O BC () libera, a partir desta segunda-feira (7), a consulta de valores e pedidos de resgate do dinheiro ‘esquecido' nos bancos. A estimativa inicial é que R$ 8 bilhões voltem a circular no sistema financeiro, sendo R$ 4 bilhões nesta primeira fase. Uma das opções a receber é informar dados para que o PIX caia na conta. E, com essa grana inesperada a mais no orçamento, o Jornal Midiamax ouviu especialistas para ajudar na melhor alternativa de uso destes valores. 

“Esse dinheiro será devolvido para um grupo restrito da população, a qual foi identificada que tem um valor a receber dentro do sistema financeiro e, por alguma razão, não sabia. O que ocorre é que o sistema financeiro, com os seus integrantes como bancos, empresas de consórcio, poupanças, cooperativas e outras, vêm sendo auditadas frequentemente e o principal regular é o BC. Desta forma, essas instituições precisam declarar qual o valor que os seus clientes têm a receber e que eventualmente não resgatam ou não resgataram há muito tempo”, afirmou o economista Renato Gomes. 

No período de auditoria, por exemplo, pode ser constatado, por exemplo, um erro de cálculo dos bancos e isso precisa ser informado no balanço enviado ao Banco Central. “As instituições acabam reportando, de maneira devida, já que isso pode gerar algum tipo de fraude, alguma inconsistência de informações e as empresas do sistema financeiro podem ser multadas. Com isso, elas já comunicam quanto precisam pagar para clientela”, explicou Gomes.

Desde o início do ano, houve então uma grande divulgação sobre este dinheiro ‘esquecido'. Nesta primeira fase, a estimativa é pagar R$ 4 bilhões para cerca de 28 milhões de brasileiros, sendo 26 milhões deles pessoas físicas e outros 2 milhões pessoas jurídicas. 

“Estamos com uma perspectiva de educação financeira e esta é uma oportunidade muito boa para isso. É um caso clássico de renda extraordinária. Temos a renda recorrente, que é o nosso salário e, eventualmente, podemos ter uma renda inesperada, uma renda extraordinária, um momento de agir com prioridades, principalmente porque o que manda na educação financeira é o hábito, a psicologia e o comportamento”, alegou o economista. 

Na prática, veja o que ele diz ser prioridade a ser feito com este dinheiro:

  • Priorizar contas atrasadas e não fazer novas contas.
  • Quitar empréstimos, se tiver, principalmente pelos juros que estão correndo.
  • Se estiver devendo algum banco, entre em alguma negociação favorável.
  • Faça o conserto de algum veículo que use para ir ao trabalho e deixou parado.
  • Não fazer compras parceladas de itens supérfluos.

“Essas são algumas das prioridades. A pessoa não deve pensar em aumentar o padrão de vida, por exemplo. Se ela estiver em uma  situação mais positiva e aí começa a aumentar o padrão de vida pode, em pouco tempo, ter novas dívidas. Esse dinheiro deve ser usado com coisas prioritárias, que vão fazer uma grande diferença na vida da pessoa e dar mais estabilidade. Isso faz com que a pessoa durma a cabeça tranquila e vai gerar uma grande mudança. É momento de agir com inteligência e não emoção”, argumentou Renato. 

Sobre investimentos, o professor de economia da (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), Mateus Abrita, ressaltou que uma dica seria avaliar o tesouro direto que pode gerar bons rendimentos. “Tudo vai depender do perfil de risco dessa pessoa, do prazo, quais são os planos para este dinheiro, qual o melhor investimento para o seu perfil e seus objetivos”, disse.

O professor ressalta que investimentos em renda fixa, como o tesouro direto, que são títulos públicos de bancos, devem ser avaliados. “Por outro lado, quem pensa em um perfil um pouco mais arriscado pode fazer uma análise sobre algumas ações no fundo de ações ou algum fundo multivariado, enfim, as opções são diversas e tudo vai depender do perfil de risco e do prazo que a pessoa tem para resgatar esse dinheiro”, finalizou.

Passo a passo para saber se tem dinheiro ‘esquecido' em bancos a receber:

– As consultas ao Sistema Valores a Receber já podem ser realizadas, exclusivamente no site valoresareceber.bcb.gov.br.

– No momento da consulta você saberá se tem valor a receber e, caso positivo, receberá data e período para consultar e solicitar o resgate do saldo existente.

– As datas serão agendadas de acordo com o ano de nascimento da pessoa ou da criação da empresa, conforme calendário abaixo.

– Quando receber a data, confira se você foi agendado para o período de 4h às 14h ou de 14h às 24h. Se você esquecer ou perder a data e o período, não tem problema. Consulte novamente e receba a mesma informação.

– Não deixe de voltar ao site valoresareceber.bcb.gov.br na data e período informados. Se não comparecer nessa data e período, você terá que voltar no sábado da repescagem, de acordo com o calendário acima. A repescagem vai funcionar durante todo o dia, das 4h às 24h.

– Se você também perder seu sábado de repescagem, poderá consultar ou solicitar o resgate do saldo existente a partir de 28/03/2022.

– Mas não se preocupe, mesmo se você não consultar ou solicitar o resgate do saldo existente em todas essas datas, ele continuará guardado à sua espera.

Observações importantes:

O Banco Central ressalta que não é possível consultar ou solicitar os valores no site principal do Banco Central, nem dentro do sistema Registrato. Todas as consultas e solicitações serão feitas exclusivamente em valoresareceber.bcb.gov.br.

Atenção: hoje basta seu CPF ou CNPJ, mas você precisará de um login Gov.br nível prata ou ouro para acessar o Sistema Valores a Receber na data e período agendados para consulta e resgate. Não será possível acessar o sistema com seu login Registrato. Se você ainda não tem login Gov.br, faça seu cadastro gratuito no site ou pelo App Gov.br (Google Play e App Store).

Não caia em golpes! O único site para consulta e solicitação no sistema é o valoresareceber.bcb.gov.br. O Banco Central não envia links e ninguém está autorizado a entrar em contato com você em nome do Banco Central ou do Sistema Valores a Receber.