Cebola é produto campeão de alta

A inflação tem feito os campo-grandenses desembolsar mais na ida ao supermercado neste ano. De janeiro para dezembro de 2015, o preço do hortifruti subiu 17%, segundo IPC (Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG) do NEPES (Núcleo de Pesquisas Econômicas) da Uniderdp, boa parte influenciado pelo El Niño, e aumento do combustível e energia elétrica.

Foram avaliados 35 itens, e a cebola foi o produto com a maior alta, 109% de janeiro para dezembro, saindo de uma média de R$ 2,46 para R$ 5,15. Na vice-liderança veio o repolho, que passou de R$ 2,05 para R$ 3,45, um aumento de 68%. Na sequência, o alho, com uma alta de 48%.

A aposentada Izilda Nunes Gonçalves, de 57 anos, sentiu no bolso a diferença. “Os preços aumentaram muito nesse ano. Não tem mais o que fazer para gastar menos. No ano passado, eu ainda conseguia substituir um produto por outro, mas agora está tudo caro”, diz.

Para o comerciante Clarimundo Souza, de 54 anos, a solução foi procurar um ‘jeitinho brasileiro’. “Eu estou comprando produtos de menor qualidade para conseguir comprar os alimentos, para aguentar de algum jeito passar por essa inflação. O problema é o salário, esse não aumenta”, lamenta Clarimundo.

“Está difícil mesmo. No momento eu até consigo encontrar um modo de comprar as coisas, porque a gente precisa, mas se continuar assim vai complicar”, afirma o analista industrial Anderson Carreira, de 38 anos.

A explicação, segundo o coordenador do NEPES da Uniderp, Celso Correia de Souza, está no El Niño. “Os problemas climáticos impactaram muito o hortifruti. Tivemos muita chuva na região sul e seca no norte e nordeste do país. Muitos produtores mal conseguem plantar”, exemplifica. De acordo com o coordenador do Nepe, muitos legumes vem de São Paulo, estado que “debaixo d’água, assim como outros da região sul. Aqui no Estado não é diferente”.

Energia elétrica e combustível em alta também estão entre os motivos pelos aumentos em muitos produtos. “As mercadorias precisam chegar em Campo Grande e ser mantidas, o que depende de diesel e luz, isso tudo aumentou em 2015”.

O comerciante Ronaldo Maja teve que aumentar os preços das verduras que vende no Mercado Municipal de Campo Grande. “Com a chuvarada, não há muita oferta. O produto que já está vindo com qualidade menor. Eu estou comprando por um preço maior, então tenho que repassar por um preço mais caro”, explica. Segundo ele, o alface, vendida em novembro a R$ 2,00, hoje sai por R$ 4,00 o pé.

Para Celso, a clima vai continuar influenciado o preço dos legumes, verduras e frutas até março. “O El Niño influencia, só a partir de abril e maio podemos voltar a ver uma baixa”, afirma.