Com crescimento de carros elétricos, condomínios em Campo Grande ‘se viram’ para instalar estações de recarga

Em meio ao aumento expressivo de carros elétricos e híbridos em Campo Grande, a demanda por centrais de carregamento de veículos tornou-se cada vez mais evidente, inclusive em Campo Grande, onde já existem milhares de carros do tipo.

Não é por menos que mercados, universidades e até condomínios em Campo Grande estão buscando se adaptar a essa nova realidade. Somente em 2024, a frota teve um aumento de 27,9% no Estado.

O crescimento é sintoma de uma frota de 3.797 veículos elétricos e híbridos (que combinam motores movidos a combustão e energia) no Estado. Apenas no ano passado, foram adquiridos 1.025 veículos desse tipo, passando de 1.942 em 2022 para 2.967 em 2023.

No entanto, surge a questão: a instalação de estações de carregamento é uma obrigação legal ou uma ‘cortesia’ por parte dos condomínios? Para esclarecer os direitos do consumidor, a reportagem do Jornal Midiamax conversou com o advogado condominialista, Alex Garcez.

Condomínios são obrigados a ofertar carregadores?

Embora não exista uma legislação específica que obrigue os condomínios a possuir tomadas para carros elétricos em Mato Grosso do Sul, Garcez explica que, os síndicos têm buscado adaptar-se a essa nova realidade.

“Em Mato Grosso do Sul, não há uma legislação que obrigue os condomínios a possuírem tomadas, ao contrário de São Paulo, onde a lei determina que novos empreendimentos tenham essa adaptação. Hoje, a instalação de carregadores ocorre mediante a aprovação dos moradores em assembleia”, esclarece.

Conforme o advogado, a questão da obrigatoriedade em condomínios tem ganhado destaque entre síndicos e moradores, tendo em vista o aumento expressivo de carros elétricos em MS.

Além da aprovação dos moradores, a decisão de instalar centrais de carregamento dependerá da análise técnica de cada condomínio. Segundo o advogado, antes da instalação é importante verificar aspectos básicos, como o melhor local para a instalação e a capacidade elétrica e física do espaço disponível.

Entre os entraves, o especialista ressalta que muitos condomínios enfrentam o desafio de não terem vagas extras, o que dificulta o uso dos carregadores.

“A falta de vagas extras dificulta a instalação de carregadores. Já os condomínios que têm esse espaço físico têm adotado centrais de uso coletivo, utilizando medidores para controlar custos individuais”, explica o advogado.

Outro ponto essencial na hora de instalar as estações de carregamento é procurar uma empresa capacitada, devidamente documentada e com responsabilidade técnica e de segurança. Alex Garcez ressalta que isso é fundamental para garantir que a instalação dos carregadores não represente nenhum risco aos demais moradores do condomínio.

Carros elétricos conquistam os campo-grandenses

Marlos Rogério do Amaral tem 47 anos e há 24 trabalha como taxista. Há cinco meses, ele decidiu investir em um carro elétrico e escolheu o BYD Song Plus, um modelo híbrido da marca chinesa que tem impulsionado o mercado de veículos elétricos em Campo Grande.

Para Marlos, que usa o veículo diariamente como ferramenta de trabalho, a principal vantagem do carro elétrico ou híbrido é a economia de combustível e o conforto que ele proporciona.

“Comparando o carro a combustão com o elétrico, a principal vantagem é a economia no custo por quilômetro rodado. Hoje em dia, tenho um ótimo retorno financeiro, já que gasto apenas a metade do valor que gastava anteriormente com gasolina”, explica.

Entre as cidades com maior número de veículos utilizando essa tecnologia, Campo Grande lidera com 2.291 veículos, seguida por Dourados, com 474, Três Lagoas, com 171, e Ponta Porã, com 125. Conforme o Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito), apenas seis cidades ainda não contam com veículos elétricos ou híbridos: Angélica, Coronel Sapucaia, Dois Irmãos do Buriti, Japorã, Juti e Paranhos.

‘Campo Grande não está preparada para carros 100% elétricos’

Apesar dos benefícios, Marlos revela que, no momento, não optaria por um carro totalmente elétrico devido à falta de estações de carregamento, principalmente nas estradas de Mato Grosso do Sul.

“Campo Grande tem um grande potencial para receber carros elétricos, porém ainda falta estrutura para atender à demanda. Acredito que o ideal seria instalar pontos de recarga em casa. Na minhã visão, o maior problema está nas estradas, viajar ainda seria inviável com um carro 100% elétrico”, afirma.

Em Campo Grande, existem diversos pontos de carregamento gratuitos localizados em locais estratégicos como shoppings e supermercados. No entanto, Marlos não os utiliza devido ao tempo de recarga. Em vez disso, o taxista instalou um ponto de recarrega em casa.

“Não costumo utilizar os pontos de recarga por questão de tempo. Em casa, aproveito para descansar enquanto o carro carrega. Uso meu carro principalmente como táxi, por isso, resolvo questões pessoais entre as corridas. Para lazer, tenho uma Kombi Home onde faço meus passeios e aventuras”, relata Marlos.

Benefícios ambientais

Além da economia, os veículos elétricos têm se popularizado devido às vantagens ambientais, já que têm potencial de emitir menos carbono do que carros movidos a combustíveis fósseis. Por isso, as fontes de recarga também agregam benefícios com energia renovável. Em Campo Grande, há estações de recarga que utilizam energia solar para abastecer os carros elétricos.

Conforme o Detran-MS, em breve, a frota de veículos do departamento de trânsito deve migrar para elétrica. As ações integram um combo de mudanças para fazer de Mato Grosso do Sul um Estado carbono neutro.

Atualmente, a Capital conta com 22 pontos de recarga de carros elétricos conforme o Plugshare, localizados em concessionárias, lojas de utilidades, shoppings, supermercados e universidades. Em abril de 2023, a UFMS inaugurou um eletroposto de carga rápida, o primeiro do Estado.

Além da Capital, há postos de recarga em outros 11 municípios, com destaque para dois em Bonito, três em Dourados, um em Fátima do Sul, um em Amambai, um em Três Lagoas, um em Água Clara, dois em Paranaíba, um em Chapadão do Sul e um em Selvíria.