Dólar sobe 0,34% hoje, mas fecha semana com perda de 3,61% de olho em PEC

Após uma sequência de quatro pregões de queda firme, período em que acumulou desvalorização de 3,94%, o dólar subiu na sessão desta sexta-feira, 2, e voltou a fechar acima da barreira dos R$ 5,20, com ajustes de posições e realização de lucros em sessão de liquidez reduzida por conta do jogo do Brasil contra Camarões […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
A alta do dólar no mercado doméstico se deu em sintonia com a tendência de valorização (Agência Brasil)

Após uma sequência de quatro pregões de queda firme, período em que acumulou desvalorização de 3,94%, o dólar subiu na sessão desta sexta-feira, 2, e voltou a fechar acima da barreira dos R$ 5,20, com ajustes de posições e realização de lucros em sessão de liquidez reduzida por conta do jogo do Brasil contra Camarões na Copa do Qatar.

A alta do dólar no mercado doméstico se deu em sintonia com a tendência de valorização da moeda americana em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities. O dia foi marcado por dados acima do esperado da geração de emprego nos Estados Unidos em novembro, o que dá sustentação à tese de que o Federal Reserve (Fed, o BC americano), embora possa desacelerar o ritmo de aumento de juros neste mês, deve prolongar o aperto monetário em 2023. O payroll mostrou criação de 263 mil vagas em novembro, acima do esperado por analistas (200 mil) e aumento dos salários superior ao previsto.

Por aqui, investidores monitoraram as negociações em torno da tramitação da PEC da Transição no Senado, com possível redução de valor e do prazo de validade de quatro para dois anos, e digeriram declarações do presidente eleito. Em coletiva de imprensa, Luiz Inácio Lula da Silva disse que só anunciará seus novos ministros após sua diplomação, marcada para o dia 12 de dezembro, e defendeu a configuração atual da PEC da Transição, embora tenha dito que possa haver negociação.

Após uma manhã volátil, que chegou a recuar e registrou mínima a R$ 5,1634, em meio a relatos de entrada de exportadores e de fluxo financeiro para a Bolsa, o dólar se firmou em alta ao longo da tarde. A máxima da sessão, a R$ 5,2409 (+0,84%), se deu em meio à fala de Lula e ao pico da valorização do dólar frente a pares do real, como o peso mexicano. No fim do dia, a divisa era negociada a R$ 5,2150, em alta de 0,32%. Com quatro pregões de baixa firme e o suspiro de hoje, o dólar encerra a semana com desvalorização de 3,61%.

“Como domesticamente não tivemos uma grande novidade hoje, o que balizou os negócios foi o movimento externo. Com o payroll forte, o dólar tende a subir mesmo”, afirma o analista de câmbio analista de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, acrescentando que é natural haver um ajuste de alta após uma sequência expressiva de pregões de baixa.

A desvalorização do dólar ao longo da semana é atribuída à possibilidade crescente de desidratação da PEC da Transição e à perspectiva de uma articulação política mais efetiva por parte do governo eleito com a presença de Lula em Brasília. Fontes afirmaram ao Broadcast que está “pacificado” no Congresso o prazo de dois anos para retirada das despesas com o Bolsa Família do teto de gastos, em vez dos quatro anos pleiteados pelo futuro governo.

Haveria divergências, contudo, em relação ao valor, estipulado em R$ 198 bilhões no texto apresentado. Petistas já admitiriam, contudo, a possibilidade de redução para a faixa de R$ 150 bilhões. Circulam rumores também que poderia vingar uma proposta híbrida, com elevação do teto em R$ 80 bilhões e gastos extrateto de R$ 70 bilhões para bancar o Bolsa Família.

O mercado também acompanha a novela em torno da escolha do ministro da Fazenda, peça-chave para saber qual como será a condução da política econômica. Lula evitou responder questão sobre a possibilidade do ex-prefeito Fernando Haddad, nome mais cotado neste momento, ocupar a Fazenda. “Se eu responder o que você quer, você já vai saber o que eu penso, então eu não vou responder”, disse.

Conteúdos relacionados