Ex-usuária de crack conta como saiu da estatística de mais de 1 milhão de consumidores no país

Aos 28 anos, Ivone Cabral é uma ex-usuária de crack. Ela começou a usar drogas aos seis anos, depois de fugir do abrigo onde vivia. “Comecei cheirando cola, mas experimentei todas as drogas”, conta. Há há nove meses sem fumar, ela desabafa: “o crack, para mim, era como um irmão, um amigo. Quanto mais eu […]

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Aos 28 anos, Ivone Cabral é uma ex-usuária de crack. Ela começou a usar drogas aos seis anos, depois de fugir do abrigo onde vivia. “Comecei cheirando cola, mas experimentei todas as drogas”, conta. Há há nove meses sem fumar, ela desabafa: “o crack, para mim, era como um irmão, um amigo. Quanto mais eu estava triste, mais fumava”.
Ivone teve 12 filhos, três morreram ainda pequenos. Um deles morreu enquanto era amamentado. “Ele engasgou com o leite e eu tava tão doida que não vi. Se não estivesse drogada, acho que teria conseguido salvá-lo”, disse.
Atualmente, Ivone trabalha no Projeto Giração, voltado para crianças e adolescente moradores de rua, vítimas de trabalho infantil ou vulnerabilidade social. Ela diz que não pensa no futuro. “Procuro viver um dia após o outro. E peço forças para nunca mais usar [drogas]”. Ivone toma remédio controlado para conter a ansiedade e a agressividade e cuida dos nove filhos. Todos moram com ela. “Não quero fazer com eles o que fizeram comigo. Me abandonaram.”
Durante os anos de dependência, ela fez parte das estatísticas que mostram que hoje existem mais de 1 milhão de usuários de crack no país. A maioria deles começou a usar a droga aos 13 anos. Em Brasília, a situação não é diferente.
Dados da Secretaria de Saúde do Distrito Federal apontam que entre jovens de 18 a 22 anos a prevalência é pelo uso de múltiplas drogas. À medida que a idade aumenta, o consumo de álcool cresce, sendo majoritário em pessoas acima de 70 anos.
“O álcool ainda é a grande droga”, disse o coordenador de Gerência de Saúde Mental do DF, Augusto César Farias. “Mas o crack é uma droga que aparece na faixa entre 18 e 47 anos e mata precocemente, não só pelo uso, mas também por causa da violência”, explicou ao participar de seminário sobre o assunto na Câmara dos Deputados.
Para a representante da Secretaria de Educação do DF Maraísa Lessa, é preciso uma ação integrada para combater o uso de crack e outras drogas. “Precisamos de novos caminhos para que nossos alunos tenham outras possibilidades na vida.”
O seminário foi organizado pela Comissão Especial de Políticas Públicas de Combate à Droga. Os parlamentares da comissão já ouviram diversos especialistas em vários estados. A meta é debater a prevenção, o tratamento, acolhimento dos dependentes químicos e a sua reinserção social, além de contribuir para a elaboração de propostas de políticas públicas de combate às drogas.

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