No início desta quarta-feira (4), o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, confirmou o falecimento de Yuri Rodrigues de Lima, de 9 anos. O óbito ocorreu cerca de 48 horas após o diagnóstico de um tumor cerebral. A notícia da morte do jovem atleta e estudante comoveu a comunidade.
Segundo Maxmillian da Silva Rodrigues, pai de Yuri, os sintomas começaram na segunda-feira (2), com dor de cabeça e vômito. O menino foi levado à UPA Coronel Antonino e, devido à piora do quadro, foi encaminhado ao HRMS. Lá, uma tomografia revelou o tumor cerebral em estágio avançado, sem possibilidade de tratamento para cura.
Diante do rápido e trágico desfecho, o Jornal Midiamax buscou esclarecimentos com o Dr. Marcelo dos Santos Souza, oncologista pediátrico responsável pelo CETOHI (Centro de Tratamento Onco Hematológico Infantil), para entender a situação e saber se a rapidez do agravamento é comum.
O Dr. Marcelo dos Santos Souza ressaltou que, embora a dor de cabeça em crianças seja comum, ela se torna “um sinal de alerta para algo relacionado a tumores cerebrais quando é persistente, com intensidade progressiva, e acompanhada de vômitos, especialmente aqueles que fazem a criança acordar durante a noite”.
Ele enfatizou que outros sinais, muitas vezes sutis e menos percebidos pela família, incluem “alteração na marcha (a criança pode tropeçar ou andar desequilibrada) e, em casos mais graves, convulsões, paralisia de algum nervo facial ou de membros”. Esses são indícios de que algo não está bem no sistema nervoso central.
O oncologista pediátrico explicou ainda que a principal diferença está na intensidade e frequência da dor. No caso de um tumor, “a dor pode começar leve e se intensificar gradualmente ao longo dos dias, tornando-se mais difícil de controlar com analgésicos comuns”.

Quando procurar um pronto-socorro?
A presença de dor de cabeça de forte intensidade, vômito e sonolência são sinais de alerta para a chamada hipertensão intracraniana, que é o aumento da pressão dentro do crânio. Essa condição exige avaliação médica imediata.
O Dr. Marcelo detalhou que, como o crânio não pode se expandir, o crescimento de algo em seu interior empurra as estruturas normais, podendo impedir a circulação do “líquido cefalorraquidiano”, que se acumula e causa a pressão. Isso pode gerar dor, visão dupla, tremores oculares e estrabismo, sendo uma condição grave.
Frequência do diagnóstico em crianças
O câncer em crianças é considerado uma doença rara, correspondendo a cerca de 5% do total de casos de câncer na população geral. Dentre os cânceres infantis, os tumores do sistema nervoso central (tumor cerebral) são a primeira causa de tumor sólido, perdendo apenas para as leucemias (câncer do sangue).
O Dr. Marcelo explica que, em Mato Grosso do Sul, a estimativa é de cerca de 150 casos de câncer em crianças e adolescentes por ano, e aproximadamente 20% desses são tumores cerebrais. No entanto, ele destaca a dificuldade de ter uma estatística precisa no Estado, pois muitos desses pacientes são inicialmente atendidos por neurocirurgiões na Santa Casa e nem sempre chegam ao serviço de oncologia pediátrica para acompanhamento.
Casos de evolução rápida
O Dr. Marcelo afirma que casos em que tudo acontece tão rapidamente, como o de Yuri, não são frequentes. Ele acredita que, na maioria das vezes, existem sintomas sutis que já vinham aparecendo há algum tempo, mas que não foram percebidos ou não foram levados em consideração.
“Eu nunca vi uma criança que estava bem, de repente teve uma crise convulsiva, fez a tomografia e era um tumor cerebral. Não vou te dizer que é impossível, mas é muito difícil a gente receber um paciente assim”, explica o médico.
Ele reforça a importância da atenção dos pais a qualquer alteração e a busca por socorro médico rápido. Quanto antes o diagnóstico for feito, maiores são as chances de cura.
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