Pular para o conteúdo
Economia

Ministério Público afirma que medidas de controle do coronavírus em frigoríficos são insuficientes

MPT alerta que medidas anunciadas em 18 de junho divergem de regras nacionais e internacionais; setor foi epicentro da pandemia em MS.
Arquivo -

Nota técnica do MPT (Ministério Púbico do Trabalho) contesta pontos da portaria conjunta 19/2020, do Governo Federal, que fixou normas de Saúde e Segurança dos trabalhadores de frigoríficos e laticínios durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Entre elas, a liberação da testagem dos funcionários como condição para funcionamento das empresas.

As regras foram publicadas em 18 de junho e teriam divergências de referências técnicas nacionais e internacionais apresentadas pelo MPT. O setor frigorífico foi um dos epicentros da pandemia em Mato Grosso do Sul –indústrias de carnes ajudaram a doença a se espalhar por cidades como , e, mais recentemente, Dourados.

A nota aponta referências técnicas em 10 pontos, como definições de casos suspeito, contactante e de e regras de distanciamento entre trabalhadores e de uso de EPIs (equipamentos de proteção individual).

O MPT argumenta que a regra que desobriga as empresas de realizarem a testagem de todos os trabalhadores como condição para a retomada das atividades não segue estratégias para evitar o contágio comunitário da .

“Dessa forma, a medida incorporada torna-se ainda mais prejudicial aos trabalhadores, uma vez que parece desconhecer o fato de que pessoas assintomáticas ou na condição pré-sintomática podem transmitir o Sars-Cov-2, com possibilidade de, caso haja retorno às atividades sem testagem conforme padrões técnico-científico existentes, corre-se o risco de iniciar-se novo surto de Covid-19 no estabelecimento, com graves repercussões à saúde pública local”, destacou a nota do MPT.

Regras para definir ‘caso suspeito’ de coronavírus também foram contestadas pelo MPT

Em outro ponto contestado, a Procuradoria do Trabalho alerta que a definição de “caso suspeito” pela portaria exige que o trabalhador apresenta “quadro respiratório agudo”, o que diverge de protocolo do focado na população em geral –que exige apenas a manifestação de sintomas de síndrome gripal para o caso ser considerado suspeito.

“A exigência de condições mais gravosas para o enquadramento como caso suspeito para os trabalhadores mostra-se, pois, como violação ao princípio da igualdade previsto no art. 5º, caput, da Constituição Federal”, salientou o MPT, ao também qualificar como insatisfatório o fato de a portaria não prever o afastamento do contactante de caso suspeito, o que contraria normas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e da própria OMS (Organização Mundial de Saúde).

“A fixação deste padrão normativo tende a incrementar e expandir os casos de contaminação nas plantas frigoríficas, já que prevê sistemática absolutamente alheia ao princípio da precaução, com violação direta ao direito à saúde previsto no art. 196 da Constituição Federal”, alerta a nota.

MPT alerta para norma que reduz distanciamento social entre trabalhadores de frigoríficos

Em outro ponto, o MPT adverte que a portaria federal, além de flexibilizar diretrizes de Saúde Pública e de reduzir o distanciamento interpessoal para 1 metro (contra norma da Organização Internacional do Trabalho que prevê distância mínima de 2 metros entre as pessoas), admite distâncias ainda menores mediante uso de máscaras –que não são reconhecidas como EPIs–, aumentando o risco de transmissão de doença infecciosa.

Vice-coordenador nacional do Codemat (Coordenação de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho) do MPT, o procurador Luciano Lima Leivas alerta que o documento tem como objetivo apresentar as referências técnicas com o propósito de reduzir os riscos de adoecimento dos trabalhadores do setor frigorífico e, por extensão, da própria população dos pequenos e médios municípios que são sede desta modalidade de organização empresarial.

“Espera-se com as referências técnicas que a normatização federal e as normatizações estaduais e municipais incorporem em seus textos referências mais precaucionistas, porquanto a própria Portaria Conjunta nº 19 prevê a possibilidade de revisão do seu conteúdo e garante a autonomia dos Estados e municípios para elaboração de padrões normativos mais vocacionados à promoção da saúde coletiva”, explicou o procurador.

O documento também trata das regras sobre autosserviço em buffets de refeitórios, medidas de busca ativa e triagem de trabalhadores, atividades de fiscalização e a ausência de dispositivo acerca do fluxo de informações epidemiológicas. A nota técnica foi assinada pela Codemat e pelo Projeto Nacional de Adequação das Condições de Trabalho em Frigoríficos do MPT. Clique aqui e confira a íntegra do documento.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais
Ministro do Turismo

Moraes solta ex-ministro de Bolsonaro suspeito de tramar fuga de Mauro Cid

Mega-Sena sorteia neste sábado prêmio acumulado em R$ 100 milhões

Dourados pode ter chuvas intensas e ventos fortes durante o final de semana

Precisando de atendimento médico? Confira a escala da Sesau neste sábado

Notícias mais lidas agora

Propina da JBS: Reinaldo apela ao STJ para desbloquear R$ 277 milhões da Vostok

nasa park

Após negar recurso, Justiça tenta ‘conciliar’ Nasa Park e família vítima do rompimento da barragem

FOTO CASAL

Liberdade patrimonial: como a mudança de regras do STF impacta casamentos após os 70? 

Homem é atingido por tiro na frente de esposa em conveniência

Últimas Notícias

Mundo

Papa pede ‘responsabilidade’ para Israel e Irã e apela por mundo ‘livre da ameaça nuclear’

Papa fez declarações na Praça de São Pedro durante a Audiência Jubilar

Cotidiano

Liberdade patrimonial: como a mudança de regras do STF impacta casamentos após os 70? 

Em MS, 52 uniões, envolvendo pessoas acima de 70 anos, optaram por regimes diferentes da separação obrigatória de bens

Transparência

Propina da JBS: Reinaldo apela ao STJ para desbloquear R$ 277 milhões da Vostok

Ação penal por corrupção pode 'subir' da Justiça Estadual para Brasília novamente

Transparência

Após negar recurso, Justiça tenta ‘conciliar’ Nasa Park e família vítima do rompimento da barragem

Rompimento da barragem do condomínio Nasa Park devastou mais de 10 propriedades rurais