Campo-grandenses ‘seguram’ e intenção de compras atinge pior nível da história

Insegurança com mau momento econômico é a reclamação

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Insegurança com mau momento econômico é a reclamação

Os campo-grandenses estão saindo menos para as compras. A ICF (Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias) divulgada nesta sexta-feira (20) pela Fecomércio (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Mato Grosso do Sul) aponta que maio atingiu o menos nível da história. Uma roupa, um sapato novo? Apenas para quem tem dinheiro sobrando, segundo os consumidores.

Neste mês o nível de consumo é de 66,5 pontos e para os próximos meses a expectativa também não é nada boa. Cerca de 65% dos consumidores entrevistados disseram que a perspectiva de consumo é menor que o segundo semestre do ano passado.

“As coisas estão muito caras. A gente tem deixado de comprar sapato, roupa e até uma saída a noite”, disse a administradora Rafaela Andrade, 24.

A inflação também foi a justificativa para a aposentada Neuza Celestino, de 61 anos. “Com um salário mínimo de aposentadoria mal dá para comprar as coisas do dia a dia, imaginar gastar com coisas a mais. A gente tem deixado mesmo de comprar, não tem como”, cita ela.

Para o presidente do IPF-MS (Instituto de Pesquisa da Fecomércio MS), Edison Araújo, “a insegurança em relação ao emprego é um dos fatores preponderantes para que o consumidor se retraia”.

Quem sofre com essa menor perspectiva de consumo são os lojistas, que desde o início do ano reclamam de baixa nas vendas. “O pessoal está segurando, aqueles que levavam duas peças, agora leva uma. Eles estão pensando mais no amanhã. O Dia das Mães já tinha sido mais fraco, com uma queda de 20% a 30%, então, é o que vemos neste mês”, afirma o gerente da @Zero, Daniver Mendes.

“Nós estamos fazendo promoção, mas as vendas estão menores que no ano passado. O pessoal está segurando mesmo”, diz o gerente da Club Denin, Ivan Camargo de Lima.

A aposentada Joana Valeixo disse que está fazendo rodízio na hora de pagar as contas. “A gente está escolhendo as contas do mês. A gente paga água, luz, o resto vai enrolando”, diz ela.

“Essa semana deu uma melhorada nas vendas em relação a semana passada. Esperamos que possamos fechar maio próximo ao ano passado. Eu acredito que preço, qualidade e atendimento são o que os consumidores procuram e estamos conseguindo atender”, destaca a gerente do Feirão de Calçados, Gabriela Vieira Lopes.

Pensando nessa situação dos clientes, muitos lojistas estão oferecendo o crediário. “Quem vem comprar prefere o crediário, à vista é raro. Os clientes estão querendo parcelamento, às vezes uma parcela de 20 reais, porque assim não compromete tanto a renda deles”, cita Daniver Mendes.

E na hora de comprar bens duráveis (eletrodomésticos, TV, som, etc.), os consumidores também têm segurado. Dos entrevistados, 69,1% acreditam que é um mau momento para sair às compras. Mais da metade, 66,4% ainda disse que o nível de consumo atual está bem abaixo do ano passado. 

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