Só quer chocolate? Apesar de boas previsões, Brasil importa 150 mil t de cacau

Estiagem diminuiu produção na Bahia

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Estiagem diminuiu produção na Bahia

Outrora campeã na produção de cacau, a Bahia amarga prejuízo com estiagem que afeta o estado desde 2015. Com quatro indústrias de chocolate na região, o estado se viu obrigado a importar 150 mil toneladas do fruto, oriundas do país de Gana, na África, conforme noticiou o G1. Mas os chocólatras brasileiros têm um alento, o estado do Pará está começando a se destacar na produção de cacau.

O cacau é produzido 66 mil propriedades espalhadas em 6 estados brasileiros, porém 33 mil delas são do Sul da Bahia, que é o maior produtor do Brasil, seguido do Pará. O cultivo do fruto foi impulsionado pelas condições de solo e clima favoráveis da região, porém uma grave crise estrutural e o aparecimento e propagação da doença vassoura-de-bruxa no final da década de 80 afetaram a produção baiana. De acordo com informações da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, da safra 1990 até a de 2000, a produção de cacau na Bahia caiu de 356 para 98 mil toneladas. 

O estado se reergueu com a adoção de tecnologias desenvolvidas pela Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), órgão do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) aliada com a reestruturação da cadeia produtiva. Com isso a produção voltou a crescer nos últimos 12 anos. Mas a estiagem que afeta a região desde 2015 forçou medidas drásticas. “Tivemos achatamento da produção, em torno de 50%, e a indústria precisou fazer a importação”, explicou o presidente do sindicato rural da região e cacauicultor, Milton Andrade, ao G1. 

Segundo os produtores, a safra de maio e junho deste ano também está comprometida com a falta de chuva. Com a estiagem, a região sul da Bahia ainda é maior produtora de cacau no Brasil, com 60% da produção nacional. No ano passado, chegou a produzir 120 mil toneladas do produto.

Preocupação

A importação de cacau para o Brasil porém, ao invés de ajudar, pode trazer um problema: a entrada de pragas de outros países, como por exemplo, a monilíase, a striga e phytophthora. Conforme noticiado pelo G1, o produto que fica estocado no porto e o que segue para outros armazéns, é inspecionado no terminal, onde são coletadas amostras para análises. “É feita inspeção, fiscalização e classificação vegetal. É aplicado inseticida para não haver praga de grãos armazenados e é um cacau de primeira qualidade”, garante o auditor fiscal Silvio Menezes. 

Produção do Pará 

Em 2016 o Pará este ano alcançou temporariamente topo do ranking de produção de cacau no Brasil. Conforme dados do site Mercado do  Cacau, o revés sofrido pela Bahia a forte estiagem proporcionou uma quebra na safra, que já estava prevista. O estado do norteste ainda possui área plantada maior que a do Pará e estima-se que a Bahia se recupere dos efeitos da seca e deve retornar à liderança ainda na próxima safra.

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Porém o Pará deve se firmar definitivamente no primeiro lugar da produção cacaueira nacional, devido a uma peculiar combinação de esforços cooperados e condições muito oportunas para a produção paraense.

Além disso, uma iniciativa denominada Cacau Floresta da ONG The Nature Conservation incentiva a agricultura familiar no Pará, através da produção de cacau, com o objetivo de lugar contra o desmatamento naquele estado, conforme divulgou o Uol. Em abril o site divulgou que o Pará tem o maior índice de desmatamento da Amazônia Legal, com 3.025 quilômetros quadrados, conforme dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). A atividade restauraria as áreas degradadas com espécies nativas aliadas à produção do cacau. 

“Foi identificada uma oportunidade de trabalharmos com a lógica de produzir cacau em áreas consolidadas, principalmente pastos ruins ou degradados, plantando em sistemas agroflorestais para melhorar a renda e, ao mesmo tempo, viabilizar uma restauração produtiva de uma área degradada usando sementes híbridas”, explicou, durante uma visita de campo ao Sítio Santa Rosa- participante da iniciativa -, Rodrigo Freire, biólogo e coordenador do Projeto Cacau Floresta e vice-coordenador de Estratégia de Restauração da TNC Brasil.

Metas

A Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Cacau do Mapa tem meta de aumentar a produção do fruto, indo das atuais 200 mil toneladas anuais para 300 mil em 5 anos e, em 10 anos, tornar o Brasil autossuficiente, atingindo a produção de 400 mil toneladas. A intenção é aumentar as áreas de produção na Bahia, Pará e em outras áreas não tradicionais de cultivo do produto. 

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