Providência divide opiniões entre clientes e empresários

Enquanto os consumidores comemoram a queda do preço dos combustíveis nos postos, donos de bombas reclamam que esta pode ser uma prática de dumping, que é benéfica ao consumidor somente em curto espaço de tempo, mas que carrega a intenção da quebra da concorrência para monopólio do mercado.

A denúncia é de donos de postos pequenos, que temem a formação do monopólio e alegam incapacidade de concorrer com os grandes fornecedores e motivou a instauração de um inquérito no MPE-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) para apurar eventuais irregularidades no comércio de combustíveis de Campo Grande. A investigação acontece um mês e meio depois do término da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do combustível, que apurou a existência de suposta combinação de preços entre postos de gasolina.

Na CPI foi questionado o dumping, considerando os preços de compra e venda com margem de lucro imposta insuficiente para cobrir custos de operação.

Bruno Garcia, de 30 anos, gerente de um posto onde o litro da gasolina é oferecido a R$ 3,14, classifica como inteligente a abertura de investigação do MPE, já que, de acordo com ele, a realidade da categoria está defasada e muitos já não tem mais condições de aderir à concorrência.

“A faixa de preço hoje deveria estar na casa dos R$ 3,80 e tem gente vendendo muito abaixo disso, pra não ficar pra trás somos obrigados a ter que reduzir os valores também. É interessante saber como outros postos conseguem se manter com preços tão baixos e outros sempre com balanço negativo”, relata.

O promotor Humberto Lapa Ferri explica o dano ao consumidor. “Guerra de preços é algo saudável e benéfico, já o dumping é uma prática que quebra as empresas menores e gera desemprego. Depois que essas empresas assumem o mercado, fazem o que querem, inclusive elevam o preço do produto, e é nesse momento em que o consumidor sente”, explica.

“Estamos em um país livre e se o empresário reduz o preço é porque tem condições para fazer isso. O empresário faz o que pode para atrair o cliente e alguns preferem ganhar no volume a no valor cobrado. Não acredito que haja cartel como desconfiam”, discorda Renovato Pires, de 59 anos, gerente de um posto de combustível onde o litro da gasolina é vendido a R$ 3,09, o mais em conta da Capital.

Já para o consumidor, que sente a diferença em centavos e pesquisa o melhor preço para não ficar no prejuízo, a posição é unânime: quanto menos, melhor.

“O empresário não vai reduzir o preço só para agradar o freguês e perder o lucro, se faz é porque tem condições para isso. É errado acreditar que há algo errado porque estão facilitando para nosso bolso”, acredita o autônomo Gilzete Barros de Oliveira, de 50 anos.

Para o carpinteiro Fernando Benitez, de 43 anos, a abertura do inquérito do MPE “não é válida” e pode prejudicar o consumidor. “Eles já querem mexer pra fazer aumentar o preço e nos prejudicar. Está bem como está”, relata.

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Combustíveis encerrou as atividades no dia 30 de junho com a aprovação do relatório final que analisou mais de 20 mil documentos. A Comissão apontou irregularidades tanto na venda quanto em relação a fiscalização da qualidade do combustível em MS. Agora, as investigações seguem nas mãos do MPE.