Com commodities e bancos, Ibovespa sobe 0,85% e retoma os 106 mil pontos

O Ibovespa retomou o nível de 106 mil pontos nesta segunda-feira, 8, não visto em fechamento desde o intervalo entre 11 e 18 de abril. No melhor patamar intradia em quase um mês e encadeando três ganhos nesta abertura de semana, o Ibovespa subiu 0,85%, aos 106.042,15 pontos, entre 105.161,13, mínima na abertura, e 106.715,75 […]

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(Agência Brasil)

O Ibovespa retomou o nível de 106 mil pontos nesta segunda-feira, 8, não visto em fechamento desde o intervalo entre 11 e 18 de abril. No melhor patamar intradia em quase um mês e encadeando três ganhos nesta abertura de semana, o Ibovespa subiu 0,85%, aos 106.042,15 pontos, entre 105.161,13, mínima na abertura, e 106.715,75 (+1,49%), na máxima no começo da tarde, mesmo com o sinal negativo de Nova York em boa parte da sessão. O bom desempenho das ações de commodities, em dia de recuperação para o petróleo e o minério de ferro (em alta de 5% na China), prevaleceu sobre a cautela externa e os ruídos domésticos, em sessão na qual o Ibovespa contou também com o impulso dos papéis do setor financeiro, de grande peso no índice

“Otimismo prevaleceu desde a abertura com as commodities, a que o Ibovespa tem forte exposição”, diz Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos, observando que os mercados de Nova York ainda digeriam, nesta segunda-feira, leitura sobre o relatório do mercado de trabalho americano, na última sexta, bem como declarações da secretária do Tesouro, Janet Yellen, no fim de semana, em meio à disputa política pela elevação do teto de gastos federais. Expectativa também do mercado para novos dados de inflação nos Estados Unidos esta semana, acrescenta o analista. Ao fim, Dow Jones mostrava leve perda de 0,17% na sessão, com S&P 500 e Nasdaq em alta, respectivamente, de 0,05% e 0,18%.

Na ponta do Ibovespa, destaque para o prolongamento de ganhos nas ações da Braskem, em alta de 6,48% após avanço superior a 23% na sexta-feira, com os relatos sobre oferta de aquisição da empresa – hoje, atrás de Carrefour Brasil (+7,26%) e de Assaí (+6,57%), em recuperação técnica após ambas as redes terem indicado dificuldades no cenário ao divulgarem os respectivos resultados, na última semana, com aumento de concorrência e pressão sobre as margens, aponta Costa, da Toro. Destaque também nesta segunda-feira para Alpargatas (+7,44%) e BRF (+7,01%).

No lado oposto do Ibovespa nesta abertura de semana, SLC Agrícola (-6,80%), Iguatemi (-2,69%) e JBS (-2,63%). Entre as blue chips, Petrobras ON e PN fecharam o dia em alta, respectivamente, de 1,64% e 2,13%, enquanto Vale ON avançou 1,35% na sessão, de ganhos bem distribuídos também entre os grandes bancos (destaque para Bradesco PN +3,72%), à exceção de BB (ON -0,39%). Como na última sexta-feira, o giro na B3 mostrou-se mais agudo do que a média recente, hoje a R$ 29,3 bilhões.

Apesar da elevação do dólar frente ao real (+1,37%, a R$ 5,0115) e também da curva de juros doméstica, especialmente dos vencimentos mais longos – após a confirmação de que o secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, é o indicado do governo para a diretoria de Política Monetária do BC, vaga desde o fim de fevereiro -, o Ibovespa conseguiu manter o viés positivo mesmo em dia negativo para as ações de utilities, em especial Eletrobras (ON -1,71%, PNB -1,74%). As perdas para a elétrica já superam 20% no ano, no caso da ação ordinária, em meio a investidas do presidente Lula contra a venda da (então) estatal pelo governo Bolsonaro.

Para Antonio Junqueira, head de research do Citi para a América Latina, atuação do governo junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que declare como inconstitucional a cláusula que limita a 10% o poder de voto da União na Eletrobras privatizada é uma manobra no sentido de tentar recuperar um direito que havia sido “vendido” na negociação do ativo, em tentativa, agora, de ruptura de contrato assinado pela administração anterior.

“O compromisso com contratos assinados por líderes anteriores é precisamente o que faz de um país um bom lugar para alocação de recursos de longo prazo – chave para investimentos em infraestrutura que melhoram diretamente a qualidade de vida de todos os brasileiros”, acrescenta Junqueira em análise distribuída a clientes do Citi.

Embora esperada, a confirmação da indicação de Galípolo para o posto-chave de política monetária no colegiado do BC, comandado por Roberto Campos Neto – sob fogo cerrado há meses pelo nível da Selic -, refletiu-se mais no câmbio e nos juros do que propriamente na Bolsa, que ainda acumula descontos. No ano, o índice da B3 segue no negativo (-3,36%), após um mês de janeiro de avanço, sucedido por perdas entre fevereiro e março. Em maio, sobe agora 1,54%, após alta de 2,50% em abril.

“Por mais capacitado e técnico que o Galípolo seja – a questão não é entrar nesse mérito -, é óbvio que vai ter leitura do mercado de o governo ‘forçar a barra’ para direcionar a menores juros, de pautas de atividade e emprego sendo olhadas também pelo Banco Central. O mercado já esperava isso, não contraria a expectativa, mas sim a opinião do que eventualmente seria melhor para o BC”, diz Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos.

“Mais um movimento para pressionar o Banco Central a cortar juros”, enfatiza Marcatti, ressalvando que as decisões do BC são colegiadas e têm sido unânimes na atual configuração do Copom. “Baixar juros na marra não funciona, ainda que o governo mostre insatisfação. Faz parte do show o governo brigar por mais atividade, mas precisa fazer também a parte dele.”

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