A Energisa — que só ano passado teve um lucro líquido de R$ 3,1 bilhões — deve anunciar nesta terça-feira (5) um de 16% para o bolso do consumidor. Previsto em contrato, o valor é oriundo da inflação acumulada dos últimos 12 meses pelo IGP-M (Índice Geral de Preços ao Consumidor). A nova tarifa vai entrar em vigor ainda esta semana, precisamente na sexta-feira (8).

Outra notícia desagradável para a população é que também vai se iniciar aquele pagamento relacionado ao aumento de custo no período de estiagem. O MW/h (Mega Watt/Hora), que hoje custa para a Energisa R$ 60, chegou a valer R$ 2 mil no ápice da seca. Esse aumento exorbitante no valor da pago pela Energisa se deu porque, com a falta de chuvas, as hidrelétricas diminuíram a capacidade de gerar energia. O resultado foi recorrer para as termelétricas — uma energia cara e extremamente poluente.

Todas as 53 distribuidoras de energia atuantes no País vão pegar, juntas, R$ 5,6 bilhões para suprir a necessidade dos gastos com as termelétricas. A Energisa vai receber R$ 178 milhões e será um empréstimo oferecido por 22 bancos, que também começará a ser pago — pela população — a partir do dia 8 deste mês. As concessionárias de energia também vão receber outro empréstimo no valor R$ 6 bilhões para a construção de termelétricas. No caso de Mato Grosso do Sul, duas termelétricas serão construídas. Hoje, o Estado só tem uma — a William Arjona. Essa conta vai chegar para o consumidor, mas não agora.

Energisa goza de boa saúde financeira

Com a confirmação do reajuste de 16%, o acumulado dos últimos cinco anos chegará a 54%. Ao mesmo tempo, os reajustes no salário mínimo somam apenas 26% — menos da metade. Os números da Energisa mostram que a empresa goza de boa saúde financeira. Só ano passado, o lucro líquido total foi de R$ 3,1 bilhões. No último trimestre do ano passado, o lucro líquido foi de R$ 582,6 milhões — um acréscimo de 203,4%, comprovando que a energia é um bom negócio.

No começo do ano passado, em plena pandemia, a Energisa lucrou R$ 873,3 milhões só no primeiro trimestre — um crescimento de 50,1%. Já no segundo trimestre, esse mesmo lucro foi de R$ 749 milhões e no terceiro trimestre aumentou para R$ 863,9 milhões. As despesas operacionais da empresa estão cada vez menores, assim como a dívida líquida. Além de Mato Grosso do Sul, a companhia controla outras dez distribuidoras: Minas Gerais, Sergipe, Paraíba, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Tocantins, São Paulo, Paraná, e Rondônia, com uma área de concessão que atinge 2.034 mil km² — equivalentes a 24% do território nacional.