O Hurb, antigo Hotel Urbano, apresentou à Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) um plano de ação para solucionar os problemas com os clientes que compraram viagens na plataforma, mas acabaram ficando sem o cumprimento do serviço.

Esse é o primeiro passo para a resolução dos problemas, que incluem 78 processos em Mato Grosso do Sul, após a troca do CEO da companhia, que agora é presidida por Otávio Brissant. A empresa se comprometeu a detalhar o plano ao órgão, apresentando como pretende atender aos consumidores e parceiros.

Em meio à crise, que inclui descumprimento de acordos comerciais e prazos de estorno, no dia 24 de abril, o antigo CEO da empresa, João Ricardo Mendes, anunciou renúncia do cargo após xingar cliente sul-mato-grossense.

Ao Estadão, Brissant garantiu que os contratos fechados irão ser cumpridos. “Os clientes que adquiriram pacotes com a companhia irão viajar. Seguimos atentos para oferecer as melhores soluções para os nossos viajantes e parceiros, sempre atuando respaldados pelo regulamento dos produtos comercializados pela empresa e dispostos a cumprir nossas obrigações contratuais”, disse.

Detalhamento

Na mesma entrevista, Brissant relatou o plano foi dividido em quatro etapas:

  • Análise e categorização dos protocolos abertos no consumidor.gov
  • Priorização de demandas
  • Resolução dos casos
  • Novas medidas para garantir a transparência na comunicação

De acordo com a Hurb, a empresa já iniciou a regularizar os pagamentos de faturas em aberto com os parceiros do aplicativo. São cerca de R$ 140 milhões em dívidas com fornecedores

O executivo reforça que segue em contato contínuo com as instituições financeiras e que o grupo já iniciou a regularização de pagamentos de faturas em aberto com os parceiros e redes hoteleiras.

Sonhos frustrados em MS

Em MS se repetem histórias de planos frustrados pelo descumprimento de acordos com a Hurb. Em uma das ações, protocolada em Ponta Porã, servidor público conta que deixou de fazer a primeira viagem internacional com a esposa por falha da Hurb.

Nos autos, ele conta que em 2020, durante a pandemia, desembolsou R$ 2.598 para conhecer Punta Cana, na República Dominicana. Por conta do período de fechamento das fronteiras, a previsão de partida foi estendida para 2022, com datas previamente indicadas.

“Enquanto o requerente e sua esposa aguardavam ansiosamente a chegada das possíveis datas de embarque para a sonhada viagem ao Caribe, já pesquisavam passeios a serem feitos e lugares a serem conhecidos. Além disso, o requerente precisou marcar antecipadamente férias de seu trabalho”, detalha o advogado. 

Somente no Estado, são 78 processos judiciais contra a empresa. Em Campo Grande são 51 processos de clientes que não tiveram acordo comercial cumprido pela empresa. Outras 27 ações acumulam-se nos juizados de Bataguassu, Caarapó, Cassilândia, Chapadão do Sul, Itaporã, Dourados, Três Lagoas, Nioaque, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Ribas do Rio Pardo.

Reembolso

Pessoas que compraram o pacote da Hurb durante a pandemia têm mais chances de ficar no prejuízo. Isso porque Lei federal sancionada em 2020 estabeleceu que empresas de turismo têm o prazo de 12 meses para devolver os valores pagos pelos pacotes, desde que a compra e o cancelamento tenham sido feitos no período da Covid-19, de março até dezembro de 2020.

Se a compra foi feita fora do período pandêmico, o prazo para devolução do valor gasto no pacote é de 7 dias. O período é estabelecido pela ANA (Agência Nacional de Aviação), em norma aprovada em 2016.

Além de solicitar o reembolso, o consumidor também pode ingressar na Justiça com pedido de indenização por danos.