Com vendas em alta na pandemia, livrarias do Centro temem volta de impostos
Com as pessoas em casa durante a quarentena, a procura pelo que fazer para ocupar a mente cresceu e, em Campo Grande, as vendas de livros também aumentaram. Com vendas subindo em média 35%, as livrarias se animam com a clientela, mas temem a volta da taxação de impostos sobre os materiais no país. Protegido […]
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Com as pessoas em casa durante a quarentena, a procura pelo que fazer para ocupar a mente cresceu e, em Campo Grande, as vendas de livros também aumentaram. Com vendas subindo em média 35%, as livrarias se animam com a clientela, mas temem a volta da taxação de impostos sobre os materiais no país.
Protegido de qualquer tributação desde 2004, uma reforma tributária encaminhada pelo Ministério da Economia ao Congresso abre caminho para que livros voltem a ser taxados pelo governo federal.
O mercado de livros é protegido pela Constituição de pagar impostos, mas, no caso de contribuições como o PIS/Cofins, que o governo pretende substituir pela Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços, a CBS, ainda há uma brecha para a imposição de taxas.
Nas livrarias, os comerciantes se preocupam, pois, com uma nova taxação, o preço dos livros físicos que já são em sua maioria, caros, poderão ficar com valor ainda mais ‘salgado’.
Até quem não lê, está lendo
Bruno de Pino, de 29 anos, é proprietário da Hamurabi, livraria localizada no coração da Capital. O empresário, que cresceu em meio aos exemplares, diz que o pai movimenta a livraria há 32 anos e durante a pandemia, as vendas de livros de alguns segmentos cresceu.
“As pessoas estão mais tempo em casa, até quem não tem costuma está procurando ler”, disse. Na livraria, os livros de romance e os quadrinhos saltaram até 40% nas vendas.
Se por um lado os livros de ficções estão em ótima demanda, os livros didáticos caíram nas vendas e o comerciante estima até 95% de prejuízo nesse setor.
“Trabalhamos pouco com os didáticos, mas em geral, as vendas caíram por causa dos livros on-line. Dentro das escolas, tem marcas que vendem esses livros e apostilas”, explicou.
Bruno diz que o possível retorno da taxação de impostos nos livros no país pode gerar um prejuízo para as livrarias. “Com certeza, já existe a isenção e ainda sim, os livros são caros. As pessoas vão priorizar, alimentos, o livro não é essencial, vai ficar mais em segundo plano”, disse.
Incentivo à leitura
Outra livraria bastante tradicional na Capital, a Maciel estimou um crescimento de 30% nas vendas dos exemplares nesta quarentena. De acordo com a gerente, Simone Resende, de 43 anos, os livros de ficção e romances são os mais solicitados pelos clientes.
“Houve um aumento na literatura infantil, romances e ficção. Com certeza foi pelo fato das pessoas estarem em casa”, disse. Simone explica que pais de crianças estão constantemente procurando materiais para incentivar os filhos, que estão em casa, para ler mais.
Sem as aulas, tanto no ensino fundamental ao superior, a Livraria Maciel teve uma queda de 50% nas vendas dos livros didáticos, mas aposta no equilíbrio das vendas devido ao aumento da procura pelos outros segmentos.
Questionada sobre a taxação de impostos que pode voltar a afetar a venda de livros físicos no Brasil, Simone disse que isso vai dificultar ainda mais as vendas.
“Se aumentar, esse encargo vai subir o valor do livro, que não é barato. Vai cair a venda, porque vai ter mais dificuldade na compra”, pontuou.
‘Livros são como vinho’
Especializado em livros didáticos, a Daniel Livraria registrou uma queda de 40% nas vendas para os estudantes. No entanto, cresceram as vendas dos livros de romance, literatura, autoajuda e filosofia.
Sobre a volta da cobrança de impostos proposto pelo Ministro Paulo Guedes, Daniel Ferreira, dono da livraria, disse que a taxação poderá não afetar quem comercializa livros usados, como ele. Pois segundo o comerciante, os livros são como se fossem vinhos. Ele explica.
“Os clientes vão procurar os livros usados. Acho que não será ruim. É como quem gosta de beber um bom vinho. Dá-se um jeito para continuar tomando. Quem gosta de ler, vai continuar lendo e procurando alternativas”, finalizou.
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