Um garoto menor de idade passou um trote em um delivery de comida japonesa em Campo Grande (MS) esta semana. De acordo com o proprietário do local, o jovem fez um pedido e forneceu endereços falsos para a entrega, obrigando o motoboy a rodar a cidade sem a intenção de receber os produtos. A situação gerou revolta e prejuízos financeiros e emocionais para o estabelecimento, que está em pleno crescimento.
Dono do restaurante, Bruno Abreu, de 31 anos, relata que as operações de seu empreendimento foram prejudicadas pela brincadeira de mau gosto. “Recebemos um pedido grande, que mobilizou toda nossa equipe da cozinha até a entrega. O entregador chegou lá, não era o endereço certo e a pessoa ainda nos mandou para outro endereço, afirmando que era um equívoco. Chegando lá, ele confessou que era um trote”, resume.
Ao Jornal Midiamax, o empresário relata que o cliente pediu dois ovos de coxinha com sushi, um no valor de R$125,00 e outro de R$85,00, totalizando R$210,00, além da entrega por mais R$18,00. Ele então informou um endereço e disse que pagaria em dinheiro. “Quem vai receber é meu irmão, se ele estiver pelado não se incomode“, escreveu o cliente em conversa com o estabelecimento no WhatsApp.
Autor de trote mandou entregador para dois lugares à toa
Trinta e cinco minutos após efetuar o pedido, o jovem chegou a cobrar o restaurante pela “demora”e ainda repetiu a cobrança por mais duas vezes depois que o pedido saiu para entrega, como se estivesse ansioso para receber os itens.
Meia hora depois, a loja entrou em contato pedindo um ponto de referência, pois o entregador não estava conseguindo localizar o endereço, no Carandá Bosque. “Me responde, por favor. Temos que continuar a rota”, pediu o motoboy, que aguardou 20 minutos no local.
Depois de algum tempo, o falso cliente então forneceu outro endereço, no bairro Jardim dos Estados. “Foi mal, confundi com a casa dos meus pais”, justificou.
“Otários, tava zoando”: a confissão do falso cliente
Ao ser avisado que o entregador estava em deslocamento, ele então admitiu: “Otários, tava zoando. Peguei qualquer endereço, fica aí, trouxa. Eu sou de Minas Gerais, é um trote”, disse na mensagem. Embora afirme ser de outro Estado, o DDD do número de telefone usado é de Mato Grosso do Sul. “Eu hackeei o celular de um amigo que mora aí. Tenha uma péssima noite e pode comer o ovo”, disparou.
Sem acreditar, o restaurante então respondeu: “Moço, produzimos o que você pediu. O meu entregador saiu daqui, gastou gasolina e tempo para fazer essa entrega. Eu não sei o que passa pela tua cabeça para colocar uma equipe inteira para trabalhar sem receber no final. Não somos crianças, somos pessoas que arcam com despesas. Você não tem um pingo de respeito pelos trabalhadores”, lamentou o empreendedor.
O falso cliente, por sua vez, seguiu no deboche e retrucou: “Amei o texto pra mim, me senti representado”.
“Aqui se faz, aqui se paga”?
Ao olhar a foto de perfil do contato, que pode ser ilustrativa, e o teor da comunicação, a loja passou a acreditar que o autor do trote seria um menor de idade.
“Atrapalhou nossa operação, ficamos desfalcados sem esse motoboy. Triste, a gente vai no endereço, produz com todo amor e carinho, tenta chegar o mais rápido possível, pra pessoa achar engraçado. Mas aqui se faz, aqui se paga. Infelizmente ele plantou e vai colher”, comentou o proprietário Bruno Abreu ao informar os clientes sobre o motivo dos demais atrasos na mesma noite.
Empresário diz que comeu parte do pedido de tanta raiva
Após o transtorno, Bruno conta que ele e os funcionários dividiram um dos ovos de sushi e mandaram o outro de brinde para um cliente fiel à loja. “Ficamos com tanta raiva que comemos”, expõe. Apesar disso, o empresário não tomou nenhuma medida contra o responsável pelo trote e nem denunciou a situação às autoridades.
“Contratar um advogado é muito mais caro que o prejuízo que a gente teve, mas fica o alerta. Este episódio nos trouxe enormes perdas, não apenas financeiras, mas também emocionais. Empreender no Brasil já é um desafio diário e atitudes como essa, infelizmente, tornam essa jornada ainda mais difícil”, pontua o empresário.
Por fim, ele faz um apelo. “Por favor, monitorem o uso que seus filhos fazem do telefone e da internet. Trotes não são brincadeiras inofensivas. Eles impactam vidas, prejudicam trabalhadores, afetam famílias e colocam em risco o esforço de quem tenta construir algo com tanto sacrifício”, encerra.
O Jornal Midiamax entrou em contato com o suposto autor do trote através do número de telefone e confirmou que se tratava de um menor de idade. A reportagem então pediu para falar com os responsáveis pelo garoto, mas foi bloqueada logo em seguida. O espaço segue aberto para qualquer manifestação.
Seu estabelecimento foi vítima de trote? Saiba como proceder
- Primeiro, é importante bloquear o número do celular que fez o pedido falso para evitar novas solicitações fraudulentas.
- Lembre-se de arquivar todas as provas do trote, como o pedido feito, a conversa com o autor e número de telefone.
- Caso o trote envolva falsificação de dados ou prejuízos financeiros estratosféricos e danos psicológicos, a empresa pode denunciar o cliente na delegacia e entrar com um processo pedindo indenização.
Também é válido se prevenir para evitar golpes futuros. Confira algumas dicas:
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