Sem comércio no bairro, moradores até ‘lamentam’ fechamento de mercado que vendia carne podre
Local foi interditado após apreensão de 615 quilos de carne imprópria para consumo
Thalya Godoy, Clayton Neves –
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A falta de açougues na região do Jardim Aeroporto levou até os moradores a lamentar, em parte, o fechamento do comércio onde foram apreendidos 615 quilos de carne podre, na última terça-feira (25), devido à praticidade de ter um comércio bem perto de casa.
Agora, quem precisa comprar carne é obrigado a andar algumas quadras até o comércio mais próximo, o que revela a falta de investimentos do poder público na periferia, que atrai poucos comerciantes.
O estabelecimento foi interditado pela Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo) e a prisão do proprietário foi feita em flagrante por diversas irregularidades, como falta de alvará de funcionamento e autorização para fracionamento de carnes e pela constatação de carnes impróprias para consumo, com moscas e bichos.
Três dias depois do fechamento do açougue, o local continua interditado e moradores contam que apenas funcionários entraram na empresa, que há apenas seis meses mudou de dono. O mercado tem uma placa que indica “Sob Nova Direção”.
Uma mulher de 35 anos, que preferiu não se identificar, contou à reportagem que comprava com frequência no local e já tinha observado a má qualidade do produto quando comprou uma peça de linguiça e percebeu cheiro e gosto estranho após ser assada.
Ela teria avisado uma funcionária do mercado sobre o aspecto estranho da linguiça, que respondeu que a cliente teria que devolver o produto para receber o ressarcimento. A mulher então teria dito que já tinha cozinhado o produto e tinha informado o incidente para eles terem mais atenção com os produtos.
Depois que ficou sabendo das irregularidades do açougue, a mulher contou que ficou assustada pela quantidade de produtos estragados.
“A gente ficou assustado depois que veio à tona. Eu moro perto e comprava todo dia ali, principalmente carne porque gosto de comprar do dia. O sentimento agora é de desconfiança e não compro mais. O duro é que agora tenho que andar muito e ir lá na avenida para comprar em outro mercado, aqui fica a poucos metros da minha casa”, ela lamenta.
Outro vizinho, também de 35 anos, disse que já comprou várias vezes do lugar e que nunca teve problemas. O homem disse que até ficou preocupado, porém o maior pesar agora é ter que andar por alguns minutos para comprar carne.
“É ruim isso tudo porque era um mercado quase na frente da minha casa e agora tenho que ir mais longe, o outro fica lá embaixo, eu preciso caminhar um pouco”, ele conta.
Além disso, o morador do Jardim Aeroporto acredita que não são feitas fiscalizações o suficiente para que os estabelecimentos fiquem preocupados o bastante para “seguir na linha”. “A fiscalização ficou muito tempo sem aparecer e agora descobriram isso aí”, avalia.
“Fiquei sentida”
Além dos moradores da região, até comerciantes chegaram a lamentar a interdição do mercado. Uma mulher de 61 anos que vende marmitas diz que o fechamento do açougue foi “uma pena” porque a carne era barata e que nunca notou nada anormal.
“Já comprei e a gente tá sentindo falta porque a carne era boa e o preço era em conta. Fiquei sentida pelo que aconteceu”, revelou.
Ela conta que passou metade da manhã de hoje procurando outro açougue para fazer compras e que faltou atenção da parte dos funcionários em “avisar” o patrão.
“A gente não pode julgar. O funcionário que cuidava do açougue tinha que ter visto e avisado o patrão para não complicar. Agora é triste porque temos que andar mais, ficamos sem um mercado perto que vende o pãozinho cedo”, afirma.
Apesar da opinião da mulher que o dono não tinha conhecimento sobre as condições da carne, o proprietário foi preso em flagrante devido às irregularidades.
Como identificar alimentos impróprios para consumo?
De acordo com o Coordenador da Vigilância Sanitária de Campo Grande, Orivaldo Moreira, algumas observações devem ser feitas pelos clientes quando vão às compras. “As carnes, derivados de leite e pescados deverão ser mantidos obrigatoriamente sob refrigeração e em local higienizado pela empresa”, explica ao Jornal Midiamax.
O estabelecimento deve obrigatoriamente estar licenciado pela Vigilância Sanitária e estar em boas condições de higiene sanitária, segundo Moreira. No caso do supermercado alvo de fiscalização, não havia alvará de funcionamento e nem autorização para fracionamento de carnes.
“Os produtos devem estar acondicionados em locais de acordo com a temperatura indicada pelo fabricante e separadas por categoria”, ressalta o coordenador.
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