“Tem vezes que a saudade vem como uma pancada, não consigo segurar as lágrimas.” Este é o relato de Kelly Ferreira, mas poderia ser de muitos outros campo-grandenses que perderam uma pessoa amada para a violência no trânsito na Capital. Para ela, o homem de sorriso fácil e apaixonado pela família está longe de ser apenas mais um número na estatística cruel que, dia após dia, inclui mais vítimas. Hudson é uma saudade vívida, e as lembranças são combustível para lutar por justiça, até agora, não alcançada.
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Cheio de sonhos, Hudson de Oliveira Ferreira foi atingido por um Porsche dirigido pelo empresário Arthur Navarro, na noite do dia 22 de março, enquanto trabalhava. O caso do motoentregador enfatiza um gargalo preocupante: a falta de prudência e consciência no trânsito contribuem diretamente no número de acidentes que vitimam, principalmente, o grupo mais vulnerável — os motociclistas. De 1º de janeiro a 11 de maio de 2024, Campo Grande registrou 25 acidentes com óbitos. Desses, 21 das vítimas pilotavam uma moto.
“As pessoas precisam ter mais atenção no trânsito. Enquanto isso não acontecer, pessoas continuarão morrendo. E a Justiça precisa fazer com que as pessoas paguem pelos crimes que cometem. Chega de demora para punir”, frisa Kelly.
Infelizmente, em 2025, o cenário é o mesmo. De 1º de janeiro a 11 de maio, a Capital já registrou 21 acidentes com óbitos; 19 das vítimas eram motociclistas.
‘Desacelere. Seu bem maior é a vida’
Este ano, a Campanha Maio Amarelo carrega o lema ‘Desacelere. Seu bem maior é a vida’. O foco principal é sensibilizar a população sobre a importância da prudência no trânsito, destacando que a pressa e a impaciência ao volante contribuem significativamente para o aumento de trânsitos. Durante o mês, a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) intensifica ações educativas, como palestras em empresas, instituições de ensino e grupos organizados. Também realizam abordagens em pontos estratégicos da cidade com motoristas, motociclistas e pedestres.
Conforme Ciro Vieira Ferreira, diretor de trânsito da Agetran, o objetivo é promover a reflexão: desacelerar salva vidas. “Ter mais calma no trânsito permite que os condutores estejam mais atentos à sinalização, reduzam riscos e tenham mais tempo de resposta diante de situações de perigo”, afirma.
Para ele, o tema dialoga com a realidade atual: muitas pessoas têm dirigido com pressa, o que compromete a segurança de todos no trânsito. A orientação é: atenção, empatia e paciência são atitudes que salvam vidas e impactam positivamente os índices de acidentes.
Motociclistas são as principais vítimas
Segundo Ciro, os motociclistas são, de fato, os mais vulneráveis no trânsito. A imprudência dos condutores, somada à alta exposição, aumenta os riscos. Por isso, investe-se continuamente em estudos de engenharia de tráfego, reordenamento viário, ampliação da fiscalização e implementação de tecnologias voltadas à segurança.
“Nosso trabalho é contínuo e visa não apenas a reeducação no trânsito, mas também a construção de uma cultura de respeito à vida. No entanto, reforçamos que a segurança viária é uma responsabilidade compartilhada: o comprometimento de cada cidadão é fundamental para reduzir sinistros”.
Acidentes influenciam lotação em hospitais
Os acidentes de trânsito afetam diretamente a lotação dos hospitais na Capital. Só na Santa Casa de Campo Grande, de janeiro a abril, 8.803 vítimas de acidentes de trânsito deram entrada no pronto-socorro. As colisões envolvendo motos e carros totalizaram 393 ocorrências, enquanto os acidentes entre duas motocicletas somaram 79 casos.
Conforme o médico emergencista da instituição Dr. Rodrigo Quadros, cada atendimento realizado representa não só um impacto importante para o paciente e seus familiares, mas também uma sobrecarga para o sistema de saúde.
“Acidentes graves podem resultar em morte, ou internações prolongadas, cirurgias complexas e até sequelas irreversíveis. Por isso, reforçamos a importância da conscientização de todos os envolvidos no trânsito, sejam motoristas, motociclistas, ciclistas ou pedestres. Todos os pacientes que atendemos e que podem conversar sempre falam que nunca imaginavam sofrer um acidente. Então, provavelmente, você também pensa assim, mas um dia pode ser a sua vez. A prevenção é a melhor forma de evitar tragédias. Pequenas mudanças de comportamento, como não dirigir sob efeito de álcool, respeitar os limites de velocidade e manter a distância segura dos demais veículos, podem salvar vidas”, reforça.
Acidentes envolvendo motociclistas
No mês da conscientização para redução de acidentes, Maio Amarelo, o trânsito de Campo Grande vitimou diversos motociclistas. Relembre alguns casos:
VÍDEO: Motociclista morre ao derrapar e ônibus passar por cima no Los Angeles em Campo Grande
Mulher morre e grávida perde o bebê em acidente no Tiradentes
Motociclista é arremessado na BR-163 após bater em carro e morre atropelado por caminhão
Motociclista bate em poste e morre na Duque de Caxias em Campo Grande
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