Mais de um mês depois das tempestades que causaram estragos na Chácara dos Poderes, imagens aéreas mostram que as vias seguem cheias de crateras. Moradores alegam que a obra de drenagem é insuficiente e que canais irregulares mudam o curso da água, agravando a situação. O clima é de pessimismo, ao aguardo dos estragos da próxima chuva forte.
A principal queixa é referente à estrada NE-2, que está intransitável desde abril. “Sempre que chove, as águas pluviais que escorrem dos bairros vizinhos descem pela rua principal, causando erosões e destruindo o acesso à região. Estamos sem conseguir entrar na nossa própria chácara devido à condição intransitável da estrada”, explica o aposentado José Antônio Oliveira, de 70 anos, morador da região.
Obra de drenagem

A água que desce pelas estradas da Chácara dos Poderes vêm desde o Jardim Noroeste. A Prefeitura de Campo Grande já realizou obras de drenagem na região, mas o problema persiste. Inclusive, as chuvas de abril destruíram parte do sistema de drenagem.
A administração municipal voltou a fazer intervenções na drenagem do local recentemente, mas os moradores veem a obra com desconfiança. “Infelizmente, as intervenções feitas até o momento agravaram ainda mais o problema. Foi implantada uma rede de drenagem com tubulação cujo diâmetro é claramente insuficiente para comportar o volume de água das chuvas”, afirma José Antônio.
Outro morador, que preferiu não se identificar, também acredita que os reparos são insuficientes. “Fizeram uma rede de drenagem que já está toda entupida, onde fizeram a contenção de água já não existe mais”, reclama. Ele relata que o piscinão do Noroeste, que deveria conter a água, está assoreado.
Canal irregular

Moysés Caveski, aposentado de 62 anos, perdeu os dois muros de casa por conta de forte enxurrada no mês de março. Ele afirma que a água passou de 1,40 metro na estrada NE-2, naquele dia. “Meu prejuízo ficou em torno de R$ 120 mil, mas sorte foi que o muro freou um pouco a água. Se não, teria levado até a casa do vizinho e não teria como fugir”.
O morador acredita que um vizinho construiu um canal irregular para desviar a água pluvial da NE-3 para a NE-2, o que multiplicou o volume de água na via. “Esse canal desviou o curso natural das águas. A justificativa do meu vizinho é que ele estava protegendo a propriedade dele, mas não pensou na minha”, lamenta Moysés. O canal evitaria que a enxurrada atingisse propriedades da NE-3.
A reportagem procurou o morador que teria construído o desvio irregular. Ele reconheceu a situação e negou ser o responsável pela obra clandestina. “Essa água vem toda do Noroeste para a Chácara dos Poderes por conta da obra malfeita que está acontecendo no Noroeste. A valeta foi feita por terceiro, não fui eu quem mandou fazer”, defendeu-se.
Moysés Caveski afirma que notificou a Prefeitura sobre esta situação, mas não houve retorno.
O que diz a Sisep
O Jornal Midiamax solicitou esclarecimentos à Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos).
Em nota, a pasta informou que já concluiu o sistema de drenagem na Rua Urupês. Também, que a situação que os moradores relatam é do extravasor, que não recebe toda a água da chuva que chega àquela região.
“O projeto em execução no Jardim Noroeste compreende também a obra de uma bacia de amortecimento, na divisa com a Chácara dos Poderes. A bacia, também chamada de “piscinão”, tem como função reter a água da chuva e controlar a vazão para o sistema de drenagem, impedindo, assim, que a água da chuva desça para a parte baixa com pressão e velocidade, o que pode contribuir para provocar alagamentos e erosões”, diz ainda a nota.
Por fim, sobre o canal que um morador construiu, a Secretaria ressalta que a obra foi feita em propriedade particular.
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