Após ‘furada’ tirar sono, empresário quebra contrato com empresa que jura facilitar taxas bancárias
Casal desconfiou da queda de R$ 28 mil em taxas no empréstimo e pagamento de outro boleto da empresa
Karina Campos –
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Basta pouco tempo de espera na fila do Procon-MS (Secretaria-Executiva de Orientação e Defesa do Consumidor de Mato Grosso do Sul) para encontrar alguém com problemas que ferem o direito e fazem perder o sono. É o caso do casal dono de uma lanchonete no Aero Rancho, em Campo Grande, que desconfiou de uma empresa que promete facilitar taxas bancárias de contas.
Vanilde Openkowski e o esposo Ronison Fernandes da Silva, assistiam televisão quando viram o anúncio de uma empresa que presta assessoria em negociação extrajudicial, prometendo ajudar pessoas com dívidas em instituições financeiras. Inicialmente, marcaram uma consulta pelo celular e depois presencialmente.
“Minha filha vai se casar e vamos ajudar ela a comprar uma casa, mas ainda pagamos o financiamento do carro. Já pagamos 18 parcelas e falta mais 18. Fomos até lá e ele explicou que poderiam baixar até R$ 28 mil em taxas de juros, cairia de uma dívida de R$ 80 mil mais ou menos para R$ 65 mil, mas teria que pagar em oito parcelas. A proposta iria passar para o banco, nisso, o gerente disse que teríamos que pagar outro carnê, que seria o sem juros”, conta a Vanilde.
Mas o que parecia fácil demais aguçou a desconfiança dos consumidores. Com lágrimas nos olhos, ela diz que não conseguiu dormir pensando que teriam caído em algum tipo de golpe ao assinar o contrato com a assessoria. “Acreditamos que era furada. Ligamos no banco, porque eles [empresa] falaram que era para deixar de pagar o boleto bancário e pagar o novo. O gerente disse que isso negativaria meu nome”, relata Ronison.
Financiamento balão
Em menos de 24h da assinatura, retornaram a empresa com objetivo de quebrar o contrato, mas teriam sido atendidos por outro funcionário. “Aí a conversa foi diferente, já começaram a nos tratar mal, com ignorância e dizendo que sem o contrato teríamos que pagar uma entrada de R$ 37 mil, que não dava para cancelar”, disse.
Segundo eles, o gerente dizia que o contrato seria o financiamento balão, uma modalidade conhecida por parcelas menores do que o financiamento tradicional, em que a última parcela é mais alta – o “estouro” da parcela residual. Basicamente, o tipo de compra permite uma entrada de 20 a 50% do valor do carro, a escolha do número de parcelas, e a parcela balão de 30 a 50% do valor total.
Vulnerabilidade
Vanilde conta que a família é humilde e trabalhadora, desconhecendo de tamanhas burocracias, mas relata que suspeitou da facilidade em retiradas de juros. A propaganda repassada no almoço, em horário de grande audiência, atiçou a curiosidade do casal. “Eu fiquei pensando na expertise deles, em quantas pessoas caíram nessa história. Na entrada já nos falaram que acumulam processos milionários”.
Após a primeira audiência, o contrato foi quebrado sem multas ou complicações. “Fomos orientados a ir na Defensoria e dar entrada na documentação, e verificar novos caminhos”, finaliza.
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