Malária: doença que vitimou missionária infectou três sul-mato-grossenses em 2024
A doença transmitida pelo mosquito-prego ganhou destaque após a morte da missionária Lucinéia Santos em Angola, no continente africano
Lethycia Anjos –
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Transmitida pelo mosquito-prego, a malária é uma doença infecciosa, febril, aguda e potencialmente grave, que pode, inclusive, levar à morte. A doença voltou a ganhar destaque após a morte de uma missionária sul-mato-grossense na África. Em Mato Grosso do Sul, três pessoas contraíram a doença no ano passado.
Embora a maioria dos casos de malária no Brasil ocorra em estados da região amazônica, dados do Ministério da Saúde revelam que, entre 2020 e 2025, Mato Grosso do Sul registrou 18 casos da doença.
O pico de incidência ocorreu em 2021, quando o Estado contabilizou 7 casos, um caso a mais que o registrado em 2020 (6 casos). Nos anos seguintes foram 1 caso em 2022, 1 caso em 2023 e 3 casos em 2024.
Em toda a série histórica, iniciada em 2012, Mato Grosso do Sul contabilizou 86 casos de malária, incluindo dois casos em gestantes.
O que é a Malária?
A malária é causada por parasitas do gênero Plasmodium, transmitido ao ser humano pela picada de mosquitos do gênero Anopheles infectados, também conhecido como mosquito-prego.
No entanto, a transmissão pode ocorrer por meio do compartilhamento de seringas contaminadas, transfusões de sangue e, em casos mais raros, da mãe para o feto durante a gravidez. No ano passado, o Brasil registrou 139.417 casos de Malária; sendo 1.656 identificados em gestantes.
Em todo o Brasil há três espécies de parasitas Plasmodium que afetam humanos: P. falciparum, P. vivax e P. malariae. O mais agressivo, P. falciparum, multiplica-se rapidamente na corrente sanguínea, destruindo de 2% a 25% do total de hemácias (glóbulos vermelhos). Além disso, pode provocar um quadro de anemia grave, além de pequenos coágulos que podem gerar problemas como tromboses e embolias em diversos órgãos do corpo.
Transmissão e sintomas
Após a picada do mosquito transmissor, o parasita permanece incubado no corpo do indivíduo infectado por pelo menos uma semana. A seguir, surge um quadro clínico variável, que inclui calafrios, febre alta, sudorese e dor de cabeça. Podem ocorrer também dor muscular, taquicardia, aumento do baço e, por vezes, delírios.
No caso de infecção pelo protozoário P. falciparum, existe uma chance de se desenvolver a chamada ‘malária cerebral’ responsável por cerca de 80% das mortes. Segundo a Fiocruz, na malária cerebral, além da febre, pode ocorrer dor de cabeça, ligeira rigidez na nuca, perturbações sensoriais, desorientação, sonolência ou excitação, convulsões e vômitos.
Quando o agente causador da malária é da espécie P. vivax, os sintomas incluem mal-estar, calafrios, febre inicialmente diária, seguida de suor intenso e prostração. O quadro clínico da infecção por P. malariae é bem semelhante, mas geralmente com febre mais baixa que se repete a cada três dias.
A recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) é que o diagnóstico dos pacientes com suspeita de malária se dê por meio de exames parasitológicos por microscopia ou de testes rápidos de diagnósticos. Ainda conforme a Fiocruz, a principal causa de morte por malária é o diagnóstico tardio e a falta de profissionais familiarizados com o quadro da doença fora da região endêmica.
Morte de missionária reacendeu debate sobre a doença
A missionária Lucinéia Santos, de 31 anos, morreu na manhã deste domingo (19), por complicações de malária, em Angola, no sul da África. Lucinéia era da cidade de Chapadão do Sul, no interior de MS, mas contraiu a doença no país africano.
Conforme as informações, a missionária passou por hemodiálise e, durante uma segunda sessão do mesmo procedimento, acabou sofrendo uma parada cardiorrespiratória e não resistiu. Lucinéia estava no continente africano acompanhando o trabalho evangelizador e de ajuda humanitária, de acordo com o portal Jovem Sul News.
Em respeito à história da missionária, a prefeitura de Chapadão do Sul declarou luto oficial de três dias e prestou solidariedade à família e a todos que conviveram com a missão de vida da missionária Lucinéia Santos.
“Nascida em Chapadão do Sul, Lucinéia foi um grande exemplo de fé, dedicação e amor ao próximo, deixando um legado de generosidade e serviço à comunidade.
Neste momento de dor, expressamos nossos sentimentos à família e amigos, pedindo a Deus que conforte os corações de todos.
Chapadão do Sul se despede de uma mulher que fez a diferença em nossa cidade. Que será eternamente lembrada por sua trajetória de fé e trabalho em prol do próximo”.
Há como prevenir?
Os métodos de prevenção da malária envolvem o controle e a eliminação do transmissor, podendo ser implementados por meio de medidas individuais e coletivas. Entre as recomendações está o uso de mosqueteiros, aplicação de inseticidas, utilização de roupas que cobrem pernas e braços, instalação de telas em portas e janelas e o uso de repelentes.
As medidas coletivas incluem ações como drenagem de coletas de água, obras de saneamento para eliminação dos criadouros do vetor, aterramento de áreas alagadas, limpeza das margens de criadouros, modificação do fluxo de água, controle da vegetação aquática. Além disso, iniciativas para melhorar a qualidade das moradias e condições de trabalho, bem como o uso racional da terra.
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