Alternativas para a de outono-inverno, além do milho safrinha, cultivado tradicionalmente em Mato Grosso do Sul, foram apresentadas em Dia de Campo na Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), na quinta-feira, 4 de julho.

Pesquisadores da Unidade da Embrapa mostraram resultados de pesquisa sobre o sistema de produção e as viabilidades técnica e econômica do cultivo do girassol, da canola, do crambe, do nabo forrageiro e do trigo no Estado.

Produtores rurais e técnicos convidados também discutiram o aperfeiçoamento do consórcio entre milho e brachiaria (urochloa) ruziziensis, além da influência de cada uma das culturas pesquisadas na supressão de plantas infestantes.

Para Anderson Vieira, gerente financeiro de uma empresa de biodiesel de Dourados (MS), é interessante que haja outras oleaginosas no mercado, além da soja, para a produção de biodiesel.

“Ajuda não só os agricultores familiares, porque gera nova fonte de renda, mas aumenta a oferta de óleo para as indústrias de biodiesel.

Essa também é uma demanda do governo brasileiro, para que exista essa rotação de oleaginosas, saindo da sucessão soja-milho”.

O objetivo não é substituir o milho safrinha, cultura já consolidada no Estado e com boa rentabilidade.

Em um primeiro momento, a intenção é utilizar as áreas que ficam ociosas no outono-inverno com outras culturas.

“Dados de análise econômica mostram que é totalmente inviável o produtor deixar áreas em pousio”, explica o pesquisador Cesar José da Silva, um dos coordenadores do Dia de Campo, juntamente com o pesquisador Marcio Akira Ito.

Em Mato Grosso do Sul, aproximadamente 750 mil hectares estão em pousio, ou seja, com o solo descoberto nessa última safra de outono-inverno.

“São áreas adequadas para serem incluídas nesse sistema de produção que estamos propondo.

Isso vai promover maior diversificação do sistema de produção, aumentar a renda dos produtores, quebrar o ciclo de doenças, pragas e plantas daninhas e, consequentemente, ofertar mais óleo vegetal para os produtores de biodiesel no Estado”, disse Cesar.

Segundo Cesar, outro ponto é dar opções para que o produtor possa se planejar para não ficar dependente do milho safrinha, quando o preço no mercado não estiver tão atrativo e quando o clima não for tão favorável.

“Nessas áreas, o produtor pode fazer um planejamento de rotações de culturas, utilizar o milho safrinha dentro da melhor época recomendada para seu plantio.

E parte da área, onde estava a soja de ciclo médio ou mais tardio, ou onde a época de plantio foi um pouco mais atrasada, o agricultor pode entrar com as opções apresentadas no Dia de Campo, realizando a rotação de culturas, fazendo a colheita e gerando renda”, diz Cesar.

O engenheiro agrônomo, que trabalha com consultoria a produtores rurais, Gilmor Segatto, comentou que Dias de Campo como esse são formas de interação entre a assistência técnica e o produtor.

“É uma boa oportunidade de ter acesso às informações geradas pelos pesquisadores. Com isso, a gente pode passar esses dados para os produtores e, consequentemente, ajudar na melhoria da produtividade e em todo o contexto da agricultura”, comentou.

Para Cesar, a realidade de Mato Grosso do Sul é propícia ao mercado das culturas de inverno.

“De um lado, estão as indústrias credenciadas pela Agência Nacional de Petróleo, demandando óleos vegetais para produção de biodiesel.

Do outro, estão produtores em busca de opções para diversificar o sistema produtivo.

O projeto da Embrapa Agropecuária Oeste tem como objetivo adequar os sistemas para que tenham viabilidade técnica e econômica e fechar o elo da cadeia”, concluiu.

Participam dessas pesquisas Alceu Richetti (avaliação econômica de diferentes cultivos), Cesar José da Silva (oleaginosas de inverno para diversificação dos sistemas de produção), Gessí Ceccon (consórcio milho-braquiária), Germani Concenço (supressão de plantas infestantes) e Marcio Akira Ito (cultivares de trigo).