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Cotidiano

‘Love bombing’: músico manipulava namoradas com noivado rápido e declarações exageradas de amor

O músico Caio Nascimento, de 40 anos, foi preso em flagrante por assassinar a jornalista Vanessa Ricarte, nessa quarta-feira (12)
Graziela Rezende - Publicado em
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(Montagem/Jornal Midiamax)

A cobertura do Midiamax ocorria, na manhã desta quinta-feira (13), em Campo Grande, quando relatos começaram a chegar na redação. Do uso de drogas ao talento para a música. Dos antecedentes criminais aos casos de violência doméstica. E, entre as vítimas, uma coincidência: todas tiveram a fase do “bombardeio do amor” com Caio.

Desta forma, o músico as manipulava emocionalmente, exagerava nas declarações de amor e demonstração de afeto. E o que começou nesta “violência não física” logo se tornou um pesadelo. O pior de todos. Nessa quarta-feira (12), Vanessa Ricarte, de 42 anos, foi brutalmente assassinada por ele.

Uma das vítimas topou falar com a reportagem, porém, disse que precisaria primeiro da permissão do seu advogado, já que possui um processo contra Caio em andamento. No entanto, já no início da ligação, comentou que o “modus operandi” dele é sempre o mesmo, de manipular emocionalmente as mulheres com quem se envolvia.

Neste caso, ambos se conheceram durante um acampamento da igreja. “Eu conheci essa ex-namorada dele, que servia na igreja. Eu estava participando também. Servia na cozinha com um casal, a psicóloga e o marido dela estavam lá. E o Caio estava servindo na música. Foi aí que ocorreu algo estranho. Acabou o retiro. Uma semana, 15 dias depois, essa mulher deixou o marido para ficar com ele. E ficou uma melação, uma postação de foto, declarações sem parar. Deixou todo mundo chocado, porque ela era casada”, ressaltou.

Psicóloga acredita que “caso não foi de uma hora pra outra”

A psicóloga Wanessa Myria Fernandes Chavange, de 48 anos, lamentou a morte da Vanessa e fez um alerta para as mulheres.

“Nós vemos coisas acontecendo neste sentido porque muitas mulheres vão tolerando o comportamento de um homem agressor, de um homem doente, narcisista, controlador, de um homem manipulador, então, a questão não é só deste homem. Nós precisamos entender o que acontece conosco, por que nós, mulheres, permitimos que isto aconteça conosco”, disse.

Em contrapartida, conforme a psicóloga, também vemos alguns casos de homens agredidos, manipulados, mas, o que acontece em geral, é a tolerância a este tipo de comportamento.

“Este caso não foi de uma hora para outra, provavelmente, isso já vinha acontecendo por algum tempo e até a pessoa falar isso para alguém ou expor esta questão, a pessoa fica muito envergonhada, com medo, porque já é constantemente ameaçada. O ambiente também já é pesado, perigoso, então, a mulher fica com medo mesmo, de denunciar. Ela só denuncia quando está apanhando ou quando acontece ameaças mais graves”, argumentou.

Conforme Wanessa, fica o alerta para as mulheres. “Se você percebeu alguma coisa na sua vida, que você permite que as pessoas abusem de você, se aproveitem de você, tirem sarro de você, te humilhem de alguma forma na frente de alguém ou em casa mesmo, te diminuindo, tirando de você a sua individualidade, então, são pequenas ações que precisam ser observadas. E quando não estamos fortalecidos no nosso interior nós não conseguimos nos defender disto. Por exemplo, um pedófilo abusador jamais vai chegar perto de uma criança protegida pelos pais. O abusador é um caçador. Ele olha a caça e, quando ela está longe da sua família, da sua proteção, ela se torna uma presa fácil. Agora, quando se tem pais protetores, o abusador não chega. E o mesmo acontece com os homens manipuladores, agressivos, porque ele quer soltar esta agressividade em alguém. Ele quer poder humilhar, diminuir, bater e até matar essa mulher, é algo que está dentro dele. Não tem essa de surtar, então ele vai achar, do mesmo modo, esta vítima, então, ela, como permite que isso acontece na vida dela e nem sabe, eles se unem. Isso é um ímã, praticamente um ímã, eles se encontram na vida. Nós mulheres precisamos estar atentas aos sinais que a sua própria vida dá, que você solta ao mundo. Você é vítima, sim. Isso acontece lá na infância, acontece em algum momento da sua história isso aconteceu e você permitiu que os abusadores cheguem até você. E infelizmente a Vanessa faleceu, foi vítima desse feminicídio, mais uma mulher, nova, 42 anos, linda, inteligente, e a gente lamenta muito pela morte dela”, encerrou.

Confira a cobertura do Midiamax sobre o caso:

Noivo prometeu ‘se curar’ na igreja: delegada faz alerta contra disfarces que agressores costumam usar

‘Importante trabalho no jornalismo’: Câmara de Vereadores de Campo Grande lamenta feminicídio de Vanessa

‘Roubava e sempre batia em mulheres’: colegas de profissão repudiam músico após morte de jornalista em MS

Noivo que matou jornalista tinha 11 registros de violência doméstica e ex foi parar em hospital

Brilhante e independente: amigos repudiam feminicídio de jornalista em Campo Grande

Antes de matar jornalista a facadas, noivo divulgou fotos e a ameaçou em Campo Grande

Músico que matou jornalista também tem passagens por extorsão e ameaçou matar a própria mãe

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