65% dos brasileiros estão dispostos a obter benefícios através do “Open Finance”

Mesmo que seja uma faixa importante da população a interessada com benefícios financeiros, ainda são poucos os cidadãos que conhecem sobre o funcionamento do Open Banking. Confira.

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2021 foi caracterizado como o começo do fim daquele período de taxas de juros baixas no mercado financeiro. O ano passado começou com uma Taxa Selic no seu patamar mais baixo (2%), fechou em 9,25 pontos percentuais e ainda com previsões de futuros aumentos em 2022, que levariam a taxa básica de juros para 11,75% segundo o Relatório Focus que  reúne as previsões de mais de 100 instituições do mercado financeiro.

 

É importante levar em conta que a Selic, cujo valor é estabelecido pelo Comitê de Política Monetária (Copom), é a responsável pela determinação da maioria das taxas de juros do mercado. Assim, quando ela baixa, como aconteceu até março do ano passado, os juros cobrados pelos bancos também descem incentivando a contratação de crédito e o consumo; no entanto, quando ela sobe, as taxas de juros dos empréstimos ficam mais caras diminuindo o consumo na procura de controlar a inflação.

 

Assim, é lógico que os brasileiros estejam dispostos a fazer o possível para melhorar as condições na hora de solicitar qualquer tipo de crédito, seja obtendo juros mais em conta ou conseguindo maior número de parcelas para a devolução do valor. 

 

Neste sentido, a chegada do open banking no Brasil, já no ano passado, veio trazer uma alternativa para os usuários do sistema financeiro. Trata-se do projeto de modernização e compartilhamento de dados entre as diversas instituições e bancos desenvolvido pelo Banco Central que, entre outros efeitos, poderá fazer com que os interessados, compartilhando a sua informação financeira, obtenham melhores condições na contratação de créditos. 

 

Parece uma opção interessante para os consumidores de acordo com o refletido pelo levantamento elaborado pela plataforma Quanto em parceria com a Ater Capital. Segundo ele, dos usuários que possuem telefone celular e são titulares de conta bancária, 65% estão dispostos a compartilhar os seus dados se com isso pudessem obter acesso a melhores taxas nos serviços financeiros. 

 

A pesquisa reflete que essa vontade de obter maior disponibilidade de serviços adaptados ou benefícios nas taxas aparece no público com independência da classe social ou faixa etária analisada.  

 

Mas, o que é o Open Banking?

 

Esse sistema, inicialmente originado na Inglaterra e fortemente difundido na União Europeia e outras regiões do mundo, significa a possibilidade de clientes de produtos financeiros permitirem o compartilhamento de suas informações entre as instituições autorizadas pelo Banco Central, assim como a movimentação das suas contas bancárias mediante diversas plataformas existentes e não unicamente pelos aplicativos ou sites dos bancos, garantindo a segurança e agilidade. 

 

A ideia é que os bancos estejam informados no que tem a ver com a vida financeira dos clientes a partir do seu cadastro e de suas transações. Com isso, o objetivo do Banco Central é estimular a concorrência pois espera-se um maior desenvolvimento de melhores opções de serviços e produtos para cada perfil.

 

Antes da implementação deste programa, um banco não conseguia “enxergar” o relacionamento do cliente com outros bancos, portanto existia maior dificuldade de competir oferecendo melhores serviços. Com esse novo sistema, e sempre com o consentimento expresso do correntista, as instituições se conectam diretamente às plataformas de outras, acessando os dados autorizados pelos clientes. 

 

Na prática, por exemplo, significa que uma pessoa não precisa mais passar novamente por todo um processo informativo para solicitar um empréstimo online ou abrir uma conta em outro banco. É suficiente apenas autorizar o compartilhamento dos dados para que a nova instituição tenha toda a informação que for precisa. 

 

A importância da difusão do programa: confira as fases do Open Banking

 

No panorama atual, no entanto, o principal desafio do projeto é a comunicação para o público a respeito dos benefícios pessoais que pode trazer o compartilhamento dos dados para ele acontecer. Como explicou a líder da área de negócios da Quanto, Victoria Amato, “Essa preocupação com a contextualização para o usuário deve ser essencial para que o Open Banking tenha no Brasil um impacto ainda maior do que o que vimos em países como Reino Unido e nos Estados Unidos”.

 

Isso ainda precisa de promoção e difusão atento que menos de 15% da população sabe de que se trata o conceito de Open Banking como foi revelado por uma pesquisa elaborada pela Bain & Company entre os meses de julho e setembro do ano passado. 

 

No nosso país, a implementação do Open Banking foi projetada em 4 etapas ou fases, todas elas programadas para ter início em 2021 e cada uma com diversas características que avançam na abertura do sistema financeiro. Confira:

 

  • 1° Fase:  ela teve início em fevereiro do ano passado e não incluiu compartilhamento nenhum de dados dos clientes de acordo com o Banco Central. O seu objetivo foi a disponibilização ao público, por parte das instituições participantes, de informações padronizadas sobre os seus canais de atendimento e características dos seus produtos e serviços tradicionais. Isso favorece a comparação das diferentes ofertas simplificando a escolha da opção mais adequada com o perfil e necessidades das pessoas.

  • 2° Fase: começou em 13 de agosto de 2021 e talvez tenha sido a mais complexa de todas. Nesta etapa os clientes já podiam compartilhar suas informações entre as instituições participantes e começaram a receber ofertas adaptadas de acordo com seu perfil e histórico financeiro. Essa fase exigiu, e ainda exige, de uma forte estratégia de comunicação com os cidadãos para conseguir adesão da população. 

  • 3° Fase: teve início em 29 de outubro passado e suas principais novidades tem a ver com o Iniciador de Transação de Pagamento (ITP) e o encaminhamento de proposta de crédito. Ou seja, empresas podem solicitar ao BC serem “iniciadores de pagamento” simplificando as transferências dos usuários por meio dos seus aplicativos. Assim, por exemplo, um empreendimento que utiliza serviços de delivery poderá oferecer aos seus clientes a possibilidade de pagar o produto com PIX dentro do próprio aplicativo sem ter que sair dele para ingressar na interface do banco no qual possui a conta. O encaminhamento de propostas de crédito, por sua vez, significa que agora, tendo a informação dos usuários a disposição, são os próprios bancos que irão encaminhar diversas ofertas de empréstimos ou financiamento para as pessoas. Essa função começa a valer a partir de 30 de março deste ano. 

  • 4° Fase: significa a transição do Open Banking para o Open Finance. Isto quer dizer que o compartilhamento de dados e histórico sai do âmbito bancário passando a valer para toda a configuração de finanças pessoais como seguros, operações de câmbio, investimentos, etc.

*Esta é uma página de autoria de O MELHOR TRATO e não faz parte do conteúdo jornalístico do MIDIAMAX.

 

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