Dólar recua 0,43% no dia, a R$ 5,0313, e encerra semana em baixa de 1,12%

O dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 20, em queda de 0,43%, cotado a R$ 5,0313, no mercado doméstico de câmbio, em dia de sinal predominante de baixa da moeda norte-americana e recuo das taxas dos Treasuries longos. Pela manhã, a moeda até ensaiou uma alta firme e se aproximou do teto de […]

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Dólar (Agência Brasil)

O dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 20, em queda de 0,43%, cotado a R$ 5,0313, no mercado doméstico de câmbio, em dia de sinal predominante de baixa da moeda norte-americana e recuo das taxas dos Treasuries longos. Pela manhã, a moeda até ensaiou uma alta firme e se aproximou do teto de R$ 5,10, quando registrou máxima a R$ 5,0986 em movimento atribuído por operadores ao recuo de mais de 3% do minério de ferro. Apesar da crise no setor imobiliário, o Banco do Povo da China, (PBoC, o BC chinês) optou por manter suas principais taxas de juros inalteradas.

Passado o momento de estresse, houve uma onda de realização de lucros intraday, com o mercado local se alinhando à queda da moeda norte-americana no exterior, em especial em relação ao principais pares do real, os pesos mexicano e colombiano. Na mínima, o dólar à vista tocou a casa de R$ 5,02 (R$ 5,0259).

Com investidores correndo para o abrigo dos Treasuries na véspera do fim de semana, dada a incerteza sobre os desdobramentos da guerra no Oriente Médio, com eventual invasão da Faixa de Gaza por tropas israelense, as taxas dos papéis caíram. O retorno da T-note de 10 anos, que na quinta-feira se aproximou de 5%, operava no fim da tarde ao redor de 4,91%.

“O mercado local operou bem em linha com o exterior. Divisas emergentes se apreciando um pouco e a curva americano fechando. Obviamente, o dólar como principal moeda é procurado como refúgio. Mas o déficit fiscal muito alto é uma notícia ruim para a moeda americana. Então temos essa dicotomia. E hoje o dólar está caindo lá fora”, afirma o chefe da mesa de operações do C6 Bank, Felipe Garcia.

Na semana, contudo, o yield da T-note de 10 anos – referência para os negócios de renda fixa no mundo – subiu mais de 6%, diante de preocupações com o déficit americano, que pode aumentar em razão da ajuda prometida pelo governo Joe Biden a Israel e à Ucrânia, e desequilíbrios técnicos entre oferta e demanda. A secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen, reforçou nesta sexta o pedido de Biden para que o Congresso aprove orçamento suplementar.

Mesmo com a alta das taxas dos Treasuries, que costuma castigar divisas emergentes, o dólar termina a semana com queda de 1,12% no mercado doméstico. O real ostenta nesse período o melhor desempenho entre as principais divisas latino-americanas. Com a valorização nos últimos cinco pregões, a moeda agora apresenta apenas ligeira alta em outubro (+0,09%). A valorização do real na semana é atribuída em parte ao avanço das cotações do petróleo e dados recentes positivos da economia chinesa.

“Apesar da escalada dos juros americanos, com a taxa de 10 anos flertando com os 5% ao ano, o real tem conseguido manter o seu valor”, afirma a analista Lais Costa, da Empiricus Research, destacando que a moeda brasileira mantém um ótimo desempenho em 2023, oferecendo ganhos de quase 16% “considerando o carrego”, ou seja, a remuneração oferecida pelas taxas de juros. O real tem, no ano, desempenho relativo inferior apenas em relação aos pesos colombiano e mexicano, outros dois países com taxas de juros elevadas.

Costa observa que, com ajuste técnico no mercado local de juros futuros, as taxas passam a embutir perspectiva de Selic já perto de 11% no fim do atual processo de redução da taxa básica. “Esse é um cenário possível. Se, de fato, o BC indicar que pararemos o ciclo de corte de juros muito acima do juro neutro, o real deve continuar entregando uma boa performance.”

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