Mato Grosso do Sul enfrentou uma semana de intenso frio pelas manhãs e geada chegou a ser registrada em cidades do interior. As temperaturas baixas impactam não apenas o dia a dia dos moradores, como também a produção de e hortaliças no Estado.

Ao Jornal Midiamax, o consultor técnico do Sistema Famasul, Lenon Lovera, explicou que todas as culturas a campo estão sujeitas às adversidades climáticas, e dependendo do fisiológico das plantas, podem ter o seu desenvolvimento prejudicado.

Em MS, o impacto maior da geada é no milho, hortaliças e na fruticultura. “Para o milho, o produtor tem como ferramenta de suporte o seguro rural, e para a horticultura e fruticultura, é possível fazer manejos para minimizar as perdas. Para a pecuária, a geada pode prejudicar a pastagem, mas é possível planejar a produção de volumoso e fornecer alimentos na falta de pastagem, entretanto a qualidade da pastagem é prejudicada pela geada”, disse.

Ainda segundo Lovera, o clima interfere e gera risco para quem produz, especialmente para os grãos de milho na segunda safra, pois, quanto mais tarde ocorrer o plantio, maior o risco de uma possível geada afetar sua produção.

“A geada resultará no congelamento das células da planta, especialmente das folhas, e, como consequência, ocorrerá ruptura da célula e morte do tecido. No caso das hortaliças folhosas, o prejuízo é contabilizado imediatamente, pois o produto final são as folhas. Então, a geada sempre irá trazer diminuição ou perda de produção”, comentou.

Impacto no bolso do consumidor

Ao Portal UOL, o coordenador do mestrado profissional em agronegócios da FGV (Fundação Getulio Vargas), Felippe Serigati, diz que as culturas mais afetadas ficam em Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, e também aqui no Mato Grosso do Sul.

Se os preços dos alimentos já estão altos, o frio intenso pode piorar a situação. Nos últimos 12 meses encerrados em abril, a inflação para alimentação e bebidas ficou em 13,47%, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O café moído ficou 67,53% mais caro, as hortaliças e verduras, 36,62%, e o milho em grão, 21,14%. “Se a geada for muito intensa, os preços devem subir fortemente. No caso do milho, se houver uma quebra de produção grande, não haveria alternativa global para o fornecimento mundial do cereal”, afirma Alê Delara, sócio-diretor da Pine Agronegócios, corretora de commodities.

Isso porque a Ucrânia, que é um grande exportador de milho, não está vendendo os grãos por causa da guerra. Ainda não dá para prever quanto os preços devem ser pressionados por perdas em safras.

“O mercado já precificou [antecipou] um pouco a geada. O que vai dizer se o preço vai ficar mais alto ou baixo é a intensidade do frio ou alguma atualização dos mapas climáticos que temos hoje”, disse Serigati.

A má notícia é que a inflação dos alimentos deve continuar no dia a dia dos brasileiros por alguns meses. Serigatti diz que o consumidor deve começar a sentir algum alívio em um prazo de três a seis meses.