Fim do Bolsa Família impacta comércios nos bairros e causa preocupação em Campo Grande

Comerciantes do setor alimentício dos bairros são os principais afetados com a suspensão do auxílio

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Outubro de 2021 ficou marcado pelo fim do programa Bolsa Família. Enquanto seu substituto, o programa Auxílio Brasil, ainda está envolto em incertezas, famílias de Campo Grande – que utilizavam o valor do auxílio para custear compras de mantimentos básicos e outros produtos do cotidiano – já enfrentam as consequências da queda de renda.

A situação que afeta famílias de baixa renda já preocupa comerciantes do varejo na Capital, que viam no benefício circulação e sustento de microeconomias. Há 31 anos na gerência do supermercado Portoalegrense, no bairro Aero Rancho, Anildo Ribeiro conta que já é perceptível a queda no fluxo de clientes. Com isso, o supermercado já sente os efeitos no caixa. “Qualquer valor colocado na economia ajuda os comerciantes, melhora a venda, mas devido a esse corte desse incentivo para o povo, nós perdemos mais ou menos 20% ao mês, com certeza”, afirma Ribeiro. “Principalmente produtos da cesta básica, arroz, feijão, óleo, diminui muito a venda”, explica.

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O gerente ressalta que com a baixa no lucro, passa a ser cogitada até a demissão de funcionários. “À medida que cai o movimento, a gente pensa até em demitir porque cai o movimento e no mês seguinte você já tem que tirar de algum lugar para repor e pagar os funcionários, porque a venda que faz pagar os funcionários”.

Segundo ele, por enquanto nenhum dos 16 funcionários do supermercado corre o risco de perder o emprego. “Nós estamos fazendo o possível e impossível para não demitir ninguém. A gente vai tirando de outros lugares, vai tirando da luz, deixa de comprar algum aparelho para manter um funcionário. Tira de um lugar para colocar em outros”, pontua Ribeiro.

Produtos da cesta básica tiveram queda em supermercado. Foto: Renata Barros/Midiamax

 

Outros setores afetados

O setor de alimentos pode não ser o único afetado pela suspensão do Bolsa Família. A gerente da loja de roupas e utensílios de cama, mesa e banho, Magazine Campo Grande – Aero Rancho, Meire Camargo, ressalta que o auxílio era utilizado para compras à prestação e que os principais produtos adquiridos eram peças infantis. “Geralmente produtos para crianças, jogo de lençol, toalha, roupas infantis”, afirma. “A gente tem bastante cliente que recebia o auxílio. Com o fim, eles sentem e a gente também porque, querendo ou não, acaba atrapalhando, porque é uma coisa que eles contam para ajudar na renda familiar deles”, lamenta.

Para ela, a implementação do Auxílio Brasil vai contribuir com a renda dos clientes e consequentemente a loja vai sentir impactos positivos com isso. “A certeza que a gente tem é que vai ajudar muitas famílias, porque têm muitos clientes que estão desempregados e esse auxílio vai ajudar eles e a gente também”, opina.

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Peças infantis eram os produtos mais procurados por beneficiários do Bolsa Família. Foto: Renata Barros/Midiamax

 

Região Central

Já o gerente da conveniência Alemão, no Centro de Campo Grande, acredita que o estabelecimento não vá sentir efeitos significativos com a suspensão do Bolsa Família, devido ao público-alvo do local. “Aqui a gente atende mais comerciantes de lanches, pizzarias, as pessoas que compram com a gente com o Bolsa Família são poucas”, explica.

Contudo, para ele, caso o Auxílio Brasil demore para ser colocado em prática, todos os setores poderão sentir os efeitos. “Essa renda movimenta todas as categorias, todo mundo sente algum impacto”, afirma.

O primeiro-secretário da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), Roberto Oshiro, explica que os maiores impactos são sentidos em estabelecimentos de bairros com população de baixa renda. “Um mercadinho, uma mercearia em um bairro bem afastado, com uma população bastante de baixa renda, eu acredito que possa ter sentido um impacto mais significativo”, pontua.

De maneira geral, segundo ele, grandes redes podem sentir um efeito menor. “É difícil afirmar um número, porque cada um tem uma realidade, 30% já seria um número enorme”, explica Oshiro.

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