PMMA: entenda os riscos da substância de preenchimento que pode ser banida do Brasil
Há uma semana, uma mulher morreu após o de uso de PMMA em um procedimento de harmonização
Lethycia Anjos –
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É fato que, nos últimos anos, procedimentos estéticos como botox e harmonização facial ganharam popularidade e conquistaram o público brasileiro. Contudo, o uso de algumas substâncias, como o PMMA (polimetilmetacrilato), pode trazer problemas para a saúde e até levar à morte. Na última terça-feira (21), o CFM (Conselho Federal de Medicina) recomendou à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que o uso do PMMA seja banido do Brasil.
Em Mato Grosso do Sul, o CRM-MS (Conselho Regional de Medicina) se posicionou a favor da proibição do PMMA no Brasil. Em nota, o órgão reiterou a posição do CFM e destacou que a proibição do polimetilmetacrilato como substância preenchedora é essencial para proteger a saúde pública e prevenir os danos decorrentes do uso desse produto em procedimentos estéticos.
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Para o presidente do CRM/MS, Carlos Idelmar de Campos Barbosa, o uso do PMMA para fins estéticos representa um problema de saúde pública, especialmente devido à aplicação em volumes excessivos e por profissionais não habilitados.
“Essa medida visa assegurar a segurança dos pacientes e minimizar os riscos associados ao uso inadequado dessa substância, conforme demonstrado por estudos científicos e relatos de complicações graves”, afirmou.
O que é o PMMA?
O polimetilmetacrilato é em um componente plástico amplamente utilizado pela indústria da saúde na fabricação de lentes corretivas, aplicações odontológicas, lipodistrofia em pessoas com HIV e procedimentos ortopédicos. Apesar de suas aplicações legítimas, o uso da substância em procedimentos estéticos, como preenchimentos, traz inúmeros riscos.
Assim, o CFM solicitou a suspensão imediata da produção e da comercialização de preenchedores à base do produto no Brasil. Na forma injetável, o PMMA pode causar infecções, reações inflamatórias, edemas, necroses e até insuficiência renal aguda e crônica, que podem levar a óbito.
“Trata-se de um produto de difícil remoção e, quase sempre, com sequelas graves e mutiladoras ao paciente”, diz a nota do Conselho Federal.
Segundo o CRM-MS, há inúmeros casos em que o produto está associado a complicações graves como reações inflamatórias, formação de granulomas e problemas renais.
“Existem alternativas mais seguras no mercado, como o ácido hialurônico. Ele oferece menor risco de reações adversas”, explicou Barbosa.
Mortes pelo uso de PMMA acendem alerta em todo país
Em 2024, a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) divulgou um alerta sobre os riscos do uso de PMMA em procedimentos estéticos. No alerta, a entidade destacou que o uso dessa substância deve ocorrer apenas com indicação médica e exclusivamente por profissionais capacitados, devido ao potencial de causar resultados imprevisíveis e complicações graves.
O alerta, emitido em junho, veio após a morte da influenciadora e modelo brasiliense Aline Maria Ferreira, de 33 anos. Ela faleceu ao realizar um procedimento para aumento dos glúteos com a aplicação de PMMA em uma clínica de Goiânia.
A morte de Aline reacendeu a discussão sobre a segurança desses procedimentos, especialmente porque episódios semelhantes já ocorreram no país. Em 2023, a modelo e jornalista Lygia Fazio, de 40 anos, morreu em São Paulo. A modelo teve consequências de uma cirurgia em que houve a utilização de silicone industrial e PMMA, também para aumento dos glúteos.
O caso mais recente envolvendo o uso de PMMA ocorreu em 13 de janeiro deste ano, com a morte de Adriana Barros, de 46 anos. O óbito ocorreu poucas horas após Adriana realizar uma “harmonização de bumbum” – procedimento estético que promete aumento de volume, além de redução de flacidez e celulite. Segundo familiares, ela reclamou de dores intensas logo após sair da clínica onde realizou o procedimento, em Recife (PE).
Uso do PMMA por profissionais não capacitados dificulta fiscalização
Embora haja riscos, o produto é frequentemente utilizado por profissionais não capacitados. No Brasil, dos 3.532 cursos de estética registrados no Sistema de Regulação do Ensino Superior do MEC (Ministério da Educação), 98% não exigem formação em medicina. Apesar disso, muitos desses cursos oferecem aulas que ensinam técnicas invasivas e de risco. Entre elas estão aplicações de fenol e PMMA.
Os dados do CFM revelam ainda que os cursos de estética disponibilizam mais de 1,4 milhão de vagas, das quais 81% estão vinculadas ao ensino a distância.
“A proliferação de cursos de estética para não médicos e a prática frequente do crime de exercício ilegal da medicina motivaram a aprovação de um pacto em favor da segurança do paciente e em defesa do ato médico”, informou o CFM, à época.
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