A Padaria da Liberdade, projeto encabeçado e fomentado pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), já doou mais de 1 milhão de pães produzidos no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira. Detentos da unidade, literalmente, põem a mão na massa desde 2021, e parte dos alimentos é destinada a instituições beneficentes da Capital.
Sérgio Augusto Leite Serafim está preso há 6 anos e é um dos participantes desta ação. Na cadeia, ele concluiu a faculdade de Administração e agora, já em regime semiaberto, trabalha na padaria. Por lá, a rotina diária de Sérgio e seus companheiros de cela é: acordar às 4h para começar o trabalho às 5h.
“Para mim, é uma novidade, é muito bom. Lá tem muito aprendizado, fazer o pão do zero. Eu não sabia nem quais ingredientes iam na receita. Pegar um saco de trigo e transformar em pão é maravilhoso e muito gratificante”, relata Sérgio. A cada ano de trabalho como padeiro, ele ganha 4 meses de remissão da pena.
Solidariedade e ressocialização
A padaria produz 6 mil pães por dia, vendidos para as empresas terceirizadas que fornecem alimentação aos presos. Desse total, 1.500 pães são doados a instituições que atendem populações vulneráveis da cidade. A venda de parte dos pães garante o pagamento de um salário mínimo aos detentos que trabalham na padaria; além disso, eles recebem qualificação profissional pelo Senac.
Para Albino Coimbra, juiz do TJMS e idealizador do projeto, o modelo permite que o preso exerça uma atividade profissional, contribuindo tanto para sua ressocialização quanto para a sociedade. “O trabalho é sempre muito importante para a ressocialização e especialmente este, porque tem a doação desses alimentos. Tem um significado diferente para os presos, eles se tornam protagonistas da sua própria ressocialização, porque fazem um trabalho de extrema relevância social”.
De 2021 para cá, a Padaria da Liberdade doou 32 toneladas de pães para 112 instituições da Capital. A escolha dessas entidades é feita por meio do programa Mesa Brasil, da Fecomércio. “Temos muitas instituições cadastradas e cerca de 30 recebem diariamente os alimentos. Algumas trabalham com crianças, com idosos, pessoas em recuperação por problemas com entorpecentes, além das creches de Campo Grande. É um projeto muito amplo”, explica Edison Ferreira de Araújo, presidente da Fecomércio.
Detentos trabalhadores
Nem todos os presos na Gameleira trabalham na padaria, já que é necessário fazer uma seleção entre os internos. “Nós temos várias atividades e uma delas é a Padaria da Liberdade. Para trabalhar lá, o interno passa por uma série de filtragens: o crime, a pena, o comportamento e as habilidades que ele já tem”, diz Ricardo Teixeira de Brito, diretor do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira.
O juiz Albino Coimbra explica que é necessário que os detentos estejam em regime semiaberto e não podem ter problemas disciplinares. “Primeiro, eles são observados com rigor e somente aqueles que produzem o esperado passam a trabalhar de forma definitiva. A ideia é fazer com que os presos sejam mais úteis à sociedade. Chegamos a 1 milhão de pães utilizando essa mão de obra e os recursos deles, porque foi o desconto do salário dos apenados que possibilitou a construção da padaria”.
O financiamento inicial para a compra do maquinário da Padaria da Liberdade veio de um desconto de 10% nos salários dos detentos que trabalham no local. “Chegar a 1 milhão de pães deixa a gente muito feliz, a gente trabalha, ainda ganha um salário, aprende e ajuda muita gente. É uma maravilha. Ficamos muito emocionados”, conta Sérgio Augusto Leite Serafim.

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