Queridinho do campo-grandense, pão francês tem preço ‘nas alturas’ e está cada vez menos artesanal
Nesta terça-feira (21) se comemora o Dia do Pão Francês, um dos produtos mais tradicionais no Brasil desde o século 20
Priscilla Peres –
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O preço do quilo do pão francês passa dos R$ 20 em padarias de Campo Grande, porém clientes assíduos do alimento literalmente “nem olham” o valor. É essa a realidade do pão francês, o queridinho da população e com produção artesanal cada vez mais escassa.
Nesta terça-feira (21) se comemora o dia do pão francês, um dos produtos mais tradicionais no Brasil desde o século 20. Talvez pela peculiaridade da receita ou pela experiência do pão quentinho, o pão francês raramente ultrapassa as divisas da padaria.
“Pão é meu alimento preferido, compro todos os dias”, cobra o médico veterinário João Sérgio, 54, que apesar do preço mais alto, não abre mão do pãozinho. Ele conta que tem até uma estratégia de comprar pão francês para comer à noite e pão italiano para o dia seguinte.
A oscilação no preço está ligada diretamente ao custo da farinha de trigo, que para um bom pão francês, precisa ser importada. Com isso, fatores externos influenciam no preço da farinha, que tem tido altas seguidas e consequentemente no custo do pão francês.
Pão francês artesanal cada vez mais escasso
Apesar de ser oferecido em diversas padarias e supermercados, o pão francês artesanal é difícil de encontrar. Isso porque muitas empresas optam por comprar pão francês congelado, produzido e comercializado por indústrias. Restando apenas algumas padarias que de fato produzem o pãozinho.
A padaria Empório do Pão, em Campo Grande, é uma das que resiste à produção artesanal dos produtos, principalmente do pão francês. O proprietário Luciano Borges explica que o negócio surgiu dos dotes culinários da mãe, que tinha o sonho de ter uma padaria. Desde 1997, ele resiste no ramo, mas aponta as dificuldades.
“O pão francês é o chamariz da padaria, mas o que menos dá lucro e o que mais dá trabalho”, afirma Luciano. Ele explica que a dificuldade do pão vai desde a mão de obra até a produção, influenciada pelo clima e até “pelo humor do padeiro”, brinca ele.
A padaria vende em torno de 2 mil unidades do pão francês por dia e, apesar da alta no preço da farinha, ele prefere segurar o valor do pão francês, atualmente custando R$ 17,50 o quilo. “Eu seguro o preço do pão francês justamente por que ele é o chamariz da padaria, mas vou nivelando o preço dos outros produtos”, explica o proprietário da Empório do Pão.
Profissão de padeiro caminhando para o fim?
A dificuldade em encontrar mão de obra é um dos principais desafios do setor de padarias, como explica o presidente do Sindpan em MS, Marcelo Alves Barbosa. “Atualmente a maioria das pessoas abre ponto de revenda de pão, compra congelado, assa e vende. E a falta de mão de obra influencia diretamente nisso, pois hoje em dia é muito difícil achar padeiros ou quem queira se profissionalizar na área”.
Marcelo confirma que para produzir um bom pão francês é necessário qualidade nos produtos e técnica, que vai desde a massa até o assar. “Nós que fabricamos brigamos pela qualidade, porque ela depende muito do clima e varia conforme o dia, então é bem difícil”, conta.
Luciano, da Empório do Pão, confirma a dificuldade de achar mão de obra e ainda ressalta que há muita oportunidade de emprego na área. “É importante dizer que todas as padarias têm vaga para quem quer se padeiro, aprender as técnicas e seguir na profissão, que se continuar como está, vai acabar”.
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