BC deve reduzir Selic em 0,5 ponto e mercado vê pouco espaço para acelerar cortes

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central começou nesta terça-feira, 12, a reunião que vai definir a nova taxa de juros básica (Selic). Para o mercado, não há dúvida de que a taxa que será divulgada amanhã será de 11,75%, um corte de 0,5 ponto porcentual. E a avaliação da maior parte dos […]

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(Agência Brasil)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central começou nesta terça-feira, 12, a reunião que vai definir a nova taxa de juros básica (Selic). Para o mercado, não há dúvida de que a taxa que será divulgada amanhã será de 11,75%, um corte de 0,5 ponto porcentual. E a avaliação da maior parte dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast é de que esse ritmo de cortes deve ser mantido para as próximas reuniões.

Das 57 instituições ouvidas, 51 (89%) esperam cortes sequenciais de 0,5 ponto nos juros até a reunião de março de 2024. Outras cinco casas (9%) veem aceleração dos cortes para 0,75 ponto nesse período, sendo que três projetam essa aceleração já para janeiro e duas a partir da reunião de março. A previsão do mercado indica que a Selic chegará a 9,5% no fim desse ciclo de cortes.

A avaliação do Banco Barclays é que a possibilidade de o Copom acelerar o ritmo de cortes é bem pequena, e que o BC deve reforçar a estratégia de diminuir a Selic em 0,5 ponto nas próximas reuniões e mantê-la em nível contracionista (ou seja, visando ao desaquecimento da economia, para não gerar inflação)

“Acreditamos que a barra para o BC acelerar o ritmo de cortes continua alta, o que ampara nossa expectativa de que ele continuará cortando a taxa Selic a um ritmo de 50 pontos-base pelo futuro próximo”, diz o economista do Barclays para Brasil, Roberto Secemski, que espera Selic em 9,5% no fim do ciclo.

Ele vê uma “melhora substancial” da inflação no Brasil ao longo dos últimos meses. Mas destaca que ainda há fatores que devem preocupar o BC. Entre eles, o nível incerto de ociosidade da economia, que se reflete num mercado de trabalho forte, com expectativas de inflação ainda desancoradas.

Para o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Daniel Xavier, o comunicado desta quarta-feira pós-Copom deverá repetir o mesmo tom adotado na reunião de novembro. Caso ocorra alguma mudança, ele deve pender para um lado mais “dovish” (de juros menores), diz. O economista ressalta que, desde a última reunião, houve melhora tanto no cenário de inflação doméstico quanto no internacional. Do lado fiscal, acrescenta, o desenvolvimento também foi favorável, com manutenção da meta de resultado primário.

O cenário-base do ABC é de manutenção dos cortes de 0,50 ponto até a reunião de julho, seguido por uma redução final de 0,25 ponto em setembro, levando a Selic para 9%. Sobre uma possível sinalização de aceleração do ritmo de cortes, para 0,75 ponto, Xavier avalia que não há muito espaço. “Não é isso que as falas recentes têm sinalizado”, diz.

A manutenção dos cortes em 0,50 ponto também faz parte do cenário atual do Sicredi. Há um mês, no entanto, a projeção incluía aceleração para 0,75 ponto na reunião de janeiro. A estimativa foi revista diante da preocupação do BC com o cenário internacional, mencionada na última ata do Copom, de acordo com o economista-chefe do banco, André Nunes.

“Manter o ritmo em 0,5 ponto vai ajudar a acertar o passo com o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), que deve cortar juro só no meio do ano que vem. Se o BC acelerar agora, o diferencial de juro vai mudar muito, o que tende a mexer com o câmbio, algo que pode ser desconfortável sob o ponto de vista da inflação”, explica. “O BC parece estar bem confortável com esse ritmo.” Nunes acredita que a frase em que o colegiado menciona a manutenção do ritmo de cortes pelas próximas reuniões deverá ser mantida na próxima comunicação do comitê.

Contraponto

A Asa Investments está entre as casas que seguem apostando numa ampliação do ritmo de cortes da Selic para 0,75 ponto, que no cenário do economista Leonardo Costa deve acontecer a partir de janeiro. Ele cita a continuidade da desinflação de serviços e da média dos núcleos como condicionante fundamental para a intensificação no ritmo de redução. “Temos visto o (diretor do BC) Diogo Guillen frisar isso nas suas apresentações”, afirma.

O economista ressalta, porém, que a desancoragem das expectativas de inflação, com destaque para o ano de 2025, é a principal variável que pode limitar a ampliação dos cortes no início do ano que vem.

Em relação ao comunicado do Copom, Costa espera que haja certa flexibilização no trecho em que o colegiado vinha apontando que os cortes de 0,5 ponto são vistos como o ritmo adequado à frente “O plano de voo original ainda é manter em 0,5, mas ele pode desamarrar, dizer que o plano é esse mas que não necessariamente será seguido dessa maneira”, diz.

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