89% dos campo-grandenses economicamente ativos estão com o ‘nome sujo’ no Serasa
A falta de organização econômica, desemprego e salário atrasado são algumas das causas que levam a deixar o nome dos consumidores negativados. E em Campo Grande, o número de inadimplentes cresceu 3,6% em um ano e deixou a Capital com um número surpreendente de pessoas “no vermelho”. De acordo com a Serasa, uma das principais […]
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A falta de organização econômica, desemprego e salário atrasado são algumas das causas que levam a deixar o nome dos consumidores negativados. E em Campo Grande, o número de inadimplentes cresceu 3,6% em um ano e deixou a Capital com um número surpreendente de pessoas “no vermelho”.
De acordo com a Serasa, uma das principais bases de dados do país, a Capital aparece com 306.189 CPFs (Cadastro de Pessoa Física) registrados no sistema. Se comparado com o total de moradores economicamente ativos na cidade, 344 mil pessoas, segundo a CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas), 89% dos consumidores campo-grandenses estão negativados.
Quando se comparado com a estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que indica uma população de 774.202 moradores – dados de 2010 –, o número de negativados em Campo Grande é de 39% do total de pessoas.
Já os dados mais recentes da CDL indicam que a população de Campo Grande já está em 860 mil pessoas e que, do total da população economicamente ativa, 58% está com o nome sujo. A porcentagem corresponde a um total de 199.520 “no vermelho”, conforme a CDL.
Ainda conforme a base de dados da Serasa, atualmente 767.856 sul-mato-grossenses estão com o CPF negativados. Ou seja, 29,3% do total da população do Estado, está sem crédito na praça. Além disso, a faixa etária mais inadimplente está entre 41 e 50 anos.
Desemprego, inflação e cartões de crédito
O desemprego tem afetado a população nos últimos anos e isso não é novidade. Com a falta de emprego formal e sem condições de pagar em dia as contas, o consumidor acaba vendo o seu nome ‘ficando sujo’. O porta-voz e economista da Serasa, Luis Rabi, explicou ao Jornal Midiamax que os fatores que fazem os consumidores caírem na negativação.
“A inflação e o desemprego também são um dos principais fatores pessoais que os moradores acabam entrando na inadimplência. A inadimplência sempre cresce com o desemprego. Quando o país entrou em crise, a partir de 2014, nós tínhamos 51,8 milhões de CPF negativados. A crise, de 2014 pra cá, colocou mais 10 milhões na inadimplência”, afirmou.
Além do desemprego, o economista da Serasa explica que a inflação no mercado econômico fez os moradores ficarem inadimplentes e isso também é consequência da falta de educação financeira e descontrole das finanças.
Atualmente é muito fácil ter um cartão de crédito, até mesmo para quem está negativado. Basta pesquisar bancos que oferecem linha de crédito para os inadimplentes. O prazer de comprar e pagar somente no próximo mês ou até mesmo parcelar uma aquisição em várias parcelas, acaba causando uma falsa sensação de poder financeiro na vida das pessoas, principalmente nas compras desnecessárias e impulsivas.
Luiz Sabi explicou para a reportagem que o cartão de crédito continua sendo um dos principais vilões na vida financeira das pessoas, mas que a Serasa não consegue separar a quantidade de dívidas dos cartões com outras dívidas com os bancos. “Como os bancos e cartões estão juntos, não conseguimos distinguir um do outro. Aí acaba que os débitos dos cartões ficam agregados juntos as demais contas bancárias”, explicou.
As dívidas com o setor financeiro são monitoradas pelo Banco Central. Segundo a autoridade monetária, R$ 2 de cada R$ 5 do saldo inadimplente são de cartão de crédito rotativo, que junto com o cheque especial tem o maior custo de financiamento.
Confira algumas dicas para ‘lidar’ com um cartão de crédito: 1)- Se não for realmente preciso, não use o cartão de crédito; 2)- Tenha apenas um cartão de crédito; 3)- Se utilizar, pague o valor total da fatura; 4)- Planeje o pagamento da fatura em seu orçamento mensal;
Como “limpar o nome”
A quantidade de nomes negativados no Serasa, cerca de 63 milhões de pessoas, acaba virando até meme nas redes sociais. “Nascer, crescer, colocar o nome no Serasa e morrer”. Certo? Não. Luiz Sabi explica que as coisas não precisam ser assim e que “limpar o nome” depende da organização e disposição dos consumidores.
Primeiramente, os moradores precisam ter um planejamento e organização financeira e, depois, buscar negociar as dívidas junto com as empresas. Sabi também comenta que é difícil uma pessoa sair do vermelho de uma vez só, pois há moradores que chegam a ter até 8 dívidas negativadas no Serasa e com juros estratosféricos. A média nacional é de 4 dívidas por CPF.
“A negociação é o principal. Se conseguir renegociar, é renegociada com os descontos e ela consiga pagar com o que está pendente. A renegociação é essencial”, comentou o porta-voz da Serasa.
Além disso, o economista destaca que, anualmente, a carreta do Feirão Serasa, percorre todo o Brasil oferecendo aos moradores a possibilidade da consulta do CPF na base de dados e negociações das dívidas com empresas e bancos parceiros da ação.
Em Campo Grande, a carreta ficou por cinco dias no mês de maio atendendo os moradores na Praça do Rádio. Mas os moradores que querem verificar quais são as dívidas que estão negativas e não querem esperar novamente o feirão passar pela Capital, pode acessar o site da Serasa Consumidor, clicando aqui, em seguida, clique na opção “Entrar” para fazer o cadastro e verificar o CPF. É gratuito.
FGTS pode ajudar a ficar ‘no azul’
O anúncio do governo de que irá liberar saque de contas ativas e inativas do FGTS (Fundo de Garantia Por Tempo de Serviço) animou a população, ainda mais porque muitos moradores viram o saque como uma oportunidade de pagar as contas e ajudar a deixar o nome “no azul”.
O Jornal Midiamax conversou com presidente da DSOP Educação Financeira, Reinaldo Domingos, em julho, e ele explicou que seria vantajoso reinvestir o dinheiro sacado para pagar as dívidas imediatamente. Por isso, nada de churrasco.
Caso o valor resgatado seja suficiente para quitar a dívida em atraso totalmente, é interessante efetuar o saque. Mesmo assim, é válido negociar e conseguir descontos, diminuindo parte da dívida, para então fazer o pagamento à vista. Por outro lado, se não for para quitar 100% da dívida, é mais interessante investir o valor e para ter força para negociar no futuro.
Em qualquer um dos casos, é preciso fazer a tarefa de casa e buscar se educar financeiramente, ou seja, mudar os hábitos para não mais retornar à inadimplência. O primeiro passo é olhar para a sua situação de forma honesta e levantar todos os números, traçando um planejamento para renegociar a dívida – agora ou no futuro – em parcelas quem respeitem o orçamento mensal.
*Colaborou: Guilherme Cavalcante
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