva de emergência criamos uma emergência para usá-la então chamo de reserva financeira”, enfatizou.

Conforme a economista, para que a reserva seja feita de forma adequada é necessário seguir critérios como segurança, liquidez e rentabilidade.

“Primeiro é a renda fixa, que são investimentos seguros com menor volatilidade, segundo é poder ter o dinheiro de forma rápida para usar na melhor oportunidade e poder resgatar de forma rápida, é o que a gente chama de liquidez. Em terceiro vem a rentabilidade, no cenário econômico atual com a taxa Selic em 13,75% é um critério vantajoso”, explicou Aline.

Investimentos

Dados da B3 (Bolsa de Valores do Brasil) apontam que, em fevereiro de 2023, 6 milhões de pessoas investiram em algum tipo de ativo. Segundo a pesquisa, isso se deve ao valor que os investimentos proporcionam, que são maiores que a poupança.

Para quem pretende investir, mas não sabe por onde começar, Aline Moreira orienta que o primeiro passo é definir seus objetivos.

“Primeiro de tudo é preciso conhecimento pessoal para entender os objetivos e o perfil investidor. Quando começa, é preciso ter uma reserva financeira e destinar uma parte pensando a longo prazo, para a aposentadoria”, explica.

Mateus Abrita ressalta que avaliar o perfil do contribuinte é essencial na hora de escolher onde investir. Segundo ele, os perfis costumam variar entre conservador, moderado e agressivo.

“Caso ele seja conservador, existem opções de renda fixa, mesmo com cenário de possível queda da taxa Selic. Uma sugestão são os títulos do tesouro direto. Para o investidor mais agressivo na bolsa, existem boas ações, com perspectivas positivas para o médio e longo prazo”, destaca o economista.

Conforme os economistas, entre as opções de investimentos com maior rentabilidade que a poupança, estão:

CDB (Certificado de Depósito Bancário): título emitido por bancos (escolha a opção que apresenta liquidez diária e remunera pelo menos 100% da taxa DI).

Tesouro Selic: é a melhor opção de investimento dentro do Tesouro Direto para quem precisa de alta liquidez, segurança e rendimentos maiores que a poupança.

LCI (Letra de Crédito Imobiliário)/ LCA (Letra de Crédito do Agronegócio): investimentos em renda fixa isentos de Imposto de Renda, que costumam garantir retornos bem superiores ao da caderneta de poupança.

Fundos de Investimentos: investimentos coletivos geridos por profissionais, que reúnem recursos de vários investidores para aplicar em diferentes ativos. Podem ajudar investidores novatos a diversificar seus investimentos e ter acesso a uma gestão profissional.

Fundos Imobiliários (FIIs): fundos que investem em imóveis ou títulos relacionados ao mercado imobiliário, permitindo que os investidores tenham acesso a rendimentos provenientes de aluguéis ou venda de imóveis. Podem ajudar investidores inexperientes a investir em imóveis com pouco dinheiro.

CRIs/CRAs: títulos de dívida lastreados em créditos imobiliários (CRI) ou do agronegócio (CRA), que permitem aos investidores emprestar dinheiro para empresas desses setores e receber juros em troca. Podem te ajudar a diversificar seus investimentos e ter acesso a setores específicos da economia.

Ações na Bolsa de Valores: títulos que representam uma fração do capital social de uma empresa, permitindo que os investidores se tornem sócios da empresa e participem dos lucros e prejuízos. Podem ajudar investidores novatos a investir em empresas, diversificar seus investimentos e ter acesso ao mercado acionário.