Dólar cai a R$ 5,37 com exterior positivo, mas fiscal pesa

O dólar teve dia de queda nesta terça-feira, 24, e fechou perto da mínima da sessão, a R$ 5,37. Mas o mercado de câmbio foi menos contaminado pela euforia vista nas bolsas, com o Ibovespa encostando em 110 mil pontos e o Dow Jones superando os 30 mil pontos pela primeira vez na história. Operadores […]

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O dólar teve dia de queda nesta terça-feira, 24, e fechou perto da mínima da sessão, a R$ 5,37. Mas o mercado de câmbio foi menos contaminado pela euforia vista nas bolsas, com o Ibovespa encostando em 110 mil pontos e o Dow Jones superando os 30 mil pontos pela primeira vez na história. Operadores destacam que o risco fiscal segue como principal limitador de uma valorização mais consistente do real mas, nesta reta final de novembro, há ainda a preocupação com a demanda forte por dólar pela frente, sensação agravada esta semana com o anúncio feito pela Petrobras de que pretende recomprar ao redor de US$ 2 bilhões em bônus em meados de dezembro. Este movimento deve ocorrer em um cenário já sazonalmente marcado pelo aumento de remessas para as matrizes lá fora e ainda a necessidade de os bancos desfazerem o excesso de hedge no exterior (overhedge).

No fechamento, o dólar à vista encerrou em queda de 1,06%, cotado em R$ 5,3753. No mercado futuro, o dólar que vence em dezembro fechou em baixa de 1,23%, aos R$ 5,3740.

O mercado vai precisar de ao menos US$ 20 bilhões em dezembro, considerando o desmonte do overhedge (US$ 15,5 bilhões) e as remessas, estimadas em US$ 5 bilhões pela gestora Armor Capital. Isso fora a operação da Petrobras. Neste ambiente, traders contam que alguns bancos já vêm antecipando compras de dólar, o que ajuda a limitar o recuo da moeda americana. Com o aumento da procura por dólar, o leilão de rolagem de linha do Banco Central hoje ajudou a aliviar a pressão pela moeda, ressaltam operadores A instituição vendeu a oferta total de US$ 1,26 bilhão em leilão de linha, que é a venda de dólares com compromisso de recompra.

O dólar operou toda a terça-feira em queda, com o real acompanhando as demais moedas emergentes, mas com o fiscal no radar. O sinal verde do governo de Donald Trump para o início da transição de governo nos Estados Unidos contribuiu para a redução da incerteza política e estimula a busca por risco, enfraquecendo o dólar, ressalta o diretor em Nova York da BK Asset Management, Boris Schlossberg. Além disso, houve mais notícias positivas sobre vacinas contra o coronavírus e os mercados gostaram da possível nomeação da ex-presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, para o comando do Tesouro americano no governo de Joe Biden. “Yellen recentemente defendeu publicamente mais estímulos fiscais”, comentam os estrategistas do Rabobank.

Com o aumento da procura por ativos de risco, os emergentes tiveram fluxo perto de US$ 20 bilhões este mês, para os mercados de bolsas e renda fixa, estima a consultoria inglesa Capital Economics. É o maior valor desde 2014 e a avaliação da consultoria é que o ritmo tende a seguir forte pela frente. O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, destaca que o risco fiscal é um limitador importante para a melhora do câmbio e o governo precisa demonstrar mais atividade para os projetos andarem no Congresso. Se persistir o quadro de indefinição sobre o ajuste fiscal, esse fluxo recente que entrou no Brasil sairá rapidamente, diz ele.

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