De banheiros a tendas: feiras temem fim por falta de estrutura em Campo Grande

Organizadores relatam que estão arcando com custos das estruturas

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Feira Borogodó (Foto Nathalia Alcântara, Midiamax)
Feira Borogodó (Foto Nathalia Alcântara, Midiamax)

Nos últimos três anos, feiras culturais caíram no gosto do campo-grandense em todo o fim de semana. As exposições ao ar livre com barracas gastronômicas e de artesanato cravam lugar nas agendas, inclusive, com edições confirmadas para fevereiro.

Contudo, as organizações levantam a reclamação sobre a falta de apoio financeiro e estrutural para uma feira acontecer.

Uma das gigantes que ocupam os gramados da Praça do Preto Velho, no Jardim Paulista, é a Feira Ziriguidum, que chega a atrair cerca de três mil pessoas. Luana Peralta, da produção, adianta que a próxima edição, prevista para 1° de fevereiro, deve acontecer com redução de estrutura, pois não houve apoio e recursos da Prefeitura de Campo Grande.

“Sempre foi uma luta para conseguir (estrutura); às vezes conseguimos tudo, outras só banheiros, mas a negativa de tudo foi agora para janeiro, fevereiro e sem previsão. Sem a Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo) estamos de mãos atadas, e a resposta é que só voltará a apoiar com estrutura quando for criada a fundação, que ninguém sabe quando vai acontecer”, desabafa.

Além dos pedidos de banheiros químicos, as feiras necessitam de tendas, gerador de energia, som e atração musical. Entretanto, nos últimos dois meses os custos para a estrutura têm sido arcados pelos próprios organizadores.

“Pedimos o mínimo para conseguir manter a feira, que acontece uma vez por mês apenas”. Luana conta que a futura edição acontecerá com a arrecadação da taxa paga pelos expositores, mas com redução de custos. “Por exemplo, a Feira Ziriguidum utiliza sete banheiros, temos que reduzir para dois. Nisso, para não cancelar e prejudicar nós produtoras e principalmente os expositores que dependem das feiras para sobrevivência”.

Produtoras no vermelho

Outra feira que está atuando de forma independente é a Borogodó, que segue para a 8ª edição. Entretanto, a organização conseguirá fazer a feira com limite de gastos.

A produtora Jenny Benitez diz que o projeto auxilia na renda de 350 famílias de expositores, mas caso a falta de apoio para estrutura persista, tende a ser o último ano de feira.

“A Feira Borogodó com apoio mínimo de estruturas por parte do poder público ou até mesmo por representantes políticos. Como um dos objetivos principais das feiras culturais e de economia criativa é fomentar a cultura, a economia local e proporcionar um espaço de lazer e bem-estar para toda população de forma gratuita. Deveria ser do interesse do poder público apoiar esses eventos consolidados, pois com o apoio mínimo de estrutura, como banheiros, palco, gerador, nós, como poder privado, conseguimos proporcionar toda essa geração de renda para artesãos(ãs) ou empreendedores(as) locais, incentivo à cultura e ocupação correta dos espaços públicos com um investimento muito menor se caso a própria prefeitura administrasse ações similares”.

Estrutura de uma feira

O morador que frequenta tem a ideia do que é necessário para uma feira cultural acontecer? Jenny explica que há uma série de solicitações necessárias, desde a limpeza ao trânsito.

A superintendência de economia criativa da Feira Borogodó detalha que solicitam ao poder público a estrutura, como palco, banheiro e gerador, para a Sectur, Segov (Secretaria de Estado de Governo e Gestão Estratégica) e Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura).

“Além de pedir através da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) que a Solurb faça a limpeza da praça antes e depois, que forneça caçambas de lixo. A Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) fornece o espaço e Guarda Civil Metropolitana fornece apoio em segurança. Também tem a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito)”.

Atrações culturais

Jenny ainda explica que a Fundação da Cultura disponibiliza verbas para atrações culturais, como cantores ou teatro. Na edição de dezembro, houve autorização para extrato de R$ 8 mil para o “Teatro do Mundo – Chapeuzinho Vermelho com a Turma do Bolonhesa”.

“Com as conversas que realizamos com a superintendência de economia criativa, eles (Fundação) entenderam a necessidade desse apoio para continuarmos com esse projeto das feiras culturais até pelo impacto econômico e social que é realizado através das feiras. Agora, estão realizando o levantamento dos criativos de todo Estado, inclusive de outros segmentos, para estudar a melhor forma de apoio. A princípio foi nos informado que seria em forma de editais”.

“Ano passado conseguimos apenas uma atração pela fundação. Porém, para termos essa atração, temos que ter essa estrutura mínima que seria gerador, palco, tenda e som, por exemplo, que é solicitada para a prefeitura”.

O que diz a prefeitura

Em nota, a Secretaria Executiva de Cultura informa que “sempre apoiou iniciativas culturais por meio da cessão de espaços sob sua responsabilidade, como o Bosque da Paz, a Praça da Bolívia, a Praça do Peixe, a Praça do Rádio, entre outros”. Segundo o município, esse apoio continuará sendo oferecido de forma contínua.

“Quanto aos pedidos de estrutura, os organizadores devem formalizá-los por meio de ofício direcionado à Prefeitura, procedimento padrão que sempre foi adotado e atendido prontamente”.

Fundação de Cultura

A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul informou que, de modo geral, não possui a prática de oferecer diretamente os serviços ou recursos para a realização de feiras, uma vez que tais eventos costumam ocorrer em praças públicas sob a administração da Prefeitura Municipal de Campo Grande.

“No entanto, é importante destacar que, quando solicitados formalmente pelos organizadores desses eventos, a Fundação tem demonstrado sensibilidade e disponibilidade para atender a tais demandas, dentro das possibilidades e competências institucionais. Essa postura reflete o compromisso da instituição em apoiar iniciativas culturais e comunitárias, sempre em consonância com as diretrizes e os recursos disponíveis”.

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