Piggypeg inverte a lógica da publicidade e capitaliza clientes pelas visitas

Pare para pensar em como funciona os anúncios no Google. O usuário joga uma palavra-chave no buscador e se depara com links patrocinados. Ao clicar em algum deles, uma pequena quantia de dinheiro vai para a gigante de tecnologia — ou seja, ela ganha cada vez que os sites das empresas que anunciam são visitados a partir daqueles links. Em busca de novas estratégias para o varejo, o empresário Eduardo Moreira se perguntou como poderia levar essa lógica para o mercado físico. Com uma diferença: o que visitou a loja é quem receberia o dinheiro da publicidade. Foi assim que surgiu, no mês passado, o PiggyPeg.

Uma vez que baixam o aplicativo, os consumidores cadastram seus dados, incluindo CPF, e visualizam lojas participantes nas redondezas. Não é preciso fazer nenhuma compra. Basta visitar o estabelecimento e fazer a leitura de um código no tablet que estará em exposição. Pronto. A quantia de dinheiro estabelecida pelo lojista vai para o cadastro do visitante que, depois de juntar R$ 20, já pode transferir o dinheiro para sua conta bancária. “É como se fosse uma Nota Fiscal Paulista, mas o consumidor não tem de fazer a compra”, disse à Época NEGÓCIOS o idealizador do app, ex-Pactual, fundador da Plural Investimentos e diretor da corretora de valores Geração Futuro.

Segundo Eduardo Moreira, é uma forma de “democratizar”a propaganda, nem sempre vantajosa para pequenos empreendedores, que precisam de segmentação certeira. Ao mesmo tempo, incentiva a volta do cara a cara na hora das compras. “O varejo físico tem três variáveis: o fluxo, número de pessoas que entra na loja; o preço, valor pelo qual os produtos são vendidos; e a taxa de conversão das pessoas que entram contra as que compram. A primeira é uma dificuldade cada vez maior das lojas. Se você considera que o comércio eletrônico tem mais segurança, comodidade e facilidade de comparação de preços, o estímulo para as pessoas irem à rua está cada vez menor”, afirma o empresário. O PiggyPeg é justamente uma maneira de pagar pelo fluxo.

Durante um ano, 20 pessoas envolvidas no projeto, bancado pela Geração Futuro, trabalharam para colocá-lo em prática. Uma equipe jurídica se dedicou a questões legais. “Quando você dá dinheiro de pessoas física para jurídica, está falando de renda. E tem todas as implicações: fazer um informe de rendimentos para no final do ano, reporte à ReceitaFederal, tem de ter uma instituição que é o meio de pagamento” diz Eduardo. “Isso também me motivou a entrar no negócio, era uma barreira [jurídica] grande para outras pessoas entrarem nesse mercado. Não são pontos, é dinheiro mesmo.”

Nas primeiras duas semanas, o aplicativo conseguiu 17 mil cadastros. A ferramenta já tem mais de 100 lojas, entre elas Marisa, Poderoso Timão, Pet Center Marginal e Iódice. A expectativa é fechar 2015 com 300 mil usuários e mil lojas. O aplicativo está disponível para Android e IOS.